CAPÍTULO 35

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Bonus MELANIE

Quando eu olhei para aquela mulher e aquele menino, minha cabeça deu um giro de 360 graus e uma dor latente me fez perder os sentidos.
Desde que abri os olhos o único incomodo e minha maior angústia era nao me lembrar daquele homem lindo que insistia em continuar ao meu lado.
O resto era simplesmente resto, bem do tipo foda-se o porque do acidente, foda-se quem causou, eu so queria coisas boas e elas vieram.
Eu tinha minha mãe do meu lado e agora Diogo que fazia muito bem a ela, tinha Rodrigo que era meu galego e meu Singer CAT forever e tinha minha linda e bela filha Ana Sophia.
De amor nada faltava.
Estava morando em um local agitado , porem sem a fúria de Sao Paulo.
Só que ate mesmo no paraíso pode acontecer uma guerra.
Rodrigo e Ana estavam conversando e de longe eu observava-os e mais ao longe, observei o garoto no portão.
Imaginei que o garoto pudesse estar com fome e conhecedora da situação sai correndo para que ele nao passasse vontade, porem ele se escondeu.
Na minha cabeça ele parecia com alguém, mas nao sabia quem e então, ele apontou novamente a cabeça e assim consegui ser mais rápida do que ele, porem ao vê-lo abraçado com Mari minha irmã, as feições dele pareceu com meu ex arqui-inimigo e um clarão dominou minha mente.
Nao sei explicar cientificamente o que aconteceu, apenas as imagens que vieram em minha mente.

"----Mari me ligou filha, disse estar arrependida."

"-----Eu menti Lanie, foi culpa minha minha que papai morreu.
Seu grito de dor me fere a alma."

A frase que a culpafoi dela me sufocou.
Como minha irmã poderia ser culpada de algo tao fudido como a morte do próprio pai?

Minhas pálpebras vão se abrindo aos poucos e escuto o suspiro de alivio de Rodrigo.
A sapeca que ainda existe em mim, faz uma careta assim que ele aparece em meu campo de visão.
-----Quem e você?
Sua boca se abre em um O gigante e ele esta tremendo.
------É uma brincadeira idiota amor, voce e simplesmente o amor da vida .
Rodrigo sai da minha vista novamente e minha mae esta do meu lado.
-----O que aconteceu?
-----A lembrança do acidente aconteceu mãe.
------Voce lembrou tudo?
-----Sinceramente espero nao ter mais nada para lembrar. Cadê a Mari?
-----Esta na sala com Pedrinho.
Arqueio a sombrancelha sem entender.
-----Seu sobrinho. O garoto que chamou sua atenção.
-----E Ana?
Pergunto mudando de assunto?
-----Com eles, ao que Ana disse, os dois se conhecem da escola, aí como ela NAO tinha convite no momento, anotou o endereço em um papel e disse que ele tinha que vir ao aniversário.

Um misto de sentimentos me invade e estou chorando.
-----Deixa eu um pouco sozinha mãe, nao quero ter nenhuma atitude ou pensamento idiota nesse momento.

Minha mae me olhou por alguns momentos e saiu.
Rodrigo ainda nao voltou e sei que mexi em uma ferida que ainda nao cicatrizou, por isso nao tenho raiva dele.
Minha mente gira, gira e nao vai a lugar algum e então, nao sei se passou 10 minutos, meia hora ou 12 horas, simplesmente nao faz a diferença.
Escuto dois toques na porta e Rodrigo aponta a cabeça.
-----Desculpa te deixar sozinha e que.
Silencio seus lábios com dois dedos.
-----Eu fiz uma brincadeira idiota. Eu que peço desculpas. Apenas nao silenciei a moleca que ainda habita em mim de vez em quando.
Ele sorri, mas em seguida fica sério.
-----Nao vou enrolar e nao vou mentir. Apenas você Sabia o que rolou no acidente então, cabe a voce decidir conversar com sua irmã ou não.
Se realmente ela é culpada, tem alguma razão, sem justificativa mas deve ter e outra, pelos cinquenta tons de roxos e verdes que vi em seu rosto no dia do acidente, o que quer que ela tenha feito, ja pagou. Porque o tempo passa, mas a consciência nao apaga e te prega peças.
Ainda hoje eu penso que deveria ter inventado uma dor terrível que fizesse meu pai nao ir trabalhar, entretanto as duras penas entendi que tudo na vida tem seu fim e tem seu preço a pagar também.
-----Chama ela pra mim Galego, resolva a cada dia seus problemas.
Ele pisca para mim e volta a sair.
Em relação a última vez que vi minha irmã na clínica, ela está bem mais cheiinha e seus olhos um.brilho diferente, é um brilho que so as mães tem.
Ela entra no quarto receosa então chamo-a para sentar mais perto.
-----ME sinto em um confessionário.
Mari sorri sem graça e é perceptível seu nervosismo.
-----Bem, nao sou padre , mas gostaria de ouvir do começo.
E ela conta, os dias que ela era filha unica e o papai levava ela no parquinho e deixava que ela escolhesse duas bolas de sorvete , que com certeza era um marco épico em sua vida e o dia que tudo isso acabou, com lagrimas nos olhos, que foi quando eu cheguei em casa a primeira vez e ela estava escondida com vergonha debaixo da cama.
Ela tinha medo de me pegar, por isso enquanto mamae cochilava ou ia fazer algo ela ficava sondando eu que mais parecia uma boneca do que um bebê.
Mari contou seus problemas na adolescência e como se envolveu com o Panelinha.
Escuta- la narrando sobre o Panelinha, me dava vontade de eu mesma sentar vários socos e panos molhados naquele filho da puta, bem na verdade nao posso xingar a mae dele, pois nao conheço.
-----Eu nao desejava o mal que causei a nossa familia, eu so queria fazer parte da nossa família.
Eu queria em um primeiro momento xingar, bater e expulsá-los da minha casa, so que tudo que ela sofreu, com certeza ja pagou pelos pecados que ela cometeu em tres vidas.
-----E como voce recebeu a gravidez?
-----Eu tinha medo dele me achar Lanie, então pedi para sair de lá, mas como ainda estava em tratamento eles deram um jeito de me transferir. Eu, em muitos anos me senti alguém e completa. Apenas o dia que escutei seu chorinho e segurei ele em meus braços e ele colocou suas pequenas mãos em meu rosto, eu descobri que viver valeria a pena, eu voltei a sonhar, eu abri os olhos e percebi que meus problemas nao eram os maiores do mundo e valeria a pena passar tudo novamente para dar a vida ao meu filho.
-----Eu compreendo Mari, me desculpa por nunca ter percebido.
-----Lanie, Lanie voce sempre querendo agarrar o mundo com as mãos, eu que te peço perdão, por indiretamente ter roubado sua adolescência, tirado nosso pai da gente e abandonado depois, simplesmente foi impossível continuar com aquele segredo engasgado na garganta.
-----Voce fez bem, agora pode voar passarinho.
Mari sorriu um sorriso de menina.
-----É_ ___Mari pausa aparentando nervosismo novamente. -----Ele quer te conhecer.
Eu acabei de descobrir um sobrinho e tenho medo de conhecê-lo, mas se eu nao der uma chance, estarei negando muita coisa inclusive meus princípios.
-----Pode chamar.
Sento na cama e agora eu estou nervosa.
O Pedro, Pedrinho, entra no quarto com as duas mãos cheias de uma bandeja.
------O tio Rodrigo pediu para trazer. Ele disse que se eu queria ser seu amigo, tinha que trazer comida.
Fiz minha melhor cara de mau e respondi.
-----Se voce achou que pode comprar minha amizade com comida.___Faço uma pausa e o garoto trava.-----Está muito certo, vem aqui pra gente se conhecer melhor.
O garoto sentou na cama comigo e sorriu.
O formato do rosto dele e quadrado e com covinhas iguais a de Panelinha, mas os olhos. ....
Seus olhos sorridentes sao iguaizinhos os do meu pai.
Possui um brilho em comum e limpo uma lágrima de saudade disfarçadamente.
------ Então sabe a escola? É muito maneira e tem a melhor comida do mundo! ___Pedrinho tapa a boca com medo----Nao conta pra mamae por favor.
Faz tempo que não divirto tanto com uma criança sem ser minha filha.
------Voce ja conheceu o José?
------Mais ou menos. Ele fica fazendo perguntas dificeis, mais sabe de uma coisa? Quero ser policial igual a senhora para prender bandidos.
------Ser policial nao e apenas prender bandidos. É fazer o bem, proteger as pessoas mesmo que isso coloque em risco a sua segurança.
-----Viu a senhora é foda.
E mais uma vez tapa a boca com as mãos.
Ana entra no quarto com as mãos na cintura.
-----Voce ja monopolizou mamãe demais Pedrinho. Vamos descer mamãe ainda tem o bolo.


**bONUS PERTENCE AO LIVRO MINHA TORTURA MEU VICIO MEU ANTIDOTO

(Completo)Desafio-A História De Ruan CallegariWhere stories live. Discover now