Trinta e nove

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Henry Holloway

Três dias depois que eu acordei eles me deram alta e eu fui pra casa.

Eu ainda precisava usar o colar servical por mais alguns dias e aquilo, realmente, era extremamente desconfortável. Me incomodava de diversas formas mas eu sabia que precisava usar.

Havia inúmeros repórteres e pessoas querendo falar comigo na entrada do meu apartamento quando cheguei, mas eu tive que negar a todos porque eu não estava em condições nenhuma de me submeter a isso.

Eu só queria chorar e ficar sozinho, me afundar na escuridão em que eu estava a anos atrás.

Mas, obviamente, Austin nunca deixará que isso aconteça.

Um sentimento terrível crescia cada vez mais em meu peito ao saber que mais uma vez eu era um inútil, que precisaria da ajuda de todos para fazer qualquer coisa até conseguir andar novamente.

Independente, essa era uma palavra que estava totalmente longe do meu vocabulário neste momento.

—Henry...— Austin entra no quarto com uma bandeja com algum prato de comida dentro.

Encaro o prato e desvio meus olhos.

—Não estou afim.— comento sendo ríspido.

Ela resmunga.

—Mas você vai comer mesmo assim. — ela diz irritada e se senta na espaço livre da cama ao meu lado.

Eu já estava sentando, então ela só pousou a bandeja em minhas pernas.

Aquelas que eu não possuía mais controle nenhum.

—Você sabe que não ajuda me tratar como uma criança.

Sinto seus olhos cravados em mim mas, por conta do colar, não posso me virar para ela.

—E você sabe que eu não te trataria se você não agisse como uma.

Sorrio fraco, eu amava sua língua afiada.

—Minha mãe e Ryan estão aí? — pergunto curioso.

Ela assente e me alcança uma colherada de um líquido.

Faço careta.

—Sério mesmo? Sopa? Você só pode estar brincando.

Ela vem no meu campo de visão e leva uma colher até sua boca mostrando ser indefeso o pobre alimento.

—Esta vendo? É bom, agora colabora comigo, por favor. — ela diz já um pouco frustrada.

Faço o que ela pede e abro minha boca para saborear aquela deliciosa sopa.

Bem, não tava não ruim afinal de contas.

—Ryan foi tomar um banho e logo mais estará aqui. Sua mãe está organizando algumas coisas, acho que ela ficará por aqui por algumas semanas.

Pisco confuso.

—E o marido del?

—Ficara em Werlin. — ela me da outra colherada antes de completar. — Meus pais ligaram também, estão todos muito tristes e falaram que estão orando por você.

Solto uma risada irônica.

—Mas é claro que eles estão tristes, perderam o dinheiro de seu genro. Isso realmente é terrível.

Ela me encara com seus olhos abismados.

—Henry, você sabe que eles não são mais assim. — diz tentando se explicar.

RecontruídoOnde histórias criam vida. Descubra agora