Capítulo 27

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MANUEL

Eu sei que deveria ter contado sobre a gravidez de Sofia á Bia. Mas eu nem ao menos consigo olhar em seus olhos, me sinto um covarde. Não sei como ela irá reagir a notícia e francamente não estou preparado para saber. A possibilidade dela me odiar, me despedaça. Ficamos tanto tempo longe um do outro, brigamos por causa de mentiras e agora quando os erros foram finalmente perdoados, aqui estou eu cometendo o mesmo erro. O de ocultar a verdade de quem se ama.

Durante toda a manhã tentei evita-la, ela pareceu perceber, já que me perguntou várias vezes se ela tinha feito algo errado. Eu apenas balancei a cabeça e disse que “estava cansado”. O que não deixa de ser verdade, mentir cansa a mente e sobrecarrega a alma. Bia saiu logo depois do almoço, foi com Alice fazer compras.

Eu estava na sala sentado no sofá, se afogando nos meus próprios pensamentos. Pelo canto dos olhos, consigo ver Maria, ela estava a um bom tempo me encarando com atenção.

Me viro para ela, que parece envergonhada por ter sido pega.

- Por que está me olhando assim? Eu fiz alguma coisa de errado?

Maria balançou a cabeça.

- Não.- ela desviou os olhos por alguns segundos. – Sabe, achei que você fosse mais alto.

Me aproximei um pouco, ainda confuso.

- Não entendi.

- E mais inteligente! – Maria começou a rir.

- Você está rindo de mim?- fingi uma expressão de bravo. Ela riu mais ainda e se jogou pra traz no sofá.

- Você está rindo de mim! – exclamei.

Avancei com as mãos em sua barriga fazendo cócegas. Maria se contorcia e gargalhada ao mesmo tempo. Suas bochechas já estavam vermelhas.

- Por favor! Pare! – ela gritou em meio às risadas.

Subi um pouquinho e comecei a fazer cócegas debaixo dos seus braços. As gargalhadas agora eram mais altas. Eu amava o som da sua risada, era minha mais nova canção favorita. Maria estava ficando ofegante, quase sem ar. Eu estava recuando as mãos quando ela grita afoita.

- Pare! Pare papai! – gritou.

Senti o mundo ao meu redor congelar, tudo parecia correr em câmera lenta. Maria me chamou de pai?  Por um milésimo de segundo fiquei com medo de que aquilo fosse apenas minha imaginação.

- O que disse? – perguntei, ainda recuperando o fôlego.

Maria deu um sorriso tímido.

- Papai? – ela faz uma cara confusa.

Eu não sabia o que dizer. Estava paralisado, sorrindo igual como bobo provavelmente. Maria se sentou no sofá e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela me encarava esperançosa, com os olhinhos brilhantes.

- Você é meu pai, não é? – perguntou tímida.

Balancei a cabeça rapidamente em concordância.

- Sim, sim, sim! – ela sorriu. Maria se jogou em meu pescoço, me abraçando com toda força que tinha.

- Eu senti sua falta papai. – sussurrou.

Envolvi meus braços a sua volta a abraçando com força. Seu coração batia tão rápido quanto o meu. Sem nem perceber
lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos, pingando em seus cabelos.

- Minha filha, minha filhinha. – a apertei contra mim.

Ela se afastou um pouco. Havia lágrimas nos cantos dos olhos. Maria colocou as mãos em meu rosto e afastou algumas lágrimas.

"Conte a Ele" - BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora