Capítulo 41

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MANUEL

Me sentia como se estivesse prestes a encarar uma plateia lotada. Foram poucas as vezes em que me senti assim, uma delas foi quando fiquei cara a cara com a minha filha, a minha Maria. Meu pulso estava latejando com o nervosismo que percorria minhas veias. Eu não deveria estar tão nervoso. Apenas saberia o sexo do nosso bebê, não precisava entrar em pânico. Não precisava mas eu estava quase lá. Bia estava ao meu lado, suas mãos se mexiam descontroladamente, ela também estava ansiosa. Queria que Maria pudesse vir conosco, mas ela não poderia entrar na sala de exames. E deixá-la sozinha na sala de espera, não era uma opção.

Um homem alto, moreno dos olhos verdes e vestindo jaleco branco passou por nós. Um médico. Ele sorriu de uma maneira que não demonstrava apenas gentileza, mas um certo interesse em Bia. Qual era o problema dele? Não está vendo que ela está grávida, e que está acompanhada? Bia a cada dia parecia mais incrível, a mudança em suas curvas era excessivamente visível, a menos que você fosse cego. Em um gesto primitivo passei o braço em sua cintura a puxando para mim. Ultimamente estou tendo a necessidade de protegê-la a qualquer custo. De mostrar a todos que ela era minha. Eu sei, é um sentimento um tanto possessivo. Mas eu sou completamente louco por ela. Pensar em perde-la de novo me destrói por dentro. Fiquei o encarando até perde-lo de vista. Se ele sorrisse de novo seria a última vez. Bia vibrou em meus braços. Ela estava rindo da minha reação.

Me virei para olha-la. A expressão divertida e seus olhos amenizaram o pico de fúria que tinha tomado conta de mim. Eles transmitiam a tranquilidade que procuro e preciso. Ela se inclinou me dando um beijo rápido nos lábios. Antes que pudesse dizer algo, a médica dá última vez aparece no corredor, com uma prancheta em punho. Bia já havia superado a última crise de ciúmes e eu não recebi mais nenhuma cantada. Então as coisas estavam normais e profissionais novamente. Não tinha porque Bia trocar a médica que já a conhecia e a acompanhava a tanto tempo.

— Beatriz Urquiza. – chamou ela com um sorriso gentil no rosto. Olhei para Bia enquanto ela se levantava. Urquiza. Por que não Gutierrez? Além do bebê, que ainda não nascera, apenas ela não carregava meu sobrenome. Eu mudaria isso em breve.

— Aqui. – disse Bia me puxando com sigo. Segurei sua mão com firmeza. O temor que eu estava sentindo antes se dissipou dando lugar a uma felicidade e ansiedade absurda.

— Vamos finalmente descobrir do que se trata esse pequeno ser humano. – disse a médica fechando a porta atrás de nós. — Deite-se ali querida. – disse apontando para a mesa de exames.

Observei Bia levantar a blusa, deixando a barriguinha levemente arredondada de fora. Ainda era loucura pensar que tinha uma vida ali. Que nós dois concebemos. Metade minha, metade dela. Da última vez o bebê era, segundo a médica, do tamanho de um limão. E por algum motivo eu não conseguia mais cortar um limão ao meio sem me sentir enjoado. Precisam parar de comparar nosso bebê com frutas. Mas agora ele tinha braços e pernas, por mais louco que isso pudesse parecer.

A médica espalhou um gel na barriga de Bia e ela arrepiou. Será que aquilo era gelado? Não faria mal ao bebê? Me dissipei do pensamentos quando a tela preta começou a ganhar foco. Me aproximei de Bia segurando sua mão.

— Vamos lá...onde está você? – disse a médica encarando o monitor. — Mamãe e papai querem te ver... Ah aqui está!

De repente meus ouvidos foram tomados pela minha canção preferida. Soando cada vez mais rápido. Meu coração estava batendo na mesma intensidade, parecia que sairia do peito. Acho que isso nunca vai mudar.

Senti a mão de Bia apertar a minha. Me virei para olha-la, seus olhos estavam com lágrimas nos cantos. Puxei seu braço e coloquei sua mão sobre o meu peito. Ela sorriu ao sentir meu coração pulando dentro de mim.

"Conte a Ele" - BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora