3 - Palavras que nos unem

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"Prezado, Gaara.

Desculpe a informalidade, mas eu não consigo conversar direito usando títulos, me parece impessoal demais para o assunto que quero tratar, pois mal o conheço e já o considero um amigo para dividir uma dúvida em um momento complicado da minha vida. Vou explicar melhor. Sou Namikaze Narumi, a prima do seu amigo de infância, Uzumaki Naruto e, embora nunca tenhamos nos falado, sinto que o conheço pelas horas deliciosas em que ele passou me contando a seu respeito.

Acredito que as notícias correm rápido e a essa altura já saiba da minha possível ascensão ao posto de Mizukage, e é justamente por isso que decidi lhe escrever. Gostaria muito de saber como foi para você assumir tamanha responsabilidade tão jovem e como isso afetou sua vida pessoal. Não me entenda mal, tenho extremo amor pela minha vila e desejo honrar esse compromisso, mas sinto que falta algo em mim e temo que esse vazio possa comprometer meu papel frente a meu povo. Gostaria apenas de me valer um pouco da sua sabedoria, afim de me certificar que fiz a escolha certa.

Entenderei se nunca responder essa carta, imagino que deva ter muitas coisas mais importantes para fazer, mas se reservar um pequeno tempo para mim serei muito grata.
Mudando um pouco o foco da conversa, estou enviando juntamente a essa mensagem uma foto do meu lugar favorito na minha vila, é um pequeno riacho onde costumo ir para meditar.

Desculpe se isso parece muito aleatório, mas sei que na condição de líder você não sai muito da Areia, então achei que seria legal te mostrar isso. Eu particularmente amo viajar e confesso que perder parte da liberdade é uma das coisas que me assusta em meu futuro próximo.

Grata por ler,
Narumi"

- O que está fazendo sentada no chão? - Gaara correu para ajudar a esposa, preocupado com a possibilidade de ela estar se sentindo mal, mas ao invés de deixa-lo ajudar Narumi se encolheu de forma estranha, no canto em frente ao guarda-roupas onde estava. - O que aconteceu?

- Eu estou bem. Já vou voltar para cama - sob o roupão tentava esconder algo sem muito sucesso, o volume a delatando. - Só me deixa aqui um pouquinho.

- Não sei o que está aprontando, mas o Yagura precisa mamar - a frase teve o efeito de um encanto para a Sabaku que se esqueceu do que fazia e levantou com dificuldade, usando o marido de apoio. - Não precisa se esforçar tanto, eu posso te carregar.

Fazia quarenta e três dias desde o parto e Narumi ainda sofria para se recuperar da difícil gestação, encontrando forças no amparo de Gaara e na vontade de viver de seu pequeno bebê. Aqueles estavam sendo os dias mais difíceis da vida do casal, que compartilhava a alegria de terem o primeiro filho nascido e o medo de perde-lo tão cedo.

Deixou que o esposo a ajeitasse na cama e aguardou que fosse buscar o menino, porém ele desviou o caminho e foi até o local onde ela estava agachada pouco antes. - No chão havia uma caixa de metal que ele conhecia muito bem. Apanhou-a.

- Isso é meu. O que estava procurando nas minhas coisas? - Perguntou com o tom calmo e levemente curioso, mas ao virar-se na direção da cama, viu que a esposa se encolhia com os olhos baixos e as bochechas ruborizadas. - Sua recuperação seria mais rápida se obedecesse a Sakura e permanecesse deitada.

- Eu estava entediada, então resolvi procurar algo para ler na sua parte do armário e acabei encontrando isso. Não sabia que tinha guardado minhas cartas. - Apesar da vergonha, tinha um bico irritado no rosto por ter sido enganada para voltar à cama.

- Você foi uma das únicas pessoas com quem tive uma conversa tão normal, então eu gostava de reler isso quando me sentia sozinho. - Ele revirou os papéis com cuidado e sorriu. - Também gostava das fotos da sua vila. Um dia ainda irei ver a Névoa pessoalmente.

- Está com tempo? Pode ficar aqui um pouquinho?

Gaara assentiu com um sorriso terno. Com a caixa entre mãos, caminhou de volta a cama, acomodou-se ao lado da mulher e uma a uma leu as cartas em voz alta até que Narumi adormecesse.

Família Sabaku - MenmaNGWhere stories live. Discover now