A Morte Branca - Parte V

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Os kuldjargh entraram em fúria. Ao longo de toda a caverna, meia dúzia de anões em armaduras de espinhos urraram e avançaram com seus martelos e ugrosh. A onda de guerreiros foi recebida por rosnados e sibilos, e todos os pares de olhos avançaram contra eles, entrando na área iluminada da caverna e revelando uma dezena de dragonetes.

Escamas e espinhos se chocaram, armas subiram e desceram, garras e caudas golpearam os anões. Depois do choque inicial os outros conseguiram reagir, e o grito de guerra dos Machados sangrentos ecoou pela caverna.

— Por Moradin! Por Clangeddin!

Talis e Grisha entraram na segunda onda de ataques, juntando-se aos bárbaros furiosos, tentando flanquear os dragonetes brancos. Duas setas de bestas voaram por espaços vazios no campo de batalha, vindas mais de trás de anões que favoreciam as armas à distância. Uma desapareceu na escuridão do túnel cavernoso, retinindo em uma rocha distante, e a outra perfurou com sucesso o crânio de uma das bestas.

Os dragonetes recuaram ao mesmo tempo em que Grisha e Talis os alcançaram. As duas conseguiram derrubar um deles, fazê-lo rolar no chão e perfurá-lo até sangrar, moribundo, mas os outros escaparam de seus alcance, chicoteando com as caudas enquanto recuavam. Os kuldjargh avançaram. Oskar espumava pela boca, o peito coberto de sangue. A ponta de seu ugrosh cravou na cauda de um dragonete, prendendo-o no lugar. Outros anões acabaram com aquela criatura, sem nem mesmo ouvir os tremores acima de suas cabeças.

— Cuidado! — Grisha puxou Talis pelo ombro antes que a companheira os seguisse na investida contra os dragonetes e, onde a meio-elfa estivera um segundo antes, uma estalactite de gelo despencou contra o chão, tão grossa quanto um braço, estilhaçando no impacto.

Um ruflar de asas acima de suas cabeças revelou a presença de mais inimigos. O teto da caverna era alto e repleto de fendas e estalactites que formavam espaços escuros, e deles surgiu uma revoada de criaturas com asas coriáceas. Cinzentos manchados de branco, com pernas e braços compridos, caudas flexíveis e cabeças de aspecto dracônico. Os kobolds alados trombavam e empurravam as estalactites e as derrubavam uma a uma sobre os mercenários.

— Flechas nos cão-dragão! — Goddrum alcançou as duas e abaixou-se sobre um joelho, uma besta pesada nas mãos. Girou a manivela e corda tensionou o arco de metal com um rangido. Encaixou uma seta, fez a mira e disparou. A seta perdeu-se na escuridão, mas um kobold despencou contra o chão. Outras duas setas voaram em seguida, e mais um kobold caiu.

O restante dos guerreiros finalmente juntou-se aos bárbaros, que agora cediam terreno para tentar evitar a armadilha dos kobolds. Com a ajuda dos mercenários com escudo, conseguiram proteger-se da onda de ataques surpresa e, com os números dos kobolds reduzidos pelos anões besteiros, estes bateram em retirada atrás dos seus dragonetes, embrenhando-se nas profundezas da montanha.

— Ninguém avança mais. — Goddrum parou à frente dos bárbaros, bloqueando seu caminho até que a fúria se extinguisse e seus rosnados tornassem-se uma respiração profunda. — A gente não vai cair em outra armadilha antes de Brunhild voltar.

— Mas chefe, e se eles voltarem? — Tarak parou em frente a Goddrum, segurando seu machado ensanguentado em mãos. O bárbaro era mais alto que o anão no comando porém os ombros e tronco rotundo de Goddrum o faziam parecer maior.

— É por isso que a gente vai montar guarda. Se você quiser pode inclusive ficar na frente.

— Mas e se eles alertarem a Morte Branca? — questionou Talis, e Goddrum a princípio ficou sem palavras para responde-la.

— Bem, nesse caso... nesse caso... — ele bufou, apoiando a besta no chão, coçando a cabeça. — Eu diria pra gente fugir daqui, mas a tempestade lá fora tá feia. O que tu sugere, Talis Meio-elfa?

Grisha viu nela a conhecida expressão de elaborar um plano.

— Vamos separar um grupo mais mortal pra ir à frente e pegar os kobolds. Eu, Grisha e outros bárbaros, talvez um arqueiro.

Goddrum andou até a entrada da caverna, murmurando consigo mesmo. Brunhild não voltara e não havia sinal de que voltaria logo.

Ele gesticulou para os anões que, depois do combate, moveram-se até a entrada e assistiam a nevasca, cinco metros para dentro da caverna para não serem pegos pelo pior do vento.

— Façam uma linha de defesa aqui. Escudos na frente, um besteiro atrás. Fiquem atentos pra inimigos e pra Brunhild voltando, ela e a patrulha podem tá feridos.

Depois, Goddrum foi até os fundos da caverna, no limite da iluminação, e deu ordens semelhantes. Em seguida virou-se para Talis.

— Vamos?

Talis assentiu, e ela e Grisha chamaram Oskar e Tarak para irem com eles. Assim, adentraram o covil da Morte Branca.

A Morte Branca [D&D] [Completo]Where stories live. Discover now