Capítulo III

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-Eu sabia que este vestido ficaria bem em você! – Dizia a velha Gertrudes enquanto amarrava os laços do corpete que Prudence usava, puxando os fios com tanta força que a seda chegava a estralar – Pode até não ter sido feito com a intenção de ser um vestido de noiva, mas servirá igualmente bem.

-Sim, senhora Gertrudes... – Respondeu a pobre moça, tentando não transparecer o quão nervosa se sentia – Mas ainda acho que o espartilho está um pouco apertado...

-Isso é porque você fica resfolegando o tempo todo! Tem que aprender a controlar sua respiração, menina. Agora vamos, sente-se para que eu possa arrumar seu cabelo.

Sem ousar protestar novamente, Prudence se sentou em um banquinho que havia no quarto enquanto deixava a mais velha pentear suas madeixas e moldar seus cachos da forma que achava mais apropriada. Ela tentava se manter calma apesar dos acontecimentos, mas era difícil! Céus, em menos de uma hora deixaria de ser a senhorita Hartley para se tornar a senhora McGregor! Como as coisas terminaram assim?! Como Prudence acabou noiva de um homem que só conhecia há três dias e só viu uma única vez na vida?!

Ao menos ela não seria obrigada a se casar com o detestável Jacob Tunner, que só estava interessado em seu dote! O homem era mesmo desprezível e Prudence preferia tentar a sorte com o primo que mal conhecia do que com o senhor Tunner, mas ainda assim, não conseguia se acalmar. Tinha passado os últimos três dias pensando em uma alternativa para sua situação, mas a senhora Gertrudes não lhe dava um minuto de paz desde que aquela loucura de noivado começou!

-Prudence, pare de se mexer! – Exclamou a mais velha, puxando seu cabelo com mais força para enfatizar o que dizia – Não consigo prender as flores da grinalda se você ficar se balançando assim!

-Sinto muito... É só que... Estou nervosa.

-Oras, mas com o quê? Este será um casamento simples, então não há motivos para ficar assim.

-Eu sei, mas... Não acha que as coisas estão indo rápido de mais? Quero dizer... Só conheço o senhor McGregor há três dias e nós mal nos falamos desde que o noivado começou...

-Se é isso que está te preocupando, vocês terão bastante tempo para se conhecerem depois do casamento! Acredite menina, o senhor McGregor provou ser um verdadeiro cavalheiro quando lhe defendeu de Jacob Tunner, e isso já mostra o homem valoroso que ele é.

Prudence engoliu em seco ao ouvir aquilo, e por um segundo, desejou acreditar no que a senhora Gertrudes dizia. Ah Deus... Como poderia confiar em um homem que só tinha visto uma única vez na vida?! Além do mais, um verdadeiro cavalheiro teria ao menos lhe feito uma proposta digna de casamento, mas seu primo se quer perguntou se era isso o que ela queria! A verdade era que Prudence não conseguia ser otimista diante daquela situação.

-É mesmo uma pena que você não tenha nenhum parente disponível para te levar até o altar. – Lamentava a velha Gertrudes, trançando o cabelo de Prudence com uma habilidade invejável – Mas por sorte o juiz Hemmwood aceitou fazer a vez do pai da noiva e lhe acompanhar como um bom cavalheiro.

-Achei muita gentileza da parte dele, mas penso que isso tudo é desnecessário. Eu poderia muito bem entrar na igreja ao lado da senhora, sem cerimônias...

-Oh sim, mas isto não quer dizer que devemos colocar todas as tradições de lado! Um casamento deve ser celebrado da forma certa, independente das situações que o precedem.

Prudence gostaria de concordar com a mais velha, mas a verdade era que seu casamento não tinha nada de convencional. Devido à falta de tempo para organizar as coisas, a cerimônia seria extremamente simples, contando apenas com a presença dos noivos, do padre e de duas testemunhas compostas pela senhora Gertrudes e pelo juiz Hemmwood. Ainda assim, a falta de convidados não era algo tão surpreendente, visto que o noivo não possuía conhecidos na região e a noiva não passava de uma pobre órfã que mal saia de casa quando o pai era vivo.

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