Capítulo V

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Pela primeira vez desde que entrou na vida adulta, Theodor McGregor perdeu a hora! Com um pulo, ele se pôs sentado na cama e olhou ao seu redor, levando alguns segundos até se lembrar de onde estava e logo a imagem da esposa veio a sua mente. Mas Prudence já não dormia ao seu lado... A moça devia ter levantado cedo naquela manhã e já estava por ai, fazendo seus afazeres enquanto Theo dormia até mais tarde como se fosse um fanfarrão.

Temendo passar por preguiçoso, ele saiu da cama e foi até a tina que estava próxima a janela para lavar o rosto, achando que deveria estar com uma aparência péssima, já que mal dormiu durante a noite! A verdade era que Theo sentia seu corpo vez ou outra esbarrando no da esposa e sendo tomado por um ardor que até então desconhecia. Se todas as suas noites como homem casado fossem assim, ele estaria perdido, certamente!

Achando melhor deixar aqueles pensamentos de lado, Theo pegou a jarra d'água e despejou seu conteúdo na tina para fazer um rápido asseio. Ao julgar pelo frescor, deduziu que Prudence devia ter deixado água limpa para ele, e isso lhe deixou ainda mais constrangido. A esposa era mesmo uma mulher dedicada com os afazeres domésticos, apesar de Theo começar a achar que ela levava as coisas a sério de mais.

Depois que enxugou o rosto com uma toalha limpa, ele vestiu uma camisa surrada e o macacão que costumava usar para trabalhar na fazenda de Henry, sabendo que o dia iria ser no mínimo agitado. Theo precisava dar uma olhada na propriedade para ter uma ideia melhor de sua real situação e só então começar os preparativos para o plantio, antes que a estação passasse. Seu primeiro mês em Greenfield seria de muito trabalho, mas isso não lhe desanimava, afinal, agora aquelas terras eram suas e Theo faria de tudo para valorizá-las.

Quando terminou de se aprontar, ele desceu as escadas e foi direto até a cozinha, surpreendendo-se ao se deparar com um verdadeiro banquete na mesa. Havia torradas com manteiga, geléia de morango e uma jarra cheia de leite. Theo também viu ovos cozidos, queijo fresco e um prato com salsichas que cheiravam extremamente bem. Mas onde estaria a sua esposa? Ele estava pensando em procurá-la na sala, quando ouviu o som de algo caindo vindo dos fundos da casa.

Suspeitando que só podia se tratar de Prudence, ele saiu pela porta dos fundos e acabou dando de cara com a origem do ruído! Há alguns metros de onde estava, havia um pequeno chiqueiro com alguns poucos leitões que comiam a lavagem com verdadeira dedicação. Mas um deles não parecia muito interessado na comida, já que mastigava outra coisa: a barra do vestido que a pobre Prudence usava! Desesperada para se soltar do animal, a moça puxava o tecido enquanto tentava equilibrar o balde de lavagem que tinha em mãos, mas no final o pequeno leitão levou a melhor. Com um grande ronco, o porquinho puxou a barra do vestido com tanta força que fez Prudence escorregar na lama do chiqueiro e cair para trás, soltando um xingamento que surpreendeu ao próprio Theo!

-Parece que arranjei uma esposa bastante feroz! – Brincou ele, indo até onde a prima estava e lhe oferecendo a mão para ajudá-la a se levantar – Você se machucou?

-Oh, não... – Sussurrou Prudence, com os olhos arregalados ao ver que seu marido havia presenciado seu pequeno momento de exasperação – Desculpe... Não costumo dizer palavras grosseiras, mas acabei me alterando.

Theo achou graça de seu acanhamento, mas logo foi sua vez de ficar encabulado assim que seus olhos se encontraram com os da esposa. Ah, Deus... Como uma mulher conseguia ser tão encantadora, mesmo com o rosto e as mãos salpicados pela lama?! Ainda que fosse cedo da manhã, era evidente que Prudence já estava trabalhando há um bom tempo, pois trazia as bochechas coradas pelo sol. Seu cabelo cor de mogno estava solto, mas havia um lenço triangular sobre sua cabeça para proteger as madeixas e impedir que caíssem em seus olhos. Ela também usava um vestido simples de um tom desbotado de azul e sua cintura esbelta podia ser claramente distinta graças ao laço do avental que ajustava o vestido ao corpo.

GreenfieldWhere stories live. Discover now