3.LAÇOS DE SANGUE

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Dirigi calmamente até a cidade, por mais que eu gostasse de velocidade, desta vez eu queria tempo. Tentei organizar meus pensamentos, pensar no que eu diria, formei vários e vários textos em minha mente.

Forks era uma pequena cidadezinha de interior, tão diferente do que eu estava acostumada. O dia estava frio e uma névoa densa indicava chuva novamente. Estacionei em frente a uma lanchonete, desci do carro e entrei. Uma garçonete gentil atendeu-me, perguntando se eu precisava de alguma coisa.

- Sabe onde posso encontrar o Dr Carlisle Cullen?

- Bem, a está hora, provavelmente está no hospital. Você é parente dele?

- Sim, de certa maneira. Poderia me dizer como chegar ao hospital, sou de fora da cidade, não conheço nada por aqui.

- Claro, no final desta avenida, vire a esquerda e siga em frente, o hospital fica na saída da cidade, ao norte.

- Muito obrigada, a senhora é muito gentil.

O caminho até o hospital, foi mais curto do que eu gostaria. Na verdade acho que preferia que fosse um caminho sem fim. Fiquei ali, no estacionamento, esperando a coragem chegar. Meu coração acelerado, quase saindo pela boca. Ele estava tão próximo, meu pai.

Depois de um longo tempo, decidi que a coragem não viria. Então desci, e caminhei até a recepção. Dei um longo suspiro, e dirigi-me a recepcionista.

- Com licença, sabe dizer-me onde posso encontrar o Dr Cullen?

- Claro! Está no fim do corredor, à direita, na emergência.

Andei pelo corredor, escorando na parede, parecia que iria cair. Eu me sentia como se fosse desmaiar, meus pés pesavam toneladas.

Foi quando todas as minhas táticas de aproximação e minhas frases feitas cairam em terra. Ele estava lá, à minha frente, de jaleco branco, seu cabelo louro claro reluzindo, uma pele branca como osso e um sorriso gentil nos lábios. Com certeza, era ele. Meu pai. Um nó no estômago e um arrepio na espinha. Não dava mais para fugir.

- Pai!

Foi só o que consegui dizer, antes de me atirar em seus braços. Ele retribuiu gentilmente o abraço, mesmo sem entender o gesto. Eu não sabia o que dizer, não conseguia pensar em nada. Só conseguia chorar, chorar e chorar. As lágrimas desciam tão rápido que embargaram a minha voz, eu tentei me explicar, em vão. Diante de minha tentativa atrapalhada de explicar, ele entendeu. Eu estava com problemas.

Ficamos ali, no meio da sala da emergência, eu agarrada ao seu pescoço e ele me pedindo calma e afagando meus cabelos. Depois de alguns minutos, consegui recobrar um pouco da dignidade que ainda me restava e tentei explicar novamente – Afinal, o que aquele homem pensaria de mim, eu nem o conhecia.

- Me desculpe Doutor, não sei o que dizer na verdade. Preciso lhe contar algumas coisas, sei que deve estar confuso. Podemos conversar um pouco?

- Claro querida! Imagino que tenha muito a me explicar, e que deva estar com problemas também. Venha, vamos até o meu consultório.

Ele então conduziu-me gentilmente, com a mão em meu ombro, até um corredor estreito cheio de pequenas salas.

- Pronto! É aqui! Vou encostar a porta, apenas para que fique à vontade para falar, certo?

Entrei em sua frente, e sentei-me em uma das cadeiras destinadas a seus pacientes. Era estranho estar do outro lado da situação.

- Obrigado! Não sei por onde começar, estou tão nervosa!

A filha da luaWhere stories live. Discover now