Meu pai aproximou-se de mim para lembrar-me de que ainda faltava a parte mais dolorosa do tratamento. Colocar meu braço no lugar certo! Por causa dos esforços que eu havia feito, o osso fixou-se com um pequeno desvio, mesmo sendo pequeno atrapalhava meus movimentos. Claro que colocar um membro no lugar, consistia em quebrá-lo novamente, essa era a parte ruim.
Subimos as escadas novamente, seguidos por Alice e Esme, até o consultório. Esme estava com cara de desespero olhando para mim e tentando acalmar-me, enquanto meu pai prepara-se para o procedimento, auxiliado por Alice. Achei tão gentil a atenção dela que quis explicar-lhe que tudo estava bem.
- Esme está tudo bem, é o mais correto a se fazer nessa situação, a calcificação errada pode prejudicar meus movimentos mais seriamente, no futuro. Vai doer só na hora, eu posso agüentar!
Ganhei um beijo na testa, Esme afastou-se e meu pai veio até a maca em que eu havia me sentado.
- Deite-se meu bem, e relaxe o braço, prometo que será bem rápido.
Fiz como ele havia pedido, deitei-me e estiquei o braço em sua direção, ele tocou com os dedos, procurando a junção da articulação, quando ele se preparou para puxar eu o interrompi:
- Papai, acho que é um pouquinho mais acima, se puxar vai tirar meu cotovelo do eixo, precisa localizar o polegar na ponta do úmero. Assim doe menos.
Ele parou e virou-se para mim, seu rosto era incrédulo. Alice aproximou-se sorrindo, com Esme a seu lado.
- Isto é o que podemos chamar de “filho de peixe, peixinho é!”
Meu pai arregalou os olhos, parecia não acreditar no que esta ouvindo.
- Como pode saber de tudo isso, não me diga que você é...
- Médica! Pois é, acho que temos mais em comum do que imaginávamos.
Meu pai abraçou-me sorrindo, era tão bom ver a satisfação em seus olhos. Ele tinha orgulho de minha profissão! Depois de tantos anos, finalmente alguém entendia minhas razões, pensava como eu.
- Bem Dra Satine, vamos fazer como a senhorita disse, então.
Com um crec e um gemido, meu braço foi quebrado novamente e colocado no lugar certo. Meu pai terminou fazendo uma tala e colocando-o em uma tipóia.
- Bem, agora que está pronto, acho que preciso ir. Já está ficando tarde, com o braço assim, vou demorar um pouco mais para chegar a Seatle.
- Como assim “chegar a Seatle?” quem foi que disse que você pode ir embora! Diga Carlisle, ela não pode ir embora, não é? Como ela vai dirigir assim, sozinha!
- Acalme-se Alice, também acho que Satine deve ficar, mas a decisão pertence a ela.
Meu pai virou-se para mim com seu sorriso mais quente, era impossível recusar algo a ele.
- Claro, mas não quero incomodá-los. É melhor perguntar a opinião dos outros.
Descemos as escadas os quatro. Na grande sala, pouca coisa havia mudado. Apenas Edward e Bella não estavam mais lá. Esme explicou-me que ele havia levado a garota para casa, já era tarde e o pai dela poderia preocupar-se. As coisas para eles estavam meio difíceis depois de todo o acontecido de Volterra.
Entre os que estavam presentes, todos pareciam felizes em ter-me como hóspede. Dadas as circunstâncias, achei melhor ficar mesmo, o gesso em meu braço estava dificultando um pouco as coisas.
Alice segurou em meu braço bom e me puxou para o andar de cima.
- Venha Satine, pode usar o meu banheiro se quiser, acho até que minhas roupas podem te servir. Venha por aqui, este a direitas, isso.
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