12.CONSELHO DE HONRA

463 28 2
                                    

Sentei-me em meu assento na primeira classe. A viagem foi longa, porém tranqüila. Eu queria ter adormecido, pelo menos um pouquinho. Infelizmente não pude, quando senti minhas pálpebras suficientemente pesadas para tal, o comandante avisou que estaríamos aterrissando.

Peguei um taxi no aeroporto até Volterra, um longo trecho, já que nossa pequena cidade ficava encravada nos vales da Toscana. Sem dúvida Aro teria mandado alguém para me buscar, como eu queria que minha chegada fosse surpresa, tive que me ajeitar sozinha.

Durante o caminho, pensei muito em tudo. Eu estava nervosa e também sentia o ódio crescer dentro de mim. No caso do ódio, eu precisava de vingança. Nunca fui vingativa, mas neste caso em especial, eu queria que ela, a assassina de meu amigo Vitor, pagasse bem caro por ter mexido com uma Volturi. Queria que ela sentisse o peso da hierarquia, na qual eu estava em cima e ela era só um soldado. No caso do nervosismo, ia melhorar quando eu visse Aro, e principalmente quando estivesse nos braços de Demetri.

Ir a uma reunião do conselho agradaria sem dúvida os Volturi, e minha intenção era exatamente marcar território. Por isso eu precisava que ficassem satisfeitos comigo. Caius como o mais esnobe de todos, era o mais fácil de convencer. Seria meu primeiro passo.

Cheguei a Volterra no meio da tarde. Fui direto para o prédio da empresa fictícia de Aro, neste horário eu não os encontraria por lá, o sol estava muito forte.

Giana, a secretária humana de Aro me recepcionou alegremente – eu sempre tive um pouco de pena da pobre menina.

- Sra. Satine! Seja muito bem vinda. Deseja que eu mande avisar mestre Aro de sua chegada?

- Não, por favor! Na verdade quero fazer uma surpresa. Ainda tem alguém aí dentro?

- Não. Hoje não vieram, o sol está um pouco forte. Ficaram se preparando para a reunião.

- Ótimo! Vou usar o gabinete para me preparar, ok? Não permita que ninguém entre. Ninguém mesmo!

- Pode deixar, não permitirem nem que o próprio mestre entre, senhora.

Eu a abracei. Em geral a maioria fingia não vê-la, eu sempre achei muito injusto com tanta lealdade e devoção.

- Obrigado, Giana, você é muito gentil.

- Imagine, senhora, faço apenas meu trabalho, além disso, a senhora merece.

Entrei no gabinete de Aro e tentei relaxar um pouco, embora o clima lá fosse suficientemente obscuro para dar medo no próprio Drácula, eu me sentia em casa.

Quando despertei, a tarde começava a cair, tingindo de vermelho o céu. O entardecer na Toscana era um dos mais bonitos da Itália. Suspirei fundo, apesar de tudo, eu me sentia em casa novamente.

Naquela noite ocasionalmente, eu queria parecer mesmo uma vampira, coisa que não era comum. Parei em frente o grande espelho vitoriano e olhei meu reflexo, hoje, eu teria que buscar lá dentro uma Satine que eu havia esquecido, muito tempo atrás.

Homens são criaturas manipuláveis, e isso tornava meu trabalho um pouco mais fácil, uma vez que sedução era um jogo que eu aprendera muito cedo. Caprichei na maquiagem, um pouco mais pesada que o de costume, ressaltando meus grandes olhos citrino-amendoados. Um brilho delicado nos lábios. Os cabelos ajeitei em um semi coque, deixando alguns fios cacheados cair por meu rosto e pescoço, que certamente era a parte preferida pelos vampiros. O vestido, era fantástico. Arabescos pretos enfeitavam meu colo e desciam como desenhos por todo o tronco até o quadril, deixando a brancura de minha pele ainda mais acentuada sobre a transparência negra. A saia era toda de seda, cortada a laser e descia esvoaçante em um leve evasê. Sandálias delicadas de salto fino. Um conjunto de colar e brincos, presente de Aro, com pedras de ônix e diamantes. E minha capa, um longo casaco de peles, branco.

A filha da luaWhere stories live. Discover now