Do what you do?

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Ele parou a velha camionete e desligou o motor. Ela ficou olhando ao longe. Sabia quem estava na direção, seu coração sentia.

Ele desceu lentamente da camionete e fechou a porta, se recostando nela. Levantou os olhos verdes e profundos que estavam fixos nos braços magros mas fortes, e fixou-se nos olhos dela.

Uma profusão de sentimentos tomaram conta de seu coração. Ela queria correr e se lançar nos braços dele, mas havia muita coisa que não deixava.

Ele ficou alguns segundos recostado na camionete, até lembrar que precisava manter as aparências, e foi cumprimentar os tios.

_Oi tio, oi tia... tudo bem?

Enquanto ele cumprimentava seus pais, ela manteve-se em silêncio.

As coisas eram diferentes agora. Não menos proibidas, não menos impossíveis, mas eram diferentes.

Desde que se conheceram na infância, ela sabia que havia algo diferente, mas os anos passaram e eles tomaram rumos diferentes.

Quando voltaram a se rever, já na adolescência, ela ficou meses com a lembrança do cheiro da sua pele, com a lembrança dos olhos verdes e profundos, da voz, do toque. Mas ela não podia sentir o que sentia.

ELA NÃO PODIA SENTIR O QUE SENTIA.

Mas agora ele estava aqui. Ela já era uma mulher, e ele um homem. E o que ela sentia já não era segredo pra ele.

_Oi prima... a mão estendida ficou aguardando alguns segundos até ela entrar no ar novamente no ar e conseguir responder o cumprimento. Aquele simples toque fez com que uma corrente elétrica percorresse todo seu corpo.

_Fiquei sabendo que você é advogada agora - Ele sorriu o sorriso mais incrível que ela já vira.

_Sim. E logo serei juíza!

_Vamos Giovanni, vamos entrar - convidou o pai dela.

Ele viu os tios subirem as escadas e entrarem na casa, enquanto a prima ficava um pouco atrás dos pais. Ele se aproximou dela, pegou seu braço e falou ao seu ouvido:

_Você sabe por que eu vim até aqui, precisamos conversar.

Ela apenas acenou com a cabeça e após alguns segundos apenas sussurrou:

_Te espero à meia noite naquele barracão - e apontou para uma construção, por trás do qual o sol já estava se pondo no final da tarde.

Aquela sem dúvida foi uma noite bastante longa. O jantar com os tios, com Claire e os três irmãos dela com suas famílias e alguns conhecidos foi divertido, mas Giovanni não conseguia se concentrar em nenhuma conversa, tudo o que queria era que todos fossem embora para poder conversar com quem realmente o trouxera ali.

Enfim o último dos amigos de seu pai fora embora, e a mãe de Claire pedira a ela que arrumasse o quarto que fora de seu irmão Mário para que seu primo pudesse dormir.

Ela estava quase terminando de trocar os lençóis quando ouviu a porta se fechar. Ela nem precisava se virar pra saber quem era. Um tremor desceu pela base da sua coluna, causando uma leve falta de ar.

Nada está em seu lugarWhere stories live. Discover now