Restaurada

Pagando o preço

Faziam cinco dias que estávamos no castelo de Norah cuidando pessoalmente de muitos feridos, era um povo amigo que facilmente alguém se apega a eles, com nossos cuidados não estavam mais tão moribundos, alguns homens já caminhavam e as crianças já podíamos vê-las sorrir, mesmo tendo resquícios de queimaduras em si. Eu não estava tendo repouso desde que desci do cavalo, só parava precisamente para comer e nada mais, as minhas noites não estavam sendo boas, a pessoa mais ferida de todos era a antiga criada de quarto da rainha mãe de Maxon, ela havia ajudado na criação dele e estava muito mal entre a vida e a morte, eu vinha me dedicando muito a ela como sinal de gratidão por ter cuidado do cabeça dura do Maxon após a morte da mãe.

- O rei Maxon está na cidade. - ouvi alguém dizer e meu coração bateu mais forte, não o vi e nem fui atrás dele, se tivesse que ser seria naturalmente, não iria ficar correndo atrás dele como uma boba apaixonada que eu ainda não era.

- Filha, o que tem lhe incomodado? Percebo seu olhar distante, como se um grande sofrimento lhe tivesse acometido. - Luzia a criada que cuido pessoalmente pergunta com sua voz fraca.

- Não vai acreditar, estava voltando ao palácio e ouvi que o rei Maxon chegou, talvez ele virá vê-la. - digo mudando de assunto.

- Por favor fale, outra coisa não é certo eu estar no seu quarto, está ha dias dormindo no pequeno sofá enquanto eu estou em sua cama. - ela diz e eu a calo.

- Eu vou ser uma rainha, aprendi com mamãe que tenho que amar meu povo e é o que tenho feito. Tem sido um prazer cuidar da senhora dia após dia e saber que a verei caminhar novamente. Que rainha seria se não amasse minha futura criada? - ao terminar de falar vejo Maxon na porta do meu quarto, ele apenas me olha de lado e segue para até a mulher com lágrimas nos olhos por estar vendo ele.

- Sinto muito estar assim. - ele diz agarrando a mão dela e beijando. - A amo tanto que daria minha vida para não ter se machucado na invasão.

- Meu filho, com os cuidados da sua futura esposa eu estou a cada dia melhor. - ele me olha e levantando de perto dela, diz: - Quando a senhora estiver melhor a levarei para nosso lar, estou restaurando tudo com ajuda dos amigos.

Abaixo minha cabeça, ele ouviu da mulher que eu iria ser esposa dele e não demonstrou reação nenhuma, quer dizer que o que disse no baile era verdade, engulo o choro e o orgulho e dou as costas aos dois indo para a janela. Ouvi em minutos depois de ter virado a porta bater e deixo as lágrimas rolarem.

- Filha? Pode vir aqui? - ouço Luzia me chamar e me dirijo até ela sentando ao seu lado ainda chorando, não tinha por que fingir ela viu que ele me ignorou.

- Eu era noiva, no dia do meu noivado, meu amor foi assassinado na nossa frente, na verdade ele entrou na frente para salvar um amigo que já havia nos salvado, Maxon já havia manifestado gostar de mim, só que meu coração se fechou ao amor e o rejeitei por isso ele me trata assim e meu pai está me obrigando a casar com ele. - digo entre soluços e ela aperta minha mão.

- Vejo tudo isso como um forte vento que de tão forte trás respingos da grande chuva que vem atrás dele, após a chuva e o vento virá o sol e você voltará a sorrir, apenas creia e continue sendo essa moça que é, deite aqui ao meu lado. - deito e como estava tão cansada por tantos dias sem dormir bem acabo dormindo, recebendo o carinho daquela mulher.

Maxon narrando...

Ao chegar na Normandia fiquei sabendo que as princesas haviam vindo ajudar aos feridos do meu reino, uma onda de alegria me invadiu, mas quando a vejo passar com uma bacia de água morna e uns panos nos ombros, lembro das duras formas que me rejeitou e decido que o melhor é ficar longe dela, soube por um guarda onde era o quarto que minha babá Luzia estava, me disseram que a amarraram na sela de um cavalo e saíram puxando, assim como a queimaram e que dentre todos era a mais ferida. Norah me confidenciou que Sofia tem dedicado tempo entre as crianças feridas e Luzia, inclusive passa a noite velando o sono da mulher que tem pesadelos devido a tortura que passou. Admirei ela, mas não cederia e correria o risco de levar um fora. Quando entro no quarto ouço ela animada falando os deveres de uma rainha e que logo seria a rainha de Luzia, deu vontade de rir, ainda não disse ao imperador, mas não vou me casar com ela, quero qualquer uma menos a que se esforçou tanto a me rejeitar. Falo com Luzia sem a olhar e saio do quarto sem ao menos dirigir uma palavra a ela, dói em mim e sei que é horrível da minha parte, mas preciso blindar meu coração.

Pela manhã quando acordo que tomo café, vou entre os aldeões verificar os que podem ir para ajudar na construção e vejo ela sentada na grama lendo uma história para as crianças. Fico entre os arbustos ouvindo a conversa delas, pois vejo que as crianças estão fazendo perguntas a ela.

- É verdade que você é uma princesa?

- Sim meu amor, é verdade.

- O rei não vai ter uma rainha? Ouvi que ele não quer. - um garoto perguntou.

- Ele irá sim, no tempo certo ele irá ter uma rainha. - ela sorri.

- Você quelia ser minha rainha? - uma garotinha pergunta e vejo como ela pega a garota no colo e responde: - Claro que queria ser, mas a escolha é do rei, nós não podemos decidir por ele quem será.

- Mas se não for você, poderemos não lhe ver mais. - o mesmo garoto diz triste.

- Olha Filipe eu me apeguei a vocês então não importa a que o rei escolher para colocar no trono, sempre vou dar um jeito de ver as crianças que Deus me deu para cuidar.

Decido sair dali e desisto de ir ter com os homens, vou para um lugar afastado e fico orando pedindo sabedoria, ela me deixa confusa e frustado por vezes e não sei como agir.