CAPÍTULO 59-DECEPÇÃO

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


O neto mais novo de Estela Dantas sabia que eles eram o assunto da cidade em muitas rodas, porque não dava pra ser discreto se Mateus estava por perto. Tudo bem, Diogo admitia, ele gostara daquilo no início: era amado, era desejado, era praticamente o ar que o primo respirava...quem não queria um amor assim?

Era fato que Mateus tentava convencê-lo a recusar algum pedido da avó que os expusesse a lugares públicos onde não podiam fazer amor...mas o outro queria fazer amor o tempo todo, o que descartava qualquer tipo de ajuda à avó que era tão boa pra eles, reconhecia Diogo.

Estela escondia, disfarçava, mas um comentário ou outro sempre chegava até ela e era a Diogo que ela vinha pedir, encarecidamente, para que se controlassem, pelo menos em público.

_Não é homofobia..._ela mentia tentando não deixar o seu neto caçula deprimido._É só que eu acho que vocês dois estão passando dos limites...exagerando. Olha, um dia pode perder a graça, porque não se pode fazer tudo assim de uma vez, filho...desgasta a relação...desgasta a atração. Converse com o Mateus pra mim, por favor. Com jeitinho, ou ele poderá se zangar comigo e eu não quero isso. É só tentar...controlar o seu primo, meu anjo, pelo menos perto das outras pessoas. Não quero que vocês dois fiquem mal falados...mal vistos.

Diogo conversara com o namorado, mas tentara mostrar que tudo vinha apenas dele...escondia que eram conselhos da avó.

_Você está um chato hoje!_Mateus apelava contrariado._ Parecendo a Estela! Manter as aparências em público... o que devemos para as outras pessoas? Temos o nosso amor e nem Deus pode acabar com ele!

_Falou, Titanic._Diogo tentara brincar.

Diogo lembrava-se de cada palavra daquela última conversa ali na fila, pouco antes do primo ser assassinado com aquele tiro na nuca.

Teria sido providência divina ter deixado o assassino morto a fim de que Diogo não precisasse matar o marginal com suas próprias mãos? Às vezes ele avaliava aquilo: o rapaz atirando em Mateus, Diogo o perseguindo pelas ruas da cidade até alcançá-lo e aí o mataria com as próprias mãos! Talvez fosse pra um reformatório, depois talvez o deixassem apodrecer numa cadeia por achar-se no direito de fazer justiça com as próprias mãos.

Diogo continuou ali, na escuridão de seu quarto, a lembrar-se da última conversa com o primo...

Daí a pouco a vontade de Diogo não mais valia: não iriam pra faculdade (Mateus sabia que ele sonhava em fazer faculdade), e nem teriam a festa de aniversário (Estela já estava programando aquela festa há anos).

Pediriam dinheiro a Estela e iriam viajar pelo mundo. Esquiar nus na neve, ou mesmo conhecer Machu Picchu e as pirâmides só virara roteiro de viagem pra Diogo depois que Mateus lhe falara que era desejo dele! Mateus queria aquilo tudo...não Diogo! Diogo queria a festa...a faculdade...ficar em casa!

O ano sabático detonaria com todas as reservas da avó, mas ela não conseguiria dizer não, caso acreditasse que era o desejo dos dois...era? Diogo não sabia, pois reconhecia que não tinha mais vontade própria.

_Sim...quero te comer em cada canto do mundo...em todos os climas morder a sua pele...cheirar o seu suor...te lamber todinho...te dizer te amo em todas as línguas dos países por onde a gente passar...

Diogo ainda podia lembrar-se de cada palavra dita por Mateus ali, naquela fila...minutos antes de morrer...e aí ele chegara tão perto, o encoxando ali mesmo...Diogo já não conseguia mais dizer não...já não conseguia mais ser rude com ele...

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora