Nem tão boneco de cera assim

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A vida é uma corda bamba e, durante toda a trajetória, você só tem duas opções: chegar até o final, ou rezar para que a queda não seja tão feia.

E nesse momento, eu estou no auge da minha vida (e não é de um jeito bom), torcendo para não cair e me esparramar no chão.

Durante toda festa, Jae não parava de me encarar e sorrir. Geralmente, quando alguém escuta a palavra "sorriso", imagina coisas boas e bonitas, mas os sorrisos que ele me lança sempre faziam meu estômago revirar. E não é porque eu bebi um pouquinho, é porque eu não sei do que ele é capaz de fazer para conseguir o que quer. E é exatamente disso que eu tenho medo.

Minha vó mesmo já dizia: "não tenha medo dos mortos, e sim dos vivos". Não sei se isso faz muito sentido agora, mas o ponto que eu quero chegar é: ter medo do conhecido é normal, mas devemos mesmo temer aquilo que não sabemos, já que não temos certeza do que pode acontecer.

Eu deveria estar aproveitando a festa, dançando por aí, mas eu só estou sentado no chão, completamente sozinho, na minha quarta latinha de cerveja. E é estranho que eu ainda esteja conseguindo raciocinar. Talvez eu seja mais resistente do que imaginei em relação ao álcool.

Senti alguém sentar ao meu lado, mas estava meio tonto, então virar para olhar quem era não foi uma opção.

— Pensei que não gostasse de beber. — Yoongi.

— As circunstâncias pendem tal ato. — Suspirei.

— Se me contar o que te aflige, talvez eu possa ajudar.

— É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Tem essa mentira enorme que eu preciso esconder a qualquer custo, tem o Jae me ameaçando, tem o meu coração que só falta sair pela boca toda vez que eu vejo o Jungkook...

— O Jae tá o quê? — Merda! Droga de álcool!

— Esquece isso. Eu acabei de admitir que estou apaixonado e você nem liga?

— Primeiro que isso aí é novidade só para você, porque eu já sabia. Segundo que o irmão da sua paixão está te ameaçando e você quer que eu ignore isso? Jimin, preciso que me ajude a te ajudar.

Então eu falei tudo. Eu me senti tão aliviado em poder contar com alguém, principalmente sendo Yoongi, que é um cara sensato.

— Vamos fazer purê dele! — Gritou.

— Yoongi! — Repreendi. Ele riu.

— Isso é muito sério, Jimin. Você precisa falar com um superior e resolver essa situação ou ela nunca vai mudar. Sempre soube que o Jae era uma cobrinha.

— Eu não posso fazer isso. Ele vai contar para todo mundo e vai me odiar ainda mais. A essa altura, eu já nem ligo tanto para o segredo, mas eu tenho medo que ele afaste o Jungkook de mim.

— Gosta mesmo dele, né? — Assenti. — Então é melhor que fale a verdade. Ele pode até ficar chateado, mas sei que te entenderia, é do Jungkook que estamos falando, e ele é um cara incrível.

[...]

Eu estava um pouco perdido. Na verdade, eu tenho certeza que já entrei e saí desse corredor umas cinco vezes, e estou certo que em nenhuma delas tinha esse boneco de cera parado na porta.

— Quão bêbado você está? — Ah, a voz do Jungkook. Tão doce...

— Só um pouquinho só... opa. — Tentei me aproximar e acabei tropeçando no meu próprio pé, o boneco de cera me impediu de meter a cara no chão. — Você é igualzinho a ele... — Aproximei bem o meu rosto do rosto do boneco, pude até mesmo sentir sua respiração se misturando com a minha. — Você é tãoooo legal.

Nem tão alfa assimOnde histórias criam vida. Descubra agora