Nem tão desastroso assim

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Faz uma semana desde a última vez que Jungkook esteve aqui. Os garotos estão tão preocupados quanto eu, mas acho que o peso que eu sinto é ainda maior que o deles. Eu não consigo parar de me culpar por fazê-lo se afastar, por ter mentido para ele, por mais que ele tenha dito que estava tudo bem. É que é fácil falar, mas é difícil acreditar quando o que você fala não condiz com o que você faz.

Ultimamente eu tenho tentado me ocupar com outras coisas, tenho ensaiado bastante para a apresentação. Apesar dos apesares, eu já não tinha muito a perder. Jungkook já sabe da verdade, então as ameaças de Jae só valem para a direção do colégio, mas Jae já não é algo com que me preocupo, tendo em vista que ele está bem mais quieto do que de costume. Isso até me assusta um pouco, fico pensando se ele está armando um jeito de me sabotar, mas isso também seria ruim para ele.

— Café. — Taehyung entrou no quarto me estendendo uma xícara de café. Ele tinha no rosto um sorriso simplório, era estranho vê-lo assim.

— Não precisa ficar triste por mim, Tae. Faço esse papel sozinho. — Aceitei a xícara de bom grado, Taehyung sentou-se de frente para mim.

— Eu só estou desanimado. É tão chata toda essa situação, você tristonho, Namjoon e Yoongi também, Hoseok preocupado, me ligando sempre para saber como você está. Eu não pensei que seria assim. — Eu ri. — Qual a graça?

— Eu também nunca imaginei que seria assim. Eu só tinha um objetivo, apenas, mas então... eu me apaixonei. E quando isso acontece, não há muito o que fazer, até que seu coração desista desse sentimento. — Tomei um gole do café.

— Seu coração não vai desistir.

— Ele não vai.

— Você é mais forte do que pensa, Park Jimin. — Inclinou-se para acariciar meus cabelos e eu me senti feliz com aquele carinho.

— Você tem falado com ele? — Taehyung se afastou.

— Ah... não. Ele não responde ninguém, nem o Yoongi.

— Isso é preocupante.

— Outro dia, Yoongi e Jae quase saíram no soco, foi irado. — Ele disse, sorrindo. Mas assim que o encarei, frio, ele parou. — Quer dizer, eu segurei o Yoongi para impedir. Tive que tapar a boca dele também, acredita que aquele branquelo ameaçou cuspir na cara do teu cunhado? — Ri imaginado a cena.

— Me lembre de nunca irritar o Yoongi.

[...]

Mais uma vez, os alunos deixavam a sala, mais uma vez a professora sorriam para mim e dizia que eu era dedicado, mais uma vez a porta se fechava e eu me encontrava sentado naquele piso de madeira, sozinho.

A ideia de dançar no escuro me alivia um pouco. Assim as pessoas realmente vão conseguir prestar atenção na dança e não vão ver o meu suor escorrendo no rosto ou minha feição aflita enquanto o pensamento de que não devo errar percorre a minha mente. Eu tenho trabalhado muito para minha silhueta parecer impecável, mas sem dietas absurdas, apenas ando treinando bastante, até onde posso, sabendo meus limites.

No meio dos meus pensamentos, escuto a porta rangendo e uma silhueta mais alta se faz presente. A sala estava escura, para me ajudar a treinar melhor, então eu não tive certeza de quem era, até sentir o cheiro forte.

O cheiro dele.

— Me disseram que estaria aqui. — Falou, já bem próximo de mim. Eu me mantive sentado no chão, porque se levantasse eu o agarraria, e não tenho certeza se deveria.

— Não gosto de ficar sozinho no quarto, se for para ficar sozinho, que seja fazendo algo que eu goste. — Falei, ainda meio em choque.

— Senti sua falta. — Isso foi o suficiente para me fazer levantar. — Eu senti muito a sua falta. — Reforçou, e isso foi o impulso que eu precisava para me jogar em cima dele. — E o seu cheiro é incrível. — Jungkook cheirou o meu pescoço com uma delicadeza só dele, como se quisesse aproveitar e guardar o meu cheiro nas suas narinas.

Nem tão alfa assimWhere stories live. Discover now