Capítulo 3

541 105 17
                                    


Despertei sentindo as mãos sedosas da Alícia alisando o meu peito, meu sorriso foi automático, abri os olhos pouco a pouco e a vi, imediatamente ela retribuiu ao meu sorriso.

— Te acordei?

— Sim, mas não tem problema — disse e me sentei na cama, olhei para o meu relógio de pulso e me levantei da cama rapidamente. — Vem, já está quase na hora.

— De quê? — ela perguntou confusa.

— Vem logo.

Peguei na sua mão e a conduzi para fora do barco, mais precisamente para proa, ainda estava um pouco escuro e frio, sentamo-nos no sofá, abracei-a forte, e esperamos alguns minutos o espetáculo iniciar.

— O que estamos esperando? — ela rompeu o silêncio.

— Calma, você verá.

Pouco a pouco a escuridão deu lugar ao sol que nascia preguiçoso e imponente no horizonte. Eu adorava acompanhar esse momento, sobretudo em alto-mar, era uma experiência ainda mais valorosa. Observei-a por alguns minutos, ela olhava com tanta atenção que não parecia apenas apreciar o sol, havia uma preocupação no seu semblante e parecia que o sol tinha suas respostas. Levantei seu rosto devagar pelo queixo afilado.

— O que estava pensando? — questionei.

— Nada, apenas admirando o sol — ela respondeu e ficou na ponta dos pés para beijar a minha testa delicadamente.

Trocamos um novo abraço e por um instante eu encontrei uma paz tão grande em estar com ela nos meus braços, foi um sentimento estranho e ao mesmo tempo assustador, há muito não me sentia assim.

— Com fome? Ou quer repetir o que fizemos no chuveiro ontem, antes do café?

— Acho que preciso me alimentar primeiro para aguentar a maratona de orgasmos — ela disse sorrindo, mas ligeiramente envergonhada.

— Sem problemas, bella mia, você quem manda. Mas não precisa ficar envergonhada, somos livres e desimpedidos e podemos fazer o que quisermos e gritar tão alto quanto desejarmos. Foi por isso que zarpamos.

— Como você sabia que eu gritaria? Não me conhece.

— Intuição e experiência, bella. Imagino que você nunca tinha experimentado orgasmos múltiplos, estou certo?

— Você sempre faz isso com todas?

— Apenas com as de meu interesse. Mas não respondeu minha pergunta, você já havia tido outros orgasmos múltiplos? — insisti.

Não que fosse difícil deduzir a resposta, mas eu queria ouvir da boca dela.

— Essa pergunta é muito pessoal, não quero respondê-la.

Era nítido que ela tinha ficado incomodada com a pergunta, o que só fortalecia a minha tese: Alícia teve poucas experiências sexuais satisfatória. Pelo menos depois de ter passado a noite comigo será mais seletiva, não vai mais se contentar com qualquer amante de quinta categoria, isso era positivo, afinal, não é todo dia que se encontra um homem bom de cama como eu.

— Eu sempre tenho as repostas que quero, mesmo você não querendo me dizer, sei bem como consegui-la.

Ela saiu em silêncio depois de uma troca de olhares intensa, era incrível como ela era afrontosa e não deixava por menos. Segui-a, puxei-a pelo braço e a beijei, depois a coloquei em meu colo e a conduzi para o sofá da sala, eu queria respostas e já sabia muito bem como as teria.

— Espero que goste de doces — disse e dei-lhe um novo beijo.

— O quê?

— Fique quietinha aqui, já volto.

Enrico Millani - Volume I - PAUSADOWhere stories live. Discover now