Lar

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Jiang Cheng sabia que Jin Ling estava chateado com tudo aquilo que, além de fugir do racional, fugia do controle e do lógico. Aprenderam que alfas eram ruins, malvados e cínicos e aquele alfa até então solitário a quem foram dados para serem devorados, em primeiro momento, os tratava bem, com cuidado e já tinha caído nas graças do Jingyi, que verdade fosse dita, tinha um coração mole embora escondesse bem.

Mas ele confiava no coração do mais alto assim como confiava nos seus instintos que gritavam que aquele lobo dos lobos era mais cheio de escrúpulos que todos os homens honrados que a velha contava em suas histórias. A velha que cuidou deles até o último suspiro, a velha que ele respeitava.

Ela era o que mais próximo de uma mãe ele teve, e se não fosse pelos outros três ele teria se matado quando ela se foi, sabia que com o alfa da matilha deles, a vida dos quatro ia de difícil para insuportável, queria ter tido a coragem de fugir com os mais novos, porém não o fez, seus instintos diziam que aquilo ia ter fim de outra forma... Seria então... Isso?

Era aquele alfa? O destino deles era aquele alfa?

Seu coração, seu corpo, tudo nele se sentia pacífico agora e quase feliz, seus irmãos estavam cuidados, alimentados e Jingyi até conseguiu um desejo. Aquela seria a recompensa por todos os anos de fome e dor que tiveram?

Ele achava que talvez. Mas A-Ling não pensava assim, A-Ling era eternamente ressabiado, muito mais que ele mesmo era.

Jiang Cheng saiu do quarto do alfa enquanto depois de comer, Jingyi havia caído no sono e passou no quarto que foi dado a eles para se certificar que A-Ling também dormia antes de voltar para a cozinha com as vasilhas vazias.

A-Zhen limpava tudo enquanto ele sabia, o alfa tinha saído para encontrar o vampiro amigo dele. Um lobo alfa dos alfas amigo de um vampiro... Era tão estranho, como tudo naquele alfa.

— Ele é bom, A-Cheng, eu sinto isso, vamos viver em paz e servi-lo, sim?

Zizhen lhe sorriu, ele estava feliz também, ele e Jingyi já se encontraram ali, naquela toca de um lobo impossivelmente contra a sua própria natureza e ele queria que aquele sentimento invadisse sua alma também, contudo ainda havia algo que se remexia dentro do seu coração, algo que não estava ali.

Algo que não sabia dar nome.

— Eu conheço esse olhar – E A-Zhen, sempre muito sensitivo o puxou pelas mãos até sentarem um frente ao outro nos banquinhos de madeira – Você e a velha viviam olhando para além do horizonte dessa forma, ela falava que precisava partir, para voltar, e você dizia que precisava voltar para partir, está pensando em fugir, A-Cheng? Agora que finalmente temos um lar?

Será que era aquilo? Ele olhou para o amigo piscando, não pensara nisso até então, mas talvez...

— Meu coração diz que estão seguros aqui, que ficarão bem, que serão cuidados ferozmente pelo alfa dos alfas. Eu sinto paz sobre isso, porém...

— Porém agora que acredita que estamos seguros, você quer ir buscar o que sempre sentiu falta, é isso? Ir atrás do que pensa ser seu destino? – Jiang Cheng quase sorriu ao ver A-Zhen suspirar, as vezes ele parecia uma mãe para eles – Sabe que eu vou apoiá-lo em qualquer decisão, sabe disso, mas... Primeiro deve conversar com o alfa, sei que ele vai ouvi-lo, depois pense com cuidado sobre isso. Nosso líder sempre foi você, tenha a certeza de que é isso mesmo que deseja, tudo bem?

E então ambos riram juntos, como sempre. Jiang Cheng acabou abraçando o amigo.

— Obrigado, A-Zhen!

Toca do LoboWhere stories live. Discover now