Capítulo 5

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Você pode fechar os seus olhos para as coisas que você não quer ver, mas não pode fechar os seu coração para as coisas que não quer sentir.

-William Shakespeare.

 Mas em baixo do céu tem toda uma regra de viver, toda uma lei. Temos um tempo necessário para sermos gerados no ventre de nossas mães, mas no geral não passamos do resultado de uma conspiração da qual não fomos consultados. Talvez ninguém escolha onde quer nascer, que aparência deseja ter ou quanto abastarda será a família que ira ter muito menos escolha as cruzes que tenha que suportar. Mas talvez, bem talvez essa história de "não pedi pra nascer" não esteja muito bem contada, talvez bem talvez nós queiramos sim nascer, viver. Talvez no fundo seja isso, tudo o que nossa alma mais anseia: viver, nascer, sofrer e padecer, sorrir e decidir, deixando assim o nosso espirito em constante movimento na Terra, em constante vida!

A idade que temos não depende de como o nosso corpo nasce ou muda, mas depende de quanto tempo já vivemos, de tudo que aprendemos e experimentamos. Quem sabe não somos todos como o caso de Benjamim Button, que é a prova de que o corpo não condiz com nossa idade. Esta história seria passível de inveja por parte de alguns, mas se todos fossem assim e nascessem velhos com alma inexperiente de criança o mundo teria outras ideias, teriam muito mais cadeiras de rodas diferentes para sustentar idosos-crianças e o mundo acabaria por ser governado por crianças exteriormente, mas por adultos crescidos intelectualmente. No fim, ao caso de Benjamim, você vê as pessoas morrerem enquanto você vive e rejuvenesce, o que me faz pensar em como seria viver e regredir em idade vendo as pessoas que amo envelhecendo e morrendo.

Eu tentava explicar ao Nathaniel que a diferença da minha idade (vinte e oito anos) não era tão grande em comparação com a da Sas (dezoito), afinal, eram apenas dez anos.

-O problema Du é a sua recente obsessão por essa garota!- Fazia apenas um dia desde que eu a tinha visto e ele já estava a desfiar comentários sobre o quanto eu falara dela nessas vinte e poucas horas.

-Mas eu não estou entendendo porque você está tão nervoso em relação a ela. Não é você que me diz que eu devo seguir meu coração, que eu tenho que ser sincero comigo mesmo e parar de ter um coração de metal? Pois bem, estou tentando!

-Aham está- e começou a cantar uma musica que eu odiava- A paixão me pegou tentei escapar não consegui! Nas grades do meu coração,... – Ele se levantou e ergueu as mãos pro alto como se fosse um cantor sertanejo.

-A pare com isso Natan, por favor pare...

Mas ele não parou:

- Sem querer eu te prendi- e se colocou a gritar a plenos pulmões aquele refrão- a paixão me pegou...

Então, segui o ditado: se não puder deter um babaca, junte-se a ele.

- Tentei escapar não consegui! Nas grades do meu coração sem querer eu te prendi- depois de gritarmos a mesma musica que eu odiava por mais umas cinco vezes conseguimos encerrar a discussão. Bom, encerramos até certo ponto.

-Mas aqueles olhos... Você já viu olhos mais lindos? – continuei nem que fosse só para ter o gostinho de vê-lo bravo.

-Eduardo, você está fazendo de novo.

-Mas eles são!

-Aham, eles são, agora pare de idiotice se não vou chamar um padre pra te exorcizar, vou fazer uma macumba, o diabo a quatro, qualquer coisa mas fica quieto!- para enfatizar ele jogou uma almofada na minha cara e eu fiquei calado.

Estávamos na minha casa, eu conectava os cabos do meu Playstation 4 e Natan, como sempre, procurava algo comestível na minha geladeira.

-Como assim só tem bandejinha com alface, cenoura com brócolis... frango pra gralhar. Cadê aquela picanha esperta?

Meu Presente é a LuaWhere stories live. Discover now