Capítulo 37

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Sina Deinert

Maldito Noah. Ele está me matando com seus toques e olhares ansiosos e agora ele vai cantar. Eu sempre tive um ponto fraco pela voz dele. Nós sentávamos em sua cama e ele dedilhava sua guitarra enquanto eu desenhava. Aqueles eram alguns dos momentos perfeitos da minha vida.

- Sina, qual é o teu problema? — Heyoon pergunta com uma acusação. – Você parece um pouco ruborizada.

Eu dou um gole no meu café com leite e realinho o suporte na mesa, para que eu não
consiga ver o meu reflexo no aço inoxidável.

- Só está um pouco quente aqui. Só isso.

- Sim, claro que é. — Ela não para de olhar para mim, como se ela estivesse tentando
abrir minha cabeça.

Quando Noah pisa no palco não muito longe da nossa mesa, o meu coração começa a cantar palavras impronunciáveis. Sentado em um banco com sua guitarra no colo, ele coloca os lábios no microfone, mordiscando seu piercing no lábio.

- Essa aqui é chamada  "O que Ninguém Nunca Vê"

Ele dedilha um acorde com seus olhos presos nos meus.

- Eu vejo nos seus lindos olhos, como um ponto no sol.
As coisas que você quer esconder, enterradas profundamente dentro de você.
Cego pela luz.
Quase chega a doer de se olhar, quase doi respirar.
Nunca você consegue olhar para as coisas que ninguém nunca vê
Sombreadas pela sua luz.
Por favor, me tome dentro de você, por favor, me receba
Nunca eu vou sussurrar, nunca eu vou desistir.
Mesmo quando eu estiver morrendo, o seu coração sempre vai ganhar.
Blindada para os cegos, isolada dos ingênuos.
Te quebrando em pedaços, que apenas pode se lamentar.
Velado pela sua luz.
Apaixonada pelo mundo, e mesmo assim, ignorada pela maioria.
A sua alma brilha em você, desesperada para brilhar para o mundo
Mas cega por causa de sua escuridão.
Por favor, me tome dentro de você, por favor, me receba.
Eu nunca vou sussurrar, eu nunca vou desistir.
Mesmo quando eu estiver morrendo, o seu coração vai sempre ganhar.

Com uma última nota, ele termina a música. A multidão aplaude e os meus olhos se desviam do seu olhar penetrante, e vai para a porta. Eu quero fugir como se o lugar estivesse pegando fogo.

- Puta merda, — Heyoon sussurra, se abanando. — Você estava certa. Isso foi QUENTE.

- Eu toco bateria. — Josh bate seus dedos na mesa, e faz barulhos de bateria. — E eu sou bem bom.

- Não o deixe te enganar. — Any toma seu café e um sorrisinho curva seus lábios. — Ele consegue tocar bateria no Rock Band e só isso.

Josh lança um olhar ameaçador para a Any.

- Você pode parar? Não é mais engraçado.

Heyoon olha para mim procurando explicação.

- É assim que eles são, – eu explico com um suspiro alto. — Eles brigam como cães e
gatos.

Heyoon coloca seus cotovelos na mesa e descansa seu queixo em suas mãos.

- Ei, o seu irmão não toca bateria?

- Sim, o Dean tocava, — eu digo. — Um pouco, de qualquer forma.

- Agora o Dean é gostoso, — Any observa, mirando para me irritar.

Noah pega sua guitarra e limpa o palco para o próximo cantor, uma garota com dreads
rosas que parece ter rancor contra o mundo inteiro. Uma garota alta com longas pernas
encontra o Noah no canto do palco.

Seu cabelo ondulado preto flui pelas suas costas, seus olhos acinzentados são impressionantes, e seu sorriso é brilhante. O nome dela é Naomi e ela é filha do dono da cafeteria, com quem Noah tocou algumas vezes.

Ela diz algo para o Noah e ele ri. Um lampejo de inveja queima em mim, mas eu o reprimo
rapidamente. Ela o leva para fora do palco e a mão do Noah vai para as costas dela. Ele me lança um último olhar, antes de ele se abaixar atrás do palco. Eu não consigo lê-lo e isso me assusta mais do que eu posso.

Heyoon bebe sua bebida de soja e olha pra mim por cima da borda de seu copo.

- Eu não ligo para o que você diz. Aquele garoto está apaixonado por você.

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𝘁𝗵𝗲 𝘀𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁 (𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶𝗱𝗮)Where stories live. Discover now