Namorado de aluguel a preço justo

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POV Will Solace


Minha cabeça, por algum motivo desconhecido, latejava como se estivessem tocando bateria no córtex. E apesar disso tomar boa parte do meu foco eu reconhecia o cheiro de amaciante das minhas cobertas, a sensação fofinha dos travesseiros sob minha cabeça, o calor confortável da pessoa atrás de mim e...

Espera aí.

Ergui o tronco depressa, assustado com a última constatação. afastei a mão que estava abraçando minha cintura e toquei meu peito, vendo que estava nu. Imediatamente eu ergui o edredom que cobria meus quadris, suspirando aliviado quando notei que minha calça de pijama estava exatamente onde deveria estar e cobrindo o que deveria cobrir.

Ainda sim isso não me deixava mais confortável quando vi o homem ao meu lado. Os cabelos que pareciam precisar de aparo lhe cobriam o rosto, mas eu podia notar traços como os lábios finos e o nariz reto, além da pele pálida que denunciava uma possível falta de vitamina D. O homem em questão não parecia muito afim de acordar, na verdade parecia confortável até demais para um intruso.

Pensei em sair de fininho, como adolescentes em filmes faziam depois de não lembrarem de uma noite, mas eu já estava na minha casa. Me levantei do meio dos travesseiros confortáveis e vesti uma roupa, afinal não sabia o quanto aquele cara havia visto e não queria correr risco de parecer muito revelador.

Quando o fiz voltei para perto da cama e estufei o peito.

- Ei, estranho. - Chamei confiante, com uma carranca que jurei ser ameaçadora, vendo lentamente a pessoa resmungar e se virar na cama. Senti meu rosto esquentar quando, em meio ao movimento, o cobertor caiu, revelando seu corpo que estaria desnudo se não fosse pela cueca.

Imediatamente eu toquei meus quadris, havia checado se estava com calças anteriormente mas cuidado nunca é demais. Constatei que não sentia nenhum incômodo ou dor, nada diferente. Isso queria dizer que, ao menos, eu não havia sido violado.

Engoli em seco, me aproximando hesitante e encostando nos ombros do estranho. Sacudi seu corpo um pouco, vendo os cabelos escuros e que precisavam ser aparados balançarem. Pareciam macios... afastei esse pensamento depressa. Aos poucos seus olhos se abriram, muito escuros e brilhantes.

- Oi, gracinha. - Murmurou, sorrindo ladino. O ato repentino me fez soltar seus ombros e dar um passo atrás, surpreso. - Dormiu bem?

- Quem é você? Como chegou na minha cama? E por que está agindo como se tivéssemos transado? - Despejei as perguntas, minha mão se esgueirando até a parede e agarrando meu violão pro caso de precisar me defender.

- Calma, muitas perguntas pra quem acabou de acordar. - O estranho riu, se sentando na cama e jogando os cabelos para trás. Quis bater nos meus hormônios que acharam aquilo estupidamente atraente. - Eu sou Nico.

- Nico...? - Murmurei, erguendo mais o violão quando ele se levantou. Mas eu não sofri ataques, pelo contrário, ele apenas me estendeu a mão num cumprimento. Olhei por alguns instantes antes de constatar que não corria perigo, e então largar o violão no chão para apertar sua mão.

- Sim, e você é Will. - Pensei em perguntar como ele sabia isso, mas fui cortado. - Tem café? - E em um instante ele havia saído de perto de mim e estava no cabideiro, pegando um jeans escuro, uma camisa estampada com caveiras e uma jaqueta grande e pesada de couro sintético. Eu sequer havia notado aquelas roupas ali, mas com certeza não eram minhas. Me perdi um pouco olhando-o se vestir e só voltei a mim quando ele estava na minha frente novamente. - Ei, você me ouviu? Café?

- Acho que não. - Respondi depressa, afinal era sábado de manhã, mamãe estava trabalhando e Kayla nunca amanhecia em casa, ou seja eu teria que fazer algo se quisesse comer.

EnviadoWhere stories live. Discover now