Ficar enquanto você ainda me quiser

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POV Nico Di Angelo

Eu deixei que Will me abraçasse por quanto tempo achou necessário, e eu o abracei de volta. Era algo impagável, senti-lo nos meus braços de novo me fazia pensar que, talvez, eu realmente pudesse tê-lo para sempre comigo.

Seu cheiro de dia de verão me enchia de uma esperança infundada. 

- Como? - Foi apenas um murmúrio contra minha pele, para o qual will sequer ergueu os olhos, mas eu o entendi perfeitamente.

- Fugi do inferno. - Minha simples fala displicente fez com que meu loiro erguesse os olhos depressa, um tanto quanto assustados. Dei de ombros, na tentativa de fazê-lo pensar que aquilo não era nada demais, mas o atrito causado pelo movimento fez o rasgo em meu pescoço arder, mesmo sob o curativo, e eu não fui capaz de disfarçar uma careta.

Imediatamente ele notou o ferimento, e eu segurei um palavrão por ser tão óbvio.

- Você está machucado. - Era uma conclusão precisa, que veio acompanhada de seus dedinhos curiosos se erguendo para tocarem a gaze que cobria o sigilo rompido.

- Não é nada. - Garanti, minha mão agarrando a sua no ar rapidamente, como um reflexo antes que pudesse chegar perto da minha pele. Will se retraiu um pouco, o braço encolhendo devagar, mas seu recuo não durou tanto quanto eu esperava.

- Se não é nada me deixe ver. - E então ele me deu um tapa, forte demais para ser algo carinhoso, afastando minha mão. Não resisti mais, apenas suspirando enquanto o deixava me examinar. 

Devagar, Will tocou a gaze suja que eu usara de maneira improvisada, fazendo uma careta. Eu senti quando as fitas foram cuidadosamente retiradas e o machucado exposto, e pelo rosto do loiro eu podia deduzir que não estava uma cicatriz limpa e meu trabalho não havia sido tão bom. 

- Eu sei que está péssimo. - Me adiantei para dizer.

- Vai adiantar eu dizer que devíamos ir ao médico? - Fiz que não com a cabeça, não queria ter que inventar uma história louca o suficiente porém mortal sobre como eu tinha um corte em cima de uma tatuagem esquisita do demônio. Will suspirou cansado. - Okay, então eu vou cuidar disso.

Não tentei protestar, até porque sabia que precisava de cuidados. Will se afastou e se levantou da cama, mas não antes de me deixar um beijo na testa, arrancando um sorriso idiota de mim. 

Ele sumiu pela porta do quarto e eu me virei na cama para encarar o teto e espera-lo, mas a mera menção de minhas costas tocando o colchão fez com que as cicatrizes das asas ardessem como o fogo do inferno, e eu desisti. Mordi o lábio, não podia deixar Will ver aquelas cicatrizes, não era algo explicável ou bonito, era assustador, e ele me mataria por estar me mutilando. 

Respirei fundo e ajeitei meu corpo de modo que os restos de carne abertos das minhas asas não incomodassem demais, pelo menos enquanto Will estava por perto e eu tinha que fingir saúde.

- Eu consegui um bom analgésico. - A porta abriu e dela despontou meu loiro, carregando orgulhoso uma maleta imensa e branca que eu não sabia que tínhamos a disposição. Ele puxou a cadeira que normalmente usava para estudar e se sentou à beira do colchão, parecia tão confiante no que fazia que não ousei perguntar se ele tinha um conhecimento básico sobre primeiros socorros. 

Mas algo pareceu incomodar Will, já que ele se levantou novamente e me analisou por alguns instantes. Não tive tempo de reclamar quando ele prontamente passou seus braços por minha cintura e joelhos, me erguendo e posicionando onde achava melhor. Queria tê-lo abraçado e pedido para continuar em seu colo, mas achei que pareceria tosco, então me contive e deixei que ele ajeitasse todas as coisas que aparentemente precisaria, em silêncio. 

EnviadoKde žijí příběhy. Začni objevovat