•Capítulo Um•

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Enrico

Entramos na clínica do terapeuta que eu mesmo tinha escolhido para Pietra, Lione Albuquerque. O velho fodido devia para a famiglia e não tinha forma melhor dele pagar,e o mais importante no momento era ele manter silêncio.

Apertei a mão de Pietra na minha quando entramos,a balconista assim que nos viu sorriu,mas foi mais um sorriso de flerte para mim do que por educação ou profissionalismo. Meus homens entraram bem atrás e ficaram na porta aguardando enquanto eu ia com Pietra para o balcão.

Pietra permanecia tensa do meu lado,já fazia dois dias desde seu último surto e eu não queria correr o risco daquilo acontecer de novo e eu não puder ir,ou chegar tarde demais.  Por isso tinha decidido levar Pietra a qualquer lugar que eu fosse,ela iria todos os dias comigo para a Spazio Blu e ficaria lá comigo enquanto eu trabalho.  Não arriscaria mais.

A mulher atrás do balcão,um tanto magra e com lábios falsos,riu para mim de novo. Tinha que admitir,estava começando a ficar nervoso com ela,depois que conheci Pietra nenhuma outra me importou. Nenhuma mesmo.

— Tenho horário marcado com Lione. — falei,passando o braço pela cintura da minha mulher.

A balconista piscou mais um sorriso para mim e indicou a porta.

Sem mais nenhum olhar para a mulher,me virei com Pietra colada ao meu lado e fui para a porta do terapeuta.

Bati na porta três vezes e esperei,sentindo como Pietra estava tensa contra mim.

— Não se preocupe meu amor,tudo vai ficar bem. — falei,beijando o topo da sua cabeça.

— Espero que sim. — respondeu com um suspiro.

Eu odiava admitir que tinha alguma coisa errada com a minha mulher,e foi por isso que resolvi ficar quieto esse tempo. Talvez fora por isso mesmo que as coisas chegaram a esse ponto,digo,que a levou a ter esses surtos. Se eu tivesse me apressado e ajudado ela quando ela surtou pela primeira vez,mesmo que eu fui o maior causador do seu primeiro surto,não teria chegado até aqui.

Agora eu me sentia um idiota,estava tão arrependido de ter saído e deixado ela lá,cego pelo ciúmes dela com Paul, quando estava claro que ela queria apenas eu.

A porta na nossa frente se abriu e Lione sorriu abertamente para nós. Era um velho viciado em jogos de aposta,mas era um ótimo terapeuta e médico,no fim de tudo.

— Sr. E Sra.Accappatollo,por favor,entrem e se acomodem. — disse fazendo um gesto cortês.

Deixei Pietra entrar primeiro e,segurando em seu quadril entrei atrás dela. Puxei uma das cadeiras na frente da mesa para ela se sentar e me sentei ao seu lado.

A sala era de um branco ofuscante. As paredes brancas,a mesa marrom e as cadeiras pretas e confortáveis.

Lione se sentou na mesa na nossa frente e abriu seu laptop,fazendo anotações nele. Depois de passar os dados básicos de Pietra e meu para ele, Lione se recostou na cadeira e cruzou os braços.

— Bom,senhorita Pietra. Farei algumas perguntas para você. A senhora pode não se sentir a vontade,mas eu preciso delas para descobrir o que está acontecendo com você nesse momento.

Pietra concordou. Me senti orgulhoso por ela não recusar e nem fugir quando ele começou a fazer as perguntas para ela.

Eu estava tão focado na minha mulher que nem me preocupei com o terapeuta. Se ela não se sentisse bem o suficiente para responder alguma das perguntas,então não responderia.

Fiquei ali,sentado na cadeira ouvindo tudo o que Lione perguntava para a  minha mulher. Não estava com pressa,tinha tirado esse dia para vir com Pietra no terapeuta,e o mundo podia desmoronar,os russos podiam se banquetear com as cabeças dos meus soldados,que eu não iria. Hoje era sobre Pietra, e eu queria estar presente quando o terapeuta dissesse o que está acontecendo com a minha menina.

O Bebê do Capo | Spin-off de Gaiola DouradaWhere stories live. Discover now