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             Dean só tinha 22 anos e um monte de contas se acumulando, desde que saíra de casa jurando nunca mais olhar para trás tudo parecia desmoronar. Todos seus segredos caíram diante dos seus olhos e por amor a sua própria vida preferiu fugir. Vivia em pequenos quitinetes e trabalhava em qualquer bico que conseguisse, atualmente labutava em uma oficina mecânica para um homem chamado Bobby Singer. Eram tempos difíceis e seu salário dava apenas para necessidades como pagar algumas contas e comer, coisa que não tinha feito bem posto que a cada dia ficava mais magro.

           Ao fim de mais um dia de trabalho ele voltou para seu micro apartamento, que era na verdade de Bobby, encontrando Charlie, a única amiga que possuía que havia o ajudado desde que chegara na grande cidade, por muito tempo o sofá da garota fora sua cama e ele não poderia ser mais grato. Ela também sabia sobre seu segredo e, diferente do que pensou a ruiva apenas deu de ombros e falou que tudo bem, afinal por mais que Dean não parecesse ele era um adorável cãozinho. Sim era isso que ele sentia, um pequeno filhote que precisava de um dono para cuidar dele, brincar e até mesmo o corrigir quando fosse um cachorrinho levado.

— Deanno. Como está meu garoto? — Ela perguntou bagunçando o cabelo do amigo.

— Charlene!!! — Ele resmungou envergonhado enquanto abria a porta.

— Não me chame assim. Como você está? — Ela indagou ainda encostada no batente.

— Estou bem. — Ele falou abrindo mais a porta e deixando a mulher adentrar.

               Esta entrou e acabou notando várias contas sobre o sofá, logo Dean fechou a porta e olhou ao redor vendo sua enorme confusão.

— Desculpe a bagunça, quando fico nervoso eu faço bagunça. — Ele comentou esfregando sua nuca.

             Chutou alguns calçados para debaixo da mesa e olhou para a amiga rindo envergonhado.

— Coitada da pelúcia. — Charlie disse apontando para um ursinho que já tinha metade da espuma para fora.

                Ele riu nervoso e "arrumou" a bagunça no sofá dando espaço para a amiga se sentar.

— Eu vou ser bem direta, eu sei de uma forma de te ajudar. — Ela disse se jogando no assento.

               O Winchester chegou a estremecer diante da fala da amiga, as chances de dar algo errado eram bem grandes.

— Que medo, mas diga. — Ele pediu sentando-se ao lado dela.

— Tem uma forma de você exercer seu eu e ainda ganhar grana para isso. — Ela falou brilhando os olhos.

— Como? — Dean se interessou, mas ainda com certo temor.

             A ruiva sorriu de lado e pegou seu celular mostrando uma imagem para o amigo.

— Um leilão de submissos??? Que porra é essa Charlie? Como sabe dessas coisas? — O Winchester perguntou tendo seus belos olhos verdes arregalados alternando o olhar entre o celular e ela.

              A garota riu dele e se pôs a explicar a fim de acalmar o outro que parecia que lançaria os olhos para fora da cavidade óssea.

— Eu tenho um amigo que tem um primo que namora um cara que tem um ex... — Ela começou a situar o garoto que revirou os olhos.

— Sem enrolar, vai direto ao ponto! — Ele mandou agitando as mãos em um pedido não verbal para que fosse direto ao assunto.

— É assim, você vai lá anuncia seu nome real ou inventado, seu fetiche, sua orientação sexual, o valor mínimo que você quer. Quando você é leiloado, o seu suposto dono tem direito de ficar com você por uma semana. O dinheiro vai para a sua conta e você tem que ficar até o fim da semana, ele pode renovar se ambos quiserem. Tem um contrato sobre a quebra dessa semana, as atividades em geral, o consenso e outras coisas. — Ela explicou os detalhes como quem já conhecesse tudo.

— Isso é seguro? — Dean questionou olhando para a imagem no celular.

           Por dentro ele estava um tanto quanto desconfiado da origem daquelas informações, afinal Charlie sabia demais para quem só ouviu falar.

— Raramente dá algum problema, geralmente são caras ricos com fetiches escondidos e que estão a fim de coloca-los para fora por algum tempo, por isso um contrato de prazo tão curto. Só lembre que se você rescindir o contrato haverá multa e outra coisa, do valor que você estipular 5% fica retido pelo organizador do evento. Apenas certifique-se de que terá a semana livre, as coisas podem ficar bem intensas e não, você não é obrigado a transar com o seu "comprador", basta especificar. — Charlie comentou erguendo um dedo batendo contra a testa do amigo.

          O garoto esfregou sua testa e reclamou do ato da ruiva.

— Por que alguém leiloaria uma pessoa se não for para transar? — Questionou um tanto quanto confuso.

— Tem alguns que só querem cuidar mesmo, cada um com seus desejos. Outros querem ter companhia, tudo depende. — Ela falou como se fosse uma coisa óbvia.

          Após respirar fundo e pensar um pouco, Dean moveu a cabeça de um lado para o outro e riu, em seguida devolveu o celular para a amiga.

— Você tem que parar de hackear tudo e todos Hermione Ruiva, vai dar problema.

— Não vai não, eu sou genial. — Ela resmungou jogando os cabelos para trás e dando um beijinho no ombro.

           Naquela noite diante de tantas contas por vencer e muitas incertezas, Dean se convencia que aquela ideia talvez não fosse tão ruim.

Dog's lifeWhere stories live. Discover now