Capítulo 26

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| A L I C E |

- Isso vai doer? - pergunto.

- Não sei. - Nathaniel está sem camisa e segura um pedaço grosso de pano - Caso precise. - ele sorri ao perceber meu olhar confuso - Vou colocar isso dentro da boca para morder. - explica e assinto sem graça. Parece doloroso para mim.

Ele se deita sobre uma maca improvisada, do que nada mais é do que uma mesa grande demais e sem nenhum conforto. Gostaria de cobrir com algum colchão e deixar isso menos pior, mas acho que vai ser rápido e não dá pra ter algum tipo de novidade, caso ele se mexa e eu acabe fazendo tudo errado.

Suas costas se arqueiam quando encosta na madeira gelada ele suspira levemente. Tento não reparar na sua mão grande agarrada na lateral ou no seu peitoral firme e largo, que parece até diminuir a quantidade de ar no meu pulmão. Deslizo mais um pouco, até chegar naquela chama que transita de um modo lento e quase hipnotizante pelo pequeno buraco na sua costela e no seu abdômen que se contrai com a tensão que seu corpo assume. Arrisco mais um espiada e desvio o olhar quando vejo sua bermuda fina marcar com perfeição o volume no meio das suas pernas.

- Meu coração fica aqui em cima, Alice. - comenta rindo e nunca pensei tanto em querer afundar a minha cabeça em algum buraco. Posso sentir meu rosto todo esquentando com o flagra, mas não existe desculpa. Eu estava secando Nathaniel na cara dura. Não tinha como ficar imune. O cara está exposto na minha frente como um maldito banquete.

- Eu sei aonde ele fica, idiota. - resmungo ainda constrangida e vou até a pia para lavar as mãos. Meu Deus, como posso ficar esses dias aqui? Como posso dormir em paz ao lado do quarto dele? Eu tinha feito um acordo comigo mesmo. Nada de aventuras com ele. Ele é mau. Ele é doido. Ele mexeu com a minha vida. Ele é ... Tão lindo. Céus!

- Queria fazer isso ainda hoje se possível - declara alto e divertido. Seco as mãos em um tolha de papel e me aproximo.

- Eu não precisava do seu poder para enfiar uma agulha no seu tórax. - digo.

- Sem ele você não enxergaria muita coisa. - murmura - Quando você apoiar a sua mão no meu peito, vai entender o que estou querendo dizer.

- Espero que sim, porque até agora não faz muito sentido. - pego a garrafa brilhante e sugo para dentro da seringa grande apenas uma parte do seu interior. O líquido claro parece se encaixar sozinho e franzo o cenho - Aonde arrumou isso? - questiono curiosa.

- Quanto menos souber melhor. - sussurra, relembrando a conversa na cozinha.

- Justo. - acrescento - Vamos começar então. - caminho até ficar bem próxima dele e inspiro fundo - Você não vai desmaiar nem nada, né? - pergunto - Não quero ficar acordada sozinha nessa casa enorme. - murmuro e ele ri.

- Se isso acontecer, arraste meu corpo até a minha cama e se deite ao meu lado, Alice. - arqueio a sobrancelha e seu sorriso aumenta ainda mais - Ou fique sozinha.

- Ou jogo água em você até que desperte. - digo indiferente, mas , na verdade, estou bem longe disso. Todo o barulho dentro de mim é qualquer coisa, menos indiferente.

- Ou isso. - replica e os cantos dos seus olhos se apertam com o sorriso aberto e tento controlar meu batimentos.

Ele é tão bonito, que quase esqueço o tempo inteiro de que não estou aqui por vontade própria. Essa luta na minha mente parece nunca ter um vencedor, pois quando penso que posso conseguir passar por isso alheia, me vejo novamente presa nesse aperto que ele causa no meu coração.

- Assim que me tocar, você vai conseguir sentir cada pedaço de músculo, tecido...

- Por que você não tem sangue? - interrompo.

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