Capítulo 53

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Primeiramente, desculpa. 😔 Esse foi o maior intervalo de postagem em algum livro meu. Não há desculpas, além do cansaço. Perdão ❤️.

Segundamente rsrs espero que gostem do capítulo e que não tenham desistido dessa história 🙏

| A L I CE |

Estou com a cabeça apoiada na barriga dele e os olhos fechados há tempo demais. Tenho certeza de que a minha respiração lenta e meu corpo que mal se movimenta, deu a ele a certeza de estou dormindo, já que, vez ou outra, seus dedos afastam alguns fios de cabelo do meu rosto. Gosto disso. Gosto muito desse seu contato espontâneo, desse gesto carinhoso e devagar.

Mesmo que meus pensamentos estejam uma zona, já que tudo o que aconteceu de mais estranho nos últimos dias, faz sentido agora, estar aqui e estar com ele, é sem dúvida alguma, a porcaria da resposta que nem sabia que estava procurando. Bom, mentira. Eu sabia que algo na minha mente havia sido levado e estava perdendo o juízo tentando entender sobre o que poderia estar fora do lugar.

Tudo aconteceu tão rápido, na verdade, e tão forte, que mal pude processar direito minhas últimas horas. Desde que cheguei na sua porta, confusa e bastante curiosa, me perdi completamente ao observá-lo assustado e me encarando com uma expressão de interrogação, como se, naquele exato instante, sua alma tivesse mudado, como se eu tivesse capturado o segundo em que seu mundo, assim como o meu, se transformou. A mudança de casulo para a borboleta. Foi isso. Foi essa a sensação esmagadora e reveladora que nos atingiu feito bala perdida. Quando minhas memórias chegaram como um furacão descontrolado na minha mente, arrebentando o caminho e preenchendo cada lacuna com uma verdade que eu desconhecia, eu apenas absorvi. Eu queria mais de tudo o que me foi arrancado. Queria o calor de volta. Queria... ele. Queria o anjo que virou meu mundo do avesso e que mesmo sem saber, mantinha meu coração prisioneiro, porque mesmo longe, meu coração nunca havia deixado de ser dele.

Tudo tão incomum e ainda assim, mágico.

Travo os lábios com força para não sorrir. Esse momento de calmaria, nos braços dele, com a temperatura quente da sua pele queimando a minha, é a sensação mais reconfortante que tenho tido há muito tempo. Meu coração parece até dobrar de tamanho, como se fosse transbordar a qualquer segundo e nos cobrir com esse sentimento forte que mal cabe no meu peito.

Inspiro feliz e permaneço de olhos fechados, aproveitando cada instante desse momento que parece congelado. Uma bolha somente nossa e nada mais. O leve peso da sua mão sobre a minha cabeça, acariciando sem parar, deixam meus olhos, mesmo que fechados, marejarem. É ensurdecedor a euforia que sinto em cada batida forte do meu coração. Cada retumbar acelerado e ao mesmo tempo, lento. Como se nem o biologia tivesse o controle sobre mim agora. Eu sou apenas sentidos e nada além disso.

Ouço seu suspiro cansado e fico em alerta.

Por que você não dorme, Nathaniel?

O que será que te preocupa?

Será que está com medo de que eu desapareça? De que quando acordar, vai perceber que tudo não passou de uma sonho maluco? Se for isso, tudo bem. Confesso que talvez esse também seja meu medo, porque estou lutando para não me entregar a escuridão. Minhas pálpebras estão cada hora mais pesada e meu corpo mais denso, como se eu fosse derreter e me fundir ao colchão. É uma droga lutar contra o invisível.

O cansaço é muito grande, mas o pavor de despertar depois e descobrir que estou na minha cama, é maior. Medo de que cada toque e de que cada olhar tenha sido parte de um sonho, é assustador demais. Medo de acordar ofegante a qualquer momento e sozinha de novo, acompanhada apenas de memórias vagas ou nem isso.

- Você sabe que posso escutar cada ruído, certo? - sua voz rouca e um tanto grossa, fazem meus olhos se abrirem surpresos - Posso sentir a batalha dentro de você, querida.

Viro o corpo rapidamente e apoio o queixo sobre as mãos dobradas. Nem tento disfarçar, porque sei que fui pega.

- Você também não dormiu. - replico sorridente.

- Não consigo. - diz - Acho que estou feliz demais para dormir. - seu riso baixo parece acertar diretamente meu peito. Sorrio envergonhada e o encaro.

- E se você fizer aquilo de novo? - questiono - E se... Você achar que estou em algum tipo de perigo idiota e apagar tudo outra vez? - Nathaniel se arrasta até estar deitado e nossos olharem alinhados.

- Eu não seria capaz, Alice. - sussurra - Não posso nem imaginar te afastar novamente. - a ponta do seu dedo paira sobre o meu lábio e estremeço - Não pense mais nisso, okay? - aceno e sorrio.

- Eu. Te. Amo. - digo cada palavra pausadamente e solto o ar que nem percebi estar segurando. Uma emoção nova, sem dúvida alguma. Como se agora eu tivesse a certeza de que essa coisa entre nós, de alguma maneira, conseguiu criar raizes até mais profundas do que antes. O frio que sinto na barriga beira quase ao inevitável, isso até Nathaniel me fitar com seus olhos brilhantes e se aproximar, enviando para dentro de mim toda a sinceridade e a paz que emerge em seu olhar.

- Eu te amo. - murmura de volta e se inclina mais um pouco, e depois mais um pouco, diminuindo ainda mais a distância entre nós ao encostar sua boca macia na minha e se elevar sobre mim. Agigantando-se com toda a sua beleza e levando qualquer resquício de preocupação que ainda palpitava - mesmo que fracamente - no meu peito, pois existe uma certeza absoluta cravada em mim agora, de que em algum lugar, somos perfeitos um para o outro e nada mais importa.

Chama azul Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora