5. Quanto mais longe, mais perto

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Cintilante bufou pela milésima vez em seu trono enquanto lia os documentos na sua frente. Eram tantos e tão longos que pareciam infinitos. Não aguentava mais, por hoje chega. Levantou em busca de um dos comunicadores que Arqueiro tinha deixado para ela e o chamou. Quando ele atendeu, estava com a voz descompassada de quem interrompeu uma luta de forma repentina:

– Oi, amor! Já acabou aí?

Ele havia se afastado um pouco de onde treinava com Adora, mas ela já estava caminhando para perto quando atendeu. A loira olhou para ele com uma das sobrancelhas arqueadas e deu uma risada:

– 'Amor'? Desde quando vocês são os novos Netossa e Spinnerella que ficam inventando apelidos um pro outro?

– São apelidos carinhosos, Adora. As pessoas que estão juntas e agem em condições normais, o que não enquadra você e Felina, tendem a usar – Cintilante respondeu irônica, do outro lado da linha.

Adora tinha entendido que a provocação era uma piada da amiga, mas não deixou de associar o termo 'condições normais' ao fato de que Felina e ela não estavam, de fato, tendo um relacionamento lá muito próximo ultimamente. Ainda assim, resolveu guardar essa observação para si e entrar na brincadeira:

– Bleh! – se aproximou de Arqueiro para ficar mais visível na câmera e fazer uma careta para a rainha.

– Arqueiro, sai de perto, Adora pegou a doença de ser irritante como a Felina e pode passar para você! – insinuou em um falso desespero.

Depois de mais algumas caretas de provocação e risadas, a rainha foi ao porquê de ter ligado:

– Estava pensando em nos reunirmos para falar sobre a viagem, começar a planejar alguma coisa e também passarmos um tempo juntos, nós quatro, porque eu não aguento mais olhar para papel nenhum dessa sala – a rainha de Lua Clara propositalmente exagerou no drama na última parte da fala.

Arqueiro e Adora se olharam como se buscassem a aprovação um do outro para confirmar com a Cintilante e logo acenaram positivamente com a cabeça. Arqueiro complementou:

– Perfeito! Vamos nos reunir agora? Eu queria tomar um banho e comer alguma coisa antes.

– É, eu também – Adora concordou.

– Tudo bem! Eu também estou com fome. Vocês podem me encontrar depois para almoçarmos juntos, então. Que tal?

– Sim, eu vou para o meu quarto e já encontro vocês! – a loira respondeu com um sorriso enquanto enxugava o suor de sua testa com uma toalha de rosto.

– Tá. E a Felina? – Cintilante direcionou a pergunta para a amiga.

A pergunta que não quer calar, pensou Adora. Reparando o silêncio que se formou pela espera de uma resposta, ela olhou para Arqueiro e depois para a rainha, através do comunicador, e deu de ombros ao falar:

– O que? Eu não sei onde ela tá, todo dia eu fico nessa saga de procurar pelo castelo até ela resolver aparecer. Procura na biblioteca, Cintilante, talvez ela esteja lá e você consiga convencê-la de passar pelo menos uma horinha com a gente.

O casal percebeu a frustração da amiga enquanto ela falava e um esperou que o outro tomasse a iniciativa para amenizar a situação. Claro que esse papel era do Arqueiro:

– Então vamos fazer assim: enquanto Cintilante espera por mim e por você, ela vai procurar a Felina e aí todo mundo almoça junto e depois vamos direto para uma sala para falar da viagem, sem deixar a Felina escapar – ele sorriu esperançoso com a tentativa de levantar o espírito da conversa novamente.

A Última Redenção (Catradora)Where stories live. Discover now