9. Luz - Parte II

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Os saltos de SheRa eram cada vez mais longos, queria chegar lá embaixo o mais rápido possível. Todos os raios que a acertavam se tornavam progressivamente irrelevantes se comparados ao misto de sentimentos desesperadores dentro de si. As lembranças das angústias que sentia ao ver sua melhor amiga e agora namorada tendo a liberdade tomada, desde as punições ocultas de Sombria que sempre retornava uma Felina mental e fisicamente debilitada para o dormitório na Horda, até o controle do chip do Mestre da Horda que apagava sua essência. Tudo isso veio brutal, implodindo Adora. Se havia uma coisa que a tirava o chão, era ver Felina implorando por salvação. Logo ela, que sempre soube se defender, sempre foi autossuficiente. Por isso, quando aqueles olhos suplicavam, Adora sabia que estava no seu limite de desespero. Esse era seu medo agora. Encontrar essa súplica.

Adora só não esperava, pela primeira vez, aceitar até o olhar desesperado se isso significasse pelo menos encontrar Felina acordada. Quando finalmente fincou os pés no chão, perto do início do feixe, viu o corpo da ex-comandante centralizado nele, mas no chão, imóvel.

– Fe... Felina? – era evidente que o ar faltara, pois a fala de SheRa era quase um suspiro. Tentou de novo, gritando dessa vez – FELINA!

A outra não moveu um músculo

Droga! Não. Não. Por favor, não.

Aproveitando sua condição de SheRa, Adora faz o que há muitos segundos passara na sua cabeça, mas que seu corpo não respondera propriamente porque estava paralisado demais com toda a situação: correu para dentro da área iluminada e envolveu seu corpo no de Felina, protegendo-a como a concha protege a pérola.

Contudo, não conseguiu ignorar a descarga elétrica por muito tempo. Seu corpo foi jogado para fora enquanto o da outra só se mexera por causa da força do choque. Tal qual foi pesado até para SheRa, incapaz de amortecer a queda de seu corpo contra algumas pedras inconvenientemente localizadas no chão. Foi tão forte que talvez não andaria mais se estivesse em sua forma normal. Agradeceu aos deuses os poderes de auto cura da princesa guerreira e levantou.

Tinha que arrumar uma forma de puxar sua namorada para fora do feixe mesmo contra a vontade deste. Não tinha certeza, pois nada sabia sobre o portal, mas parecia que aquela dimensão estava lutando contra ela.

– Então vamos ver quem é mais insistente – disse cerrando os punhos. Era um desafio pessoal, pois não conhecia ninguém que quisesse Felina tanto quanto ela. Não era um portal estúpido que a tiraria assim. Não depois de tudo pelo que passaram.

Ele a ouviu. E aceitou o desafio. Uma bola de luz se materializou e ganhou uma forma humanoide, do tamanho da guerreira. A dimensão estava, literalmente, disposta a lutar. Quando SheRa foi ao novo inimigo e girou a espada com facilidade em sua direção, uma a falha apenas na mão dela ocorreu. O portal tirou dela a arma.

Ela piscou os olhos incrédula, mas não desfocou da batalha por muito tempo. O homem de luz avançava com socos e chutes elétricos, em uma agilidade absurdamente familiar. Era tão rápido quanto... Felina!

– Está usando a energia dela... – comentou alto, enquanto desviava e tentava se afastar para ganhar tempo e materializar sua espada novamente.

Mais uma vez, o inimigo se aproxima com um salto e se prepara para um chute na lateral da cabeça de SheRa. Por pouco, desvia e consegue socá-lo em um dos ombros, enquanto este ainda pousava de seu pulo. Ele cai deitado.

É o tempo que precisava. Fechou os olhos e respirou fundo em concentração. Todo o seu corpo de SheRa brilha com mais intensidade e a espada reaparece em sua mão.

A Última Redenção (Catradora)Where stories live. Discover now