Capítulo 6

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A corte à volta de Apollo naquela manhã ficou toda agitada quando um viajante da parte leste de Dantel chegou todo apressado ao palácio. Os servos foram falar com o rei imediatamente, o único que se encontrava no palácio no momento, já que Ibrahim tinha saído logo cedo. 

-Do que se trata todo esse alvoroço? - o rei Apollo, um tanto apressado e esbaforido, pela pressa de atender quem tinha chegado com tanta pressa, recebeu o viajante do leste em uma audiência no salão principal.

-Vossa Majestade, sinto muitíssimo por chegar à sua presença dessa forma, mas não teria outra maneira que eu pudesse chegar até aqui, a situação é muito grave de onde eu vim - disse o homem, beirando o desespero.

-Não tema agora, meu filho - Apollo ergueu uma mão para ele, simbolizando seu cuidado e proteção, sua aceitação em ouvi-lo - está seguro agora, a sua vida está segura, e você está em segurança para me contar o que houve, para que enfim, eu possa ajudá-lo.

-Senhor, minha aldeia foi completamente devastada por bandidos que tiveram a ousadia e a falta de misericórdia de nos atacar na calada da noite - contou o homem - estávamos descansando, infelizmente, não havia ninguém guardando nossas entradas. Eles roubaram da nossa colheita, nos deixaram sem nada e não temos ideia de como vamos nos sustentar.

Nesse momento, antes que Apollo desse uma resposta, Ibrahim chegou ao salão. O viajante estranhou a chegada dele, não fazia ideia de quem ele era, e além disso, a cicatriz destacada o fazia desviar o olhar.

-Senhores, majestade - prosseguiu o viajante, ainda com medo de falar, mas Apollo lhe fez um gesto que significava que podia continuar falando - eu estou muito aflito porque estou fugindo de uma tragédia terrível.

-O senhor realmente está muito aflito, procure se acalmar - Ibrahim pediu gentilmente, o que foi visto como um pedido estranho pelo homem, que não conseguia reconhecer quem é que estava falando com ele - tragam um chá de camomila a ele, por favor.

Um mensageiro presente ali entendeu o recado e foi até a cozinha fazer o que o rei da família de Ícaro queria.

-Ibrahim, é melhor deixá-lo falar, está claro que é isso que ele necessita fazer no momento - Apolo o cortou, no que ele apenas assentiu.

-Bom, senhores, minha aldeia foi brutalmente atacada sem motivo aparente algum - o homem assustado finalmente contou - foi no meio da noite, ouvimos uma movimentação e fomos chegar o que era, os homens encapuzados estavam saqueando nossa colheita e queimando o que não poderiam levar, não podemos fazer nada, se reagíssemos, com certeza nos mataria, a nós e à nossa família.

-Não havia guardas protegendo o local? - Ibrahim levantou a questão.

-Sempre vivemos de forma pacífica, nunca provocamos ninguém, nem temos o bastante pra atrair ladrões, por isso não tínhamos ninguém de vigia, não sei porque fomos atacados desse jeito - o homem voltou a ficar preocupado e um tanto fora de si.

-Acredite, meu bom homem, podemos ter coisas que não tem muito valor pra nós, mas tem valor para outros, talvez seja esse o caso - Ibrahim refletiu sobre a questão, impressionando o camponês com sua sabedoria.

-Seja qual foi o caso - retomou o rei Apollo - isso exige verificações mais profundas, enviaremos alguém de confiança para investigar e dar as respostas que o senhor e seu povoado necessitam, talvez possa acompanhá-lo, Ibrahim? Sabe que cuidarei de todos os assuntos com o maior empenho e dedicação na sua ausência.

-Sei disso, senhor, confio em você - Ibrahim acabou aceitando a sugestão - eu irei até o povoado da região leste, verei pessoalmente o que aconteceu e os motivos para isso, trarei um relatório completo a você.

-Sim, sei que fará um excelente trabalho - Apollo concordou.

Assim, o viagem distante concordou com a decisão que os dois reis tomaram. Enquanto aguardava Ibrahim se preparar para a viagem, o homem pôde descansar e refazer suas energias com alimento e água que lhe foram oferecidos.

Depois de vestido para viajar e seus equipamentos preparados, Ibrahim foi até os estábulos, em busca do seu cavalo. Lia ficou de prontidão ao ver o rei, se aprontando para atendê-lo conforme pudesse.

-No que posso ajudar, Majestade? - ela disse prontamente.

-Quero meu cavalo pronto para viagem, estou de partida para a região leste - ele explicou rapidamente.

-Região Leste? Mas o que aconteceu lá, senhor? O senhor está em missão? - Lia quis saber, preocupada.

-Exatamente isso, um assunto urgente surgiu e requer minha atenção imediata - contou o rei.

Lia não fez mais perguntas, entendeu que Ibrahim precisava dos seus serviços o mais rápido possível. Ela se pôs a preparar o cavalo, deixando-o pronto, mas ela não estava em paz.

-Senhor, está indo sozinho para lá? Não há quem o acompanhe? - Lia demonstrou sua preocupação mais uma vez.

-Estou voltando para lá com um morador local, não estarei sozinho, não se preocupe, sou bem treinado em combate e poderei me defender - ele assegurou à menina.

-Mas Majestade, há perigos lá fora, o senhor não sabe o que o espera - Lia não conseguia confiar nas respostas vagas de Ibrahim - deixe que eu vá com o senhor.

-O que? Minha menina... - ele deu um suspiro, tomando cuidado com as palavras que iria usar - você mesma disse que pode ser uma viagem perigosa, eu não quero colocá-la em risco.

-Mas quem vai cuidar do senhor, quem vai cuidar do seu cavalo? Estou me oferecendo para cumprir meu dever à serviço de um dos meus reis e do reino! - insistiu a garota.

-Está bem, Lia, está bem, mas prometa que terá cuidado - pediu o rei.

-Com certeza, prometo senhor - ela afirmou.

-Está bem - Ibrahim a autorizou a acompanhá-lo.

Assim, Lia pegou um dos cavalos que ela poderia cavalgar e acompanhou o rei em sua missão.

Majestade DivididaWhere stories live. Discover now