Capítulo 8

1 0 0
                                    

Após o descanso, Lia e Ibrahim finalmente continuaram a jornada. Agora que a estrada parecia deserta e vazia, apenas com a presença de grandes plantações, sem muitas outras vilas ou grandes cidades por perto, eles continuaram sua viagem até a região leste.

Durante a cavalgada, era comum encontrar outro viajante aqui e ali, mas os estranhos nunca paravam para conversar com o rei e a cavalariça, como os dois, os viajantes tinham um destino a alcançar, sem tempo a perder. Era por isso que quando Ibrahim sentiu uma movimentação de mais viajantes vindo à sua direção, não estranhou nada daquilo, a não ser quando seu instinto de guerreiro se despertou. Aqueles homens com a maior parte do rosto coberta não se pareciam com viajantes cordiais.

Por instinto, Ibrahim se desviou da estrada, esperando que Lia o seguisse, foi o que a menina fez, mesmo confusa. 

-Senhor, por que fez isso? - ela perguntou, procurando um motivo plausível para aquela mudança repentina.

-Viu aqueles homens? - Ibrahim perguntou de volta, mas não teve tempo de explicar mais nada.

Uma flecha passou voando bem perto de seu braço, ele se desviou da melhor maneira que pôde, com cuidado de não perder o equilíbrio. Lia tentou encontrar um lugar para se esconder quando mais flechas voaram em direção a eles.

Ibrahim desceu do cavalo, se escondendo atrás de uma grande rocha, Lia o seguiu novamente, em busca de proteção, e o rei sacou sua espada. Ele estava pronto para defender ele e Lia, mas esperou que os homens atacassem primeiro. O rei lutou contra eles, tentando desviar Lia do caminho dos bandidos, mas infelizmente, dois deles a encontraram.

-Olha o que temos aqui! - disse um dos homens, admirado e com malícia - diz pro seu pai parar com o ataque senão você sofrerá as consequências.

-Ele não é meu pai e eu não tenho medo de vocês! - ela cuspiu de volta, o que fez com que o outro homem puxasse seu cabelo sem dó, a ameaçando.

-Ei, Lia, não diga mais nada - Ibrahim estava preocupado com o estado dela e achou que ela fez mal em dizer que ele não era o pai dela, seria melhor os homens acharem que eles eram parentes do que descobrirem que ele era o rei da família de Ícaro em Dantel - o que vocês querem? Nós não temos riqueza, só alguns suprimentos...

-Que tal... seus cavalos? - sugeriu o aparente líder do bando.

-Oh... - a proposta fez Ibrahim vacilar um pouco, estando relutante em fazer o que eles queriam, mas não querendo correr mais riscos.

Lia por sua vez, começou a se cansar daquele impasse e decidiu agir como podia, conseguiu se abaixar e jogar pequenas pedras nos ladrões, o que os deixou furiosos. No meio da confusão, Ibrahim acabou fazendo o mesmo que a menina, não era a melhor estratégia de batalha, mas eles também não tinham outros recursos.

Acabaram montando nos cavalos de novo e saíram em disparada, tentando fugir do alcance dos ladrões, que os perseguiam. Por não conhecer aquela região, Ibrahim foi parar à beira de um desfiladeiro, no meio de sua fuga. Ao ver a imensidão para baixo de seus pés, tanto o rei como seu animal se assustaram com aquilo. Porém, foi tarde demais, o cavalo perdeu o equilíbrio e a força da gravidade o puxou para baixo, ele tentou se equilibrar, mas foi apenas descendo ladeira a baixo. Ibrahim e o animal rolaram até o terreno se tornar plano de novo. O cavalo se levantou com certa dificuldade, deixando ralar uma das pernas, já o rei, tinha batido a cabeça várias vezes enquanto descia, o que lhe provocou um desmaio.

Lia, apesar de assustada, estava fisicamente bem, mas o desespero tomou conta da situação. Ela foi até Ibrahim, aflita por tentar encontrar o mínimo de reação dele.

-Majestade, Majestade! Por favor, acorde! - ela tentou apalpar seu rosto delicadamente, mas nenhuma resposta veio do rei desacordado - por favor, senhor, por favor...

Entregue ao desespero e à possibilidade de tê-lo perdido, Lia começou a chorar, pensando que ela era uma escudeira inútil, que melhor seria ela ter ficado em casa, mas se ficasse em casa, seu rei agora estaria sozinho e ainda mais desamparado. Ela não podia deixá-lo sozinho, nem mesmo para pedir ajuda. Sozinha, em seu desespero, ela começou uma oração engasgada e nada convencional, clamando a Deus que enviasse alguma ajuda e não permitisse que Ibrahim morresse ali.

Por sorte, não havia mais sinal dos seus perseguidores, que realmente tinham desistido de persegui-los. As horas começaram a se passar lentamente, sem que Lia conseguisse ter ideia do que faria. Com o que havia sobrado dos suprimentos, ela deitou a cabeça de Ibrahim com cuidado, tentando deixá-lo o mais confortável possível.

De repente, o rei começou a gemer, dando voz às dores que sentia por causa da queda, mas por enquanto, não tinha forças de dizer nenhuma palavra inteligível. As esperanças de Lia se renovaram, ao menos, seu rei não estava morto, sua prece tinha sido ouvida. Agora, ela precisava pensar em algo que fazer para ajudá-lo efetivamente.


Majestade DivididaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon