84. Dahyun

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Me esforço ao máximo para manter os olhos abertos e concentrados na explicação. Se antes eu já não conseguia dormir, depois da conversa com Jungkook e sua proposta, esses últimos três dias pioraram a minha situação.

Observo o movimento da sala — não sou a única caindo de sono. A aula de matemática fica sempre no final do período. Tenho certeza que eles fazem de propósito para esgotarem ainda mais a nossa vontade de estudar e ser alguém na vida.

Está funcionando, parabéns! O meu desempenho escolar foi para o lixo há alguns meses.

O Sr. Jung — pai do Hoseok e nosso professor — vira de costas e escreve uma conta de dois quilômetros no quadro branco. Ele explica enquanto resolve o problema. Mas o que diabos é isso? Quando essa matéria foi passada? Meu cérebro dói de tanta falação sem sentido, eu só quero dormir.

Um cochilinho não faz mal...

Por sorte, eu sou parte do fundão e meus colegas da frente encobrem perfeitamente minhas intenções. Uso o casaco como travesseiro e deito a cabeça no mesmo. O tempo calmo e sem interrupções que passo descansando, me faz pensar que nenhuma alma viva percebeu, porém me enganei.

Levanto a cabeça ao escutar dois toquinhos na minha mesa, me deparando com o professor "mais bonito do nosso ano", segundo as meninas, em pé com uma carranca — Hobi puxou seus traços. Ele pode parecer pacífico, mas é um verdadeiro capeta.

— Que bonito, senhorita Kim! — sorrio, sem graça. — Minha aula não está interessante o bastante para você?

Nem um pouco.

A atenção dos alunos é voltada para nós. Arrumo a postura na cadeira, enquanto ele me encara irritado.

— Desculpa, senhor Jung. Eu tive uma semana dif...

— Não interessa — me corta. Ouço as risadinhas. — Trate de copiar os exercícios ou levarei seu nome para diretoria!

Ele volta para a frente da sala. Reviro os olhos e pego o maldito caderno de matemática. Sou obrigada a aturar.

ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ

Quando a aula finalmente acabou, o Sr. Jung me deu outra bronca. Aquela não foi a primeira vez que cochilei e ele deixou claro que, da próxima vez, eu levarei uma advertência. 

Saio da sala com a maior cara de bunda. Eu amo o Hoseok, mas seu pai é um pé no saco. Ele tem sorte de já estar no terceiro ano e ter mudado de professor.

— Hyunie — Jimin encosta ao lado do meu armário. — Você está bem? — assinto, sem encará-lo. — Hoje é sexta-feira...

Paro de colocar os livros. É o último dia. 

— Eu sei.

— Sabe, e não vai? — não o respondo. Ele segura meus ombros, me forçando a olhá-lo. — Eu não gosto dele, mas você o ama, Dahyun! Era tão sorridente, tão cheia de energia, e virou uma pessoa sem cor depois que se separam. Até parou de pintar...

Não posso discordar. Infelizmente, Jimin tem razão em cada palavra. Me sinto milhões de vezes melhor perto de Jungkook. Isso é o que todos sentem quando estão apaixonados. Não significa que é uma coisa boa. 

— Ele te magoou, foi um idiota, mas se importa e sempre cuidou de você. O Jungkook quer tentar de verdade, sem joguinhos. E eu quero que volte a ser a garota alegre que conheci. Por favor, não cometa o mesmo que eu, Hyunie. Não deixe que outra pessoa fale antes de você.

A última frase me atinge de um jeito diferente. 

Passei horas por dia pesando os prós e contras de encontrá-lo na sorveteria. Yerim disse que não acreditava na versão de Jungkook. Já eu, acreditei, mas fiquei com medo de estar mentindo. Não teria motivo para mentir, teria? Ele se deu o trabalho de me mandar diversas mensagens, me procurar, engolir o orgulho e se declarar. Valeria a pena se empenhar tanto para no final me chutar? 

TEXT ME • jungkookWhere stories live. Discover now