22- Oi, Estou Aqui

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Alguém ansioso aí? Aproveita que não é todo dia hahahaa

Boa leitura bebês ♥️

(...)

Teimosia era algo que Marcela conhecia muito bem, afinal era uma das pessoas mais teimosas do planeta. Mari cortava um dobrado por causa disso. Agora, não sabia que encontraria alguém mais teimoso ainda.

A Ilha do Fundão era um pedaço de terra abandonado, onde decidiram colocar uma universidade inteira. Era enorme, cheio de mato e com uma distância absurda entre um campus e outro, exceto alguns. Por exemplo, a Educação Física ficava em frente ao prédio da Saúde, do outro lado da rua, mas para chegar no campus de letras, era preciso pegar um ônibus, mesmo sendo dentro da mesma ilha. A pé, levaria quase uma hora caminhando.

Então, no caminho entre um campus e  outro, o local já era naturalmente deserto. A Ilha era rodeada por complexos de comunidades rivais, o que deixava tudo ainda perigoso. Quando a noite chegava, a movimentação caia quase 90% em toda a ilha, inclusive nas vilas na proximidade do campus.

Isso era o que mais assustava Marcela, que não conseguia se acostumar com aquela tensão de perigo toda. Sempre saía direto para o carro, que fazia o possível para estacionar o mais perto da portaria. Ainda assim, era perigoso, escuro e deserto.

Por ser uma pessoa orgulhosa, normalmente não daria o braço a torcer tão fácil, não depois de todas as coisas que ela havia dito. Então, com um suspiro longo, abriu a porta e saiu do carro. Não estava mais chovendo, mas o tempo continuava frio.

- Gizelly, por favor.

Mais uma vez, seus olhos se encontraram, mas não saiu do lado da porta. Inquieta, seus pés começaram a bater de leve no chão inconscientemente.

- Por que eu tenho que entrar no carro com você?

Marcela fechou os olhos por um segundo e, quando olhou para a rua escura, viu que o homem havia se aproximado ainda mais. Seu coração acelerou prontamente.

- Eu respondo todas as suas perguntas, mas, por favor, não me faça te arrastar aqui para dentro.

Mais uma vez os olhos se encontraram e se manterem um no outro por alguns segundos. Então, felizmente ela se aproximou com cautela e entrou no carro. Marcela não demorou muito para fazer o mesmo, fechou a porta e nem olhou pelo retrovisor, apenas deu a partida e sumiu dali o mais rápido possível.

Mesmo já estando fora de alcance, a loira resolveu dar uma olhada no retrovisor só por precaução e fez isso pelo menos umas cinco vezes, mesmo já estando na Linha Amarela, fora da Ilha.

Ao lado, Gizelly estava de braços cruzados e a cara amarrada. O silêncio se estendia de forma dolorosa, porém evitava olhar para ela, não queria dar o braço a torcer, por mais que ela já tenha dado. Mesmo com esses pensamentos, seus olhos acabaram lhe traindo e se pegou desviando-os para observa-la.

Foi então que as sobrancelhas arquearam na mesma hora.

- Marcela?

Ela não respondeu e isso fez com que se assustasse. Não, ela não estava normal. As mãos alvas apertavam o volante com uma força absurda, contudo, quando ela tirou uma para passar a marcha, viu o quanto tremia. Não só isso, o rosto estava começando a suar.

- Ei, o que você tem?

Não tinha orgulho o suficiente que a impedisse de quebrar uma briga se ela não estivesse se sentindo bem. Mas, mais uma vez, a loira não respondeu.

- Marcela!

Quando estava no último período, precisou pegar matérias a noite por causa do novo estágio que conseguira. Como ia até um pouco mais tarde que o antigo, precisou tranferir as aulas para a noite, algo do qual não sabia que se arrependeria tanto.

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