O BOTÃO CURTIR

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Como conquistar as pessoas

Quando você ouve "FBI", provavelmente não pensa em Bureau de Investigação Amigável (Friendly Bureau of Investigation). Mas os meus vinte anos como agente especializado em análise de comportamento incrementaram minha habilidade de ler rapidamente as pessoas e me deram um entendimento único da natureza humana e seu comportamento. E meu trabalho, que envolvia desde convencer alguém a espionar o próprio país até identificar criminosos e conseguir uma confissão, permitiu que eu desenvolvesse muitos métodos incrivelmente poderosos para fazer as pessoas confiarem em mim, muitas vezes sem precisar dizer qualquer palavra. Em meu posto de analista de comportamento para o Programa de Análise Comportamental do FBI, desenvolvi estratégias para recrutar espiões e transformar inimigos em amigos. Em outras palavras, desenvolvi habilidades e técnicas específicas que poderiam transformar um inimigo dos Estados Unidos em amigo disposto a se tornar um espião para a América.
Minha profissão poderia ser resumida a fazer as pessoas gostarem de mim. Meu trabalho com "Vladimir" ilustra bem esse ponto (mudei os nomes e características daqueles que citarei, e criei alguns modelos genéricos para ilustrar o que meu trabalho me revelou).
Vladimir havia entrado ilegalmente nos EUA para espionar. Fora apanhado com documentos secretos da defesa. Como agente especial do FBI, fui indicado para interrogar Vladimir. Em nosso primeiro encontro, ele jurou nunca falar comigo sob qualquer circunstância. Então comecei o processo de combater sua rebeldia simplesmente sentando em frente a ele e lendo o jornal. Em intervalos cuidadosamente planejados, eu deliberadamente dobrava o jornal e saía sem dizer nenhuma palavra. Dia após dia e semana após semana eu me sentava diante dele e lia o jornal enquanto Vladimir permanecia mudo, algemado à mesa.
Finalmente, ele perguntou por que eu continuava aparecendo diariamente para vê-lo. Dobrei o jornal, olhei para ele e disse: "Porque quero conversar com você". Imediatamente recostei na cadeira e voltei para o jornal, ignorando Vladimir. Após um tempo, levantei-me e fui embora sem dizer mais nada.
No dia seguinte, Vladimir perguntou outra vez por que eu aparecia todos os dias e lia o jornal. V oltei a dizer que fazia isso porque queria conversar com ele. Então sentei e abri o jornal. Alguns minutos depois, Vladimir disse: "Quero falar". Baixei o jornal e disse:
"Vladimir, você tem certeza que quer conversar? Quando nos encontramos pela primeira vez, você disse que nunca falaria comigo". Vladimir respondeu: "Quero conversar com você, mas não sobre espionagem". Concordei com a condição, mas acrescentei: "V ocê me avisará quando estiver pronto para falar sobre suas atividades como espião, não é?". Vladimir concordou.
Nos meses seguintes, conversamos sobre tudo, exceto espionagem. Então, certo dia, Vladimir anunciou: "Estou pronto para falar sobre o que eu fiz". Foi então que finalmente conversamos detalhadamente sobre suas atividades. Vladimir falou livre e honestamente não porque foi forçado a isso, mas porque gostava de mim e me considerava um amigo.
As técnicas de interrogatório que usei com Vladimir podem, à primeira vista, fazer pouco sentido... Mas tudo que fiz foi cuidadosamente orquestrado para alcançar a eventual confissão e a cooperação do espião. Neste livro, revelarei os segredos de como conquistei Vladimir e como, usando as mesmas técnicas, é possível fazer qualquer pessoa gostar de você por um momento ou pela vida inteira. Posso fazer isso porque as habilidades sociais que desenvolvi para conquistar e recrutar espiões são igualmente eficazes para desenvolver amizades bem-sucedidas em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar onde haja interações pessoais.
A princípio, eu não enxergava a relação entre meu trabalho e a vida no dia a dia. Na verdade, fui perceber apenas no final de minha carreira no FBI. Na época, eu dava aulas para jovens oficiais da Inteligência sobre como recrutar espiões. No primeiro dia de uma nova turma, cheguei meia hora mais cedo para arrumar a classe para um trabalho em grupo. Para minha surpresa, dois estudantes já estavam lá. Não os reconheci. Eles estavam sentados na primeira fila em silêncio, com as mãos sobre as carteiras e rostos cheios de expectativa.
Considerando a hora do dia e o fato de que a maioria dos estudantes nunca chegava cedo, fiquei imaginando o que se passava. Perguntei quem eram e por que decidiram chegar tão cedo.
- V ocê se lembra do Tim, da sua turma passada? - um deles perguntou.
- Sim - eu disse.
- Algumas semanas atrás nós fomos num bar com o Tim. Ele falou da sua aula sobre influência e construção de conexões.
- E...? - Eu ainda não estava entendendo aonde isso chegaria.
- Tim se gabou de ter aprendido como conquistar as mulheres na sua aula.
- Obviamente estávamos céticos - disse o segundo estudante.
- Então nós o testamos - o outro continuou. - Escolhemos uma mulher aleatória e desafiamos Tim a convencê-la a se juntar a nós e tomar um drinque, sem dizer uma palavra.
- E o que ele fez? - perguntei.
- Ele aceitou nosso desafio - o estudante exclamou. - Pensamos que estava louco. Mas então, depois de uns quarenta e cinco minutos, a mulher se aproximou de nossa mesa e perguntou se poderia tomar um drinque conosco. Achamos difícil de acreditar, mas vimos acontecer.
Joguei um olhar debochado para os estudantes.
- V ocês sabem como ele fez isso?
- Não! - um deles exclamou. E então, em coro, eles disseram: - É isso que viemos aprender aqui!
Minha primeira reação foi ponderar o profissionalismo esperado de mim, e então disse que o propósito do curso era ensinar aos estudantes como se tornarem oficiais de Inteligência eficazes e não conquistadores baratos. Mas foi minha segunda reação que me surpreendeu e me atingiu como uma epifania. Pensando sobre o que Tim fez, eu repentinamente percebi que as mesmas técnicas usadas para recrutar espiões poderiam ser usadas para alcançar o sucesso na chamada arte da conquista. Ainda mais importante, num sentido mais amplo, essas técnicas poderiam ser usadas sempre que uma pessoa quisesse ganhar confiança de alguém, em praticamente qualquer interação. Foi essa descoberta que serviu como base para este livro e para todas as informações aqui contidas.
Após me aposentar do FBI, fiz doutorado em Psicologia e me tornei professor universitário.
Foi durante essa fase que juntei minhas estratégias para ajudar pessoas a conquistar relações interpessoais bem-sucedidas em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar que envolva interações entre pessoas. Por exemplo:
Vendedores novatos podem usar as técnicas apresentadas neste livro para estabelecer uma clientela.
Vendedores experientes também podem se beneficiar aprendendo como manter ou incrementar relações existentes, assim como atrair novos clientes.
Todos os tipos de funcionários de qualquer nível, desde gerentes de empresas em Wall Street até garçons em restaurantes, podem usar táticas para interagir melhor com seus supervisores, colegas, subordinados e clientes.
Os pais podem usar as estratégias para reparar, estreitar e reforçar as relações com seus filhos.
Consumidores podem usar as informações para conseguir melhores serviços, acordos e atenção personalizada.
E, é claro, pessoas buscando amizades ou relações amorosas podem usar suas habilidades nessa experiência de natureza tão difícil (e que se tornou ainda mais desafiadora em nossa sociedade digital).
Este é um livro para qualquer pessoa que busca novas amizades, que quer manter ou melhorar relacionamentos existentes, que procura deixar encontros breves mais agradáveis, ou que busca conquistar melhores gorjetas ou aumentos.

CONQUISTANDO O DESAFIO DA AMIZADE

Seres humanos são animais sociais. Como espécie, somos programados para buscar outros semelhantes. Esse desejo está arraigado em nossa origem primitiva, quando a união melhorava nossas chances de subir na cadeia alimentar ao sair de nossa caverna e lutar pela sobrevivência num mundo hostil e implacável. Portanto, poderíamos assumir que fazer amizades seria algo fácil, até mesmo automático para nós. Infelizmente, não é assim. Após várias pesquisas e estudos, um número crescente de pessoas afirma sentir isolamento e incapacidade de desenvolver relações duradouras simples, muito menos as significativas.
Esse problema piorou com a introdução das mídias sociais, que nos distancia ainda mais da interação social cara a cara.
Lidar com pessoas, particularmente com indivíduos que você não se conhece, pode ser uma experiência desafiadora e até mesmo assustadora. Seja você homem ou mulher, não importa. O medo está lá: medo do constrangimento, da rejeição, medo de ofender, de causar má impressão e até mesmo de ser usado ou explorado. A boa notícia é que os relacionamentos não precisam ser um convite ao desastre. Se você tem dificuldade em fazer amizades ou apenas quer melhorar aquelas que já possui, não se sinta mal. V ocê não está sozinho e a situação não é desesperadora. Este livro foi feito para aliviar suas preocupações sobre interagir com outros no trabalho, com estranhos ou com pessoas amadas.
As técnicas apresentadas aqui lhe darão a melhor chance possível, ancoradas nas últimas evidências científicas, para fazer as pessoas gostarem de você sem que precise dizer uma palavra. É claro, eventualmente você precisará falar com as pessoas. Palavras exprimem as sensações iniciais de boa vontade em amizades e, em alguns casos, relações para a vida inteira. Este livro apresenta tanto as dicas não verbais como os comandos verbais que podem fazer qualquer um gostar de você instantaneamente.
Relações pessoais gratificantes estão ao seu alcance. Não é questão de sorte ou achismos. É resultado do uso de conhecimento científico comprovado e de técnicas sobre como lidar com outros indivíduos. A oportunidade de fazer amigos está a apenas três passos de distância:

1. Você deve estar disposto a aprender e a dominar as técnicas presentes neste livro. As técnicas são semelhantes às ferramentas usadas por trabalhadores numa construção. O segredo é deixá-las fazerem o trabalho. Quando eu era jovem, usava rotineiramente uma serra para cortar madeira. Um dia meu pai me deixou usar sua recém-comprada serra elétrica. Apanhei a serra e comecei a cortar um pedaço de madeira. Apliquei a mesma pressão que eu usava sempre com a outra serra. Meu pai tocou meu ombro e disse para aliviar a pressão e deixar a serra fazer o trabalho. As técnicas neste livro são baseadas num princípio semelhante. Simplesmente aplique as técnicas e relaxe - seja você mesmo e deixe as técnicas fazerem o trabalho. V ocê ficará surpreso com os resultados.

2. Você deve realmente usar esse conhecimento ao lidar com as pessoas em sua vida cotidiana. Saber a melhor maneira de fazer algo é ótimo, mas apenas quando você realmente usa o que aprendeu. Lembre-se: conhecimento sem ação é conhecimento desperdiçado.

3. Você precisa praticar constantemente o que aprendeu. Habilidades sociais são como qualquer outra habilidade. Quanto mais você as usa, melhor ficam; quanto menos usar, mais rápido você as perde. Se você está disposto a dar esses três passos, descobrirá que fazer amigos se torna tão automático quanto respirar.
A popularidade está ao seu alcance. Para aumentá-la, apenas utilize as informações que aprenderá nas páginas seguintes e observe o seu QS (Quociente de Simpatia) disparar.

manual de persuasão do FbiWhere stories live. Discover now