Amor em Revisão (Concluído).

CAPÍTULO 06 - O projeto

Marina.

A segunda-feira terminou com a vitória invicta de Vitório e Camila na canastra e com Ulisses começando a falar algo sobre ter comido um pastel de feira mais cedo para justificar sua ânsia de vômito.

A terça-feira passou com Rui e Ulisses vivendo à base de Engov e o resto de nós trabalhando cheios de sono em cima dos nossos computadores, bastante arrependidos do happy hour em plena segunda-feira.

Na quarta, comprei um frasco de própolis, Sorine e pastilhas para a garganta porque achei que estava resfriada após jogar canastra inteiramente molhada na casa de Leandro, mas aparentemente tinha sido alarme falso e um chá de hortelã foi o suficiente para resolver minha indisposição.

Quinta-feira foi um dia normal. Perto demais do final de semana e, ao mesmo tempo, muito longe dele para ser comemorado.

Então chegamos à sexta-feira. O dia da minha primeira reunião com Geórgia Guilhermina, na qual eu apresentaria a situação da empresa e as propostas para diminuir gastos e aumentarmos os lucros. Não era muito animador, mas havia uma luz no fim do túnel e eu estava disposta a fazer de tudo para ajudar.

Por isso, imprimi os gráficos e planilhas que tinha passado a semana fazendo, orgulhosa do meu trabalho. Felipe me ajudou, agredindo a impressora por mim quando ela começou a travar e me oferecendo um sorrisinho muito agradável por cima de seu copo de café — eu podia estar errada, mas aquele era o terceiro do dia e ainda não eram nem dez da manhã. Vitório me ajudou com a parte escrita, enfeitando para fazer com que a proposta não fosse apenas bem montada, porém, de acordo com as palavras dele, sexy. Rui também se envolveu, para minha surpresa, dando pequenos pitacos sobre a imagem da revista e qual era o nosso novo posicionamento estratégico.

Tudo ainda era novidade na nova sede da VixSão, mas eu me sentia menos esquisita no meio das pessoas à medida que começava a conhecê-las. Felipe, Camila, Ulisses e Leandro eram os mais próximos, mas eu tinha feito uma espécie amizade com o pessoal da contabilidade, já que meu trabalho e o deles era interligado — eles não eram chatos como Camila tinha feito parecer, embora Josué detestasse seu hábito de mastigar as tampas de todas as canetas, pois escrever com canetas sem tampa não era anatomicamente perfeito, na sua opinião.

Uns minutos depois da dez e meia, Adelaide me chamou para que eu fosse à sala da CEO da VixSão. Peguei a pasta onde estavam os dados, respirei fundo e segui para dentro da sua sala, que não era muito grande e era basicamente decorada com fotos de seu gato, Vicente.

— Bom dia, querida! — ela disse, indicando com um aceno a cadeira à sua frente, onde me sentei. Ela estava muito glamourosa vestida com um blazer cor-de-rosa de linho, me fazendo sentir um pouco mal-vestida dentro da minha calça jeans e tênis. — Me dê boas notícias.

Sorri, tentando parecer o mais amistosa possível.

— A fusão fez bem para as empresas, vamos conseguir pagar as contas em atraso e acredito que o melhor caminho seja quitar com a antiga gráfica da No Pique e o fornecedor de papel da É Massa imediatamente, o que nos deixa sem dívidas no momento — expliquei, entregando para ela a primeira planilha, onde constava o pagamento das dívidas e o valor líquido que sobrava, mesmo depois de absolutamente tudo o que existia na sede da É Massa ter sido vendido.

— Não é muito animador, entretanto — concluiu ela, analisando os números.

— Não, não é, porque nos deixa com dinheiro suficiente para mais um mês de funcionamento sem cortes drásticos de gastos, apenas — com gastos eu queria dizer funcionários e ela claramente sabia disso. Eu nem sabia o que todo mundo ali fazia, mas não queria que fossem mandados embora. — Então pensei em começarmos a cortar algumas coisas desde agora.