CAPÍTULO 31 - Quentão

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Marina.

O lugar estava muito mais lotado do que eu achei que estaria e, apesar disso, eu estava grata por ter escolhido vir de calça e com um cardigã alongado, porque estava muito frio.

Eu não sabia que dava para realmente achar uma festa junina raiz em São Paulo, mas, aparentemente, existe de tudo em São Paulo, então eu estava andando entre barraquinhas de pescaria, algodão doce, jogo de argolas e tudo o que a época de São João tem direito, inclusive com um palco para o show do Luan Santana, que atualmente era ocupado pela atração de abertura, uma banda que tocava forró e que estava angariando um pequeno contingente de dançarinos.

Eu só não fazia ideia de onde estavam Vitório e Rui, então faziam alguns minutos que eu estava andando em busca deles.

— Oi, desculpa a demora — Rui disse, colocando a mão nos meus ombros alguns minutos depois, quando nós finalmente tínhamos conseguido combinar de nos encontrar perto de uma barraca de jogo que tinha um palhaço inflável enorme ao lado, o que ajudou como ponto de referência. — O Uber atrasou.

Ele estava bem bonito usando jeans e uma jaqueta escura, mas notei que por baixo havia uma camisa temática de flanela xadrez, em diversos tons de vermelho.

— Não tem problema — sorri enquanto ele me abraçava, deixando um beijo na minha bochecha. — Cadê o Vitório?

— Aparentemente encontrou alguma coisa que exigia sua atenção imediata e vai se atrasar, então acho que somos só nós dois, sem o nosso pai — ele sorriu, dando de ombros.

— Eu não sei você, mas eu quero tomar um quentão sem ser julgada — disse eu, começando a olhar em volta atrás de uma barraca que vendesse a bebida. Rui riu, me fazendo voltar a olhar para ele. — O quê? Quentão é ótimo!

— Você vai trocar sua amada Eugência por cachaça com gengibre? — perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Uma vez no ano, mas não conte para o Zé se um dia conhecer ele — eu disse, sorrindo para Rui, porém o pensamento de existir uma Eugência sabor quentão me fez sonhar. — Eu tenho um pequeno fraco por quentão e só existe uma época no ano que ninguém implica comigo por isso.

— Antes que você comece a beber e fique descoordenada, deveria me dar a honra de uma dança — ele disse, erguendo a mão para mim. — Depois a gente pode beber um quentão, porque eu também adoro.

Segurei a mão de Rui e ele me guiou para o local mais perto do palco, onde os dançarinos de forró estavam se divertindo ao som de... Xote dos milagres, do Falamansa. Eu tinha mesmo playlists muito ecléticas, embora forró não fosse nem de longe meu gênero preferido.

Rui apoiou a mão na base da minha coluna enquanto eu apoiei a minha no seu ombro. Ele parecia saber o que estava fazendo, movendo os pés com habilidade no ritmo da música e me guiando com facilidade, como se fizesse aquilo todo dia. Eu estava tentando acompanhar e até estava me saindo bem, exceto quando ele segurou minha mão e me fez girar para longe e, então, me puxou para perto de novo e eu pisei com força no seu pé. Dessa vez, sem querer.

— Quem é você, um coreógrafo? — perguntei, quando voltamos à posição tradicional para dançar.

— Eu sou um galã, é preciso desenvolver certas habilidades — ele disse e seu braço envolveu mais a minha cintura, me puxando para mais perto. — E você é péssima nisso.

Talvez eu devesse ter comentado com ele minha falta de coordenação motora, mas não achei que Rui Casagrande ia dançar tão bem. Pelo menos serviu para ele ficar mais comedido, me fazendo mover mais o quadril no ritmo do dele e mantendo os movimentos mais básicos nos pés.

Amor em Revisão (Concluído).Where stories live. Discover now