Capítulo 4

397 51 2
                                    

Anjos eram tão cheios de si que chegavam a ser ingênuos.
Foi tão fácil se esgueirar por aqueles 2 emplumados tontos. Alguém ia ter problemas com o chefe.
Crawly, o demônio havia recebido uma missão a algum tempo “Suba lá e cause problemas” foi oque lhe disseram. Levou um tempo para planejar o melhor jeito de se infiltrar no Jardim sem ser derretido em uma poça de gosma e enxofre. Parecia que não ia ser tão difícil agora.
Crawly se transformou em sua forma de serpente e encolheu  até ser uma cobrinha de nada, nem chamaria a atenção.
Ele se esgueirou e foi rastejando disfarçadamente até passar pelos anjos.
Gabriel sempre foi tão mala assim? Bem, dane-se.
Crawly finalmente estava dentro do Jardim mas e agora, qual seria seu próximo passo? Ele fazia planos para a invasão a tanto tempo que não havia considerado oque fazer depois que conseguisse, seria muita coisa para se planejar.
Seus superiores haviam falado que D...Ela havia criado seres humanos para viverem no Jardim. Coisinhas parecidas com os anjos, Crawly esperava que não. Então ele pensou que seria uma boa arrumar alguma encrenca para eles se darem mal, claro que nada fatal já que Crawly não era esse tipo de demônio, só alguma coisa pra chatear Ela.
O jeito seria então prestar atenção nos humanos, assim ele aprenderia mais sobre eles e talvez ele ouvisse algo que poderia ajudá-lo em sua missão.
Mas primeiro ele teria que encontrá-los.
Crawly foi se arrastando pelo Jardim, atento a qualquer possível predador ou anjo, mas admirando o bom trabalho. Ele tinha que dar o braço a torcer, o lugar estava fantástico.
Crawly então ouviu um barulho estranho e parou sua peregrinação.
Ele se transformou em sua forma bípede para o caso  de haver uma luta e se esgueirou por entre as sebes a procura da fonte do som.
Não parecia ser um animal.
Será possível que os humanos já estavam se espalhando pelo Jardim? É,  eles não perdiam tempo.
Crawly finalmente conseguiu ver a fonte do som
Ele não sabia oque encontraria mas não esperava ser oque viu.
Uma miniatura de algo parecido com um anjo. Chorando.
A coisinha parecia muito triste e sozinha.
Crawly saiu do meio das folhas e se aproximou silenciosamente e com desconfiança.
“Oque uma coisinha pequena como você faz aqui sozinho” ele perguntou já próximo ao pequeno humano.
Para o horror de Crawly o pequeno se assustou e uma plumagem pequena branca saiu de suas costas por reflexo. Automaticamente Crawly se afastou pronto para atacar.
Era um mini anjo. Que merda eles estavam fazendo no céu?
O anjinho olhou surpreso para Crawly mas logo ele se levantou e avançou para Crawly, assustando a merda fora de Crawly.
A coisinha abraçou a perna de Crawly e começou a chorar novamente. O pobre demônio confuso não sabia oque fazer.
Aquilo era um anjo, minúsculo mas ainda sim um anjo, porque estava abraçando Crawly?
Crawly sentiu uma fisgada em seu coração a cada soluço que o anjinho dava. Ele não poderia fazer mal aquele pequeno anjo, mesmo se sua vida dependesse disso. Ele então se agachou e afastou o anjo de si.
O anjo imediatamente começou a chorar mais.
“Hey hey,  porque você ta chorando carinha?”
O pequeno apenas continuou chorando para o desespero de Crawly.
“Sério, você não precisa chorar, eu não vou te machucar" .
Sim, uma coisa estúpida para um demônio falar para um anjo mas oque ele poderia fazer? Ele não gostava de lágrimas.
O anjinho olhou com seus lindos olhos azuis para Crawly e não havia qualquer sinal de nada além de tristeza.
Crawly então fez algo que nem Deus poderia ter previsto , ele pegou o bebê no colo, o abraçou e começou a falar coisas bobas.
“Shh não precisa chorar pequeno, eu tô aqui e não vou deixar você sozinho. Você vai ficar bem. Ninguém vai te machucar"
Crawly negaria se qualquer pessoa dissesse algo bom sobre oque havia acontecido nas próximas horas.
Crawly estava sentado no chão com suas asas abertas, bebê havia se acalmado com o carinho e as palavras de Crawly e agora estava brincando com as longas madeixas vermelhas.
“Oh céus,  que ninguém nos encontre senão o meu vai estar na reta e o inferno não ia gostar nadinha de saber que eu estou ninando um anjo bebê ao invés de matar" Crawly disse com a voz suave enquanto o bebê colocava seu cabelo na boca.
“Não não não, você não pode comer cabelo. Você tá com fome? Anjos podem sentir fome?” Ele me olhou animado “Que se dane, vamos achar alguma coisa que você possa comer mas que não meu cabelo" Crawly repreendeu docemente o anjo que agora o olhava com curioso.
Crawly se levantou de onde havia sentado no chão e começou a andar por entre as árvores a procura de alguma coisa que um bebê pudesse comer.
Ele achou algo promissor e se transformou em sua forma de serpente e subiu em uma árvore estranha para pegar algumas coisas amarelas e compridas que pareciam comestíveis, ele conseguiu derrubar as coisas amarelas e logo estava descendo a árvore e voltando a sua forma normal.
O bebê batia palmas feliz, fazendo Crawly sorrir “Você gostou disso? Talvez um dia eu te ensine".
Ele então olhou para seu recente saque tentando descobrir como o bebê comeria uma coisa tão áspera e não muito macia para mastigar. Ele não poderia simplesmente dar pra ele sem ao menos ver se era comestível. Crawly deu uma mordida de má vontade e percebeu que por dentro era um pouco doce e macia.
“Bem, parece que essa coisa amarela protege a comida então acho que você pode comer oque tem dentro” Crawly tirou a casca e ofereceu a comida para o anjo.
O bebê segurou exitante e olhou para Crawly.
Crawly riu “Você pode comer”
O bebê pareceu mais confiante e mordeu com entusiasmo.
Crawly distraído mal ouviu uma voz gritar se aproximando de onde eles estavam.
“Aziraphale!”
O bebê pareceu se animar ao ouvir a voz.
“Droga. Vieram atrás de você”
Crawly não queria admitir mas não queria se afastar do bebê,  Aziraphale. Mas era o melhor, ele precisava se esconder antes que quem quer que fosse aparecesse.
Ele olhou triste para o anjinho.
“Nos vemos de novo algum dia, anjo", ele mudou de forma e se afastou bem quando outro anjo apareceu de onde ele havia saído.
“Aziraphale, finalmente te achei. Eu estava tão preocupada”
Crawly só esperava que o anjinho estivesse em boas.


Contos de um anjo bebêOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz