Capítulo 5

364 50 3
                                    

Aziraphale parecia triste e inquieto desde o dia em que ele se perdeu no Jardim e Uriel estava começando a se preocupar.
"Você parece triste, Aziraphale. Oque houve?"
O pequeno anjo que estava sentado à mesa junto com Uriel apenas suspirou infeliz sem ao menos tocar em nenhum dos muitos pergaminhos que haviam na mesa.
Agora Uriel estava realmente preocupada. Desde que o pequeno anjo havia segurado um pergaminho pela primeira vez ele nunca deixou de segurar em suas próprias mãos.
Talvez fosse hora de levar Aziraphale a uma ajuda maior.
*********
"Ora que surpresa, Uriel e Aziraphale . Oque posso fazer por vocês?" Metraton sorriu. 
"Há algo de errado com Aziraphale. Desde que ele voltou do Jardim ele parece...triste. Pensei que talvez Ela pudesse ajudar". A tristeza era um sentimento que os anjos haviam aprendido a ter depois da grande guerra no céu mas eles nunca haviam entendido o sentimento.
"Talvez ele tenha gostado de algo no Jardim e sinta falta disso" Deus disse surgindo na frente dos 3.
"Senhora, oque poderia ter sido tão atrativo para ele? Nunca havia visto ele assim, ele nem ao menos tem lido pergaminhos comigo."
"Talvez seja uma boa ideia levá-lo até lá de vez enquando. Ele tem uma forte ligação com o jardim". Deus sabia oque falava, Ela podia sentir o anseio no pequeno coração do anjo.
"Será possível que ele seja um dos guardiões do Jardim, Senhora?"
Deus sorriu "Ah sim, ele será mas quando estiver pronto. Até lá ele deve explorar o jardim o quanto quiser, é bom que ele se acostume para quando ele for designado como guardião do portão leste".
Uriel então fez uma mesura e voou até a terra "Obrigada , minha Senhora".
"É uma decisão sabia deixar alguém tão indefeso perambular pelo Jardim com tantas fera lá?"
"Eu sei oque faço, escriba. Tudo está de acordo com meu plano".
*********
Crawly era uma criatura pérfida e baixa.
Ele era mal.
Ele era um demônio afinal.
Ele nunca admitiria nem para si mesmo que poderia ter sentimentos bons por qualquer ser.
Mas ele estava terrivelmente preocupado, logo com um filhote de anjo, de todas as coisas.
Ele se sentia solitário e triste desde que o anjinho havia ido embora do Jardim.
Crawly gostou da sensação de ser querido por alguém, já fazia tanto tempo... 
Crawly parou de se lamúrias quando ouviu sons  de galhos se partindo próximos a ele.
Ele ficou em alerta e esperou.
Uma forma o atingiu como...coisas atingem outras coisas e Crawly caiu no chão.
"Que diabos...Aziraphale?"
O anjinho estava agarrado a Crawly.
Crawly ficou emocionado mas logo se recompôs "Eu garoto, voce pode me soltar" o anjinho agarrou ainda mais a cintura de Crawly "eu falo serio, me solta. Agora"
Relutantemente Aziraphale o soltou e olhou para Crawly.
Ele não lembrava quão adoráveis eram aqueles olhinhos azuis, eles pareciam olhos de filhote.
"Hey, oque você ta fazendo por aqui? Não deveria estar no céus com o coro se aleluia?" O pequeno nada disse "Ah tanto faz. Você se perdeu de novo?" Nenhuma resposta.
"Você já deveria estar falando, não? Você é um anjo mudo? Nunca ouvi falar desse tipo de coisa"
Crawly começou a se afastar e ouviu pequenos passos correndo para alcança-lo.
"Você tá me seguindo? Porque você ta me seguindo? Qual é o seu problema? Você é um anjo e eu sou um demônio, você deveria me matar com uma arma e não me abraçar. Somos inimigos".
Aziraphale apenas continuou olhando.
"Você nem deve tá entendendo oque eu tô falando, né? Você tá com fome? Ok, vou conseguir alguma coisa pra vc comer aí depois você me deixa em paz, falou?"
Crawly não falaria que andou vigiando os humanos para algo além de descobrir como criar confusão para eles, não falaria que observou oque eles faziam e oque comiam porque ele tinha esperança de ver o anjinho novamente e poder cuidar dele. Não, ele nunca faria isso.
Eles caminharam até o "acampamento" dos humanos. Crawly silenciosamente observou a mulher juntar algumas frutas e preparar o "almoço", no momento em que ela se distraiu Crawly surrupiou a comida e entregou nas pequenas mãos gordinhas do anjo.
Aziraphale olhou curioso para a comida e depois encarou para Crawley, sem tocar na comida.
"Oque? Você ta com fome, não é?  É só comer", disse ofendido.
O anjinho então fez algo que surpreendeu Crawly. 
Ele passou pelo demônio e foi caminhando até onde estava a comida roubada e a colocou de volta, logo ele voltou calmamente de volta para Crawly.
Crawly levantou uma sobrancelha questionadoramente "Sério? Você tinha que fazer isso? Você realmente é um anjo, pelo amor de alguém. Vamos, eu vou pegar algumas frutas nas árvores pra você, mini anjo".
Aziraphale sorriu e seguiu logo atrás de Crawly.

Contos de um anjo bebêWhere stories live. Discover now