III - Sexto ano: Pesadelos.

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HOGWARTS, 1996. (TW)

Malfoy se revirou, acordando de um pesadelo. O suor pingava, esticando os fios molhados sobre o rosto. A imagem de Lucius Malfoy ainda era nítida, assombrando ─ Então malfoy enfiou os trêmulos dedos nos cabelos, protegendo a cabeça, e rezou por misericórdia, até perceber que eram 02:45 da madrugada e todos estavam dormindo serenamente.

Em pequenos passos logo alcançou o banheiro, ligando a torneira e esfregando bem o rosto com a água quente, que causava uma leve irritação deixando as mãos avermelhadas. Levantou o rosto observando a própria imagem. Atormentado. Assombrado. Aterrorizado. Jovem.

Então, nos mesmos passos pequenos e tímidos ele pulou de volta em sua cama, mas dessa vez, abriu o diário e apoiou sobre as coxas, segurando a varinha em uma mão e apena na outra ─ Lumus.

Querido Diário;

Não nada de bom para falar hoje.
Hoje eu tenho coisas diferentes pra falar.

Querido Draco Mais Novo;

Eu gostaria que você tivesse tido alguém que dissesse: Saiba que você é bom o suficiente.
Por favor, não desista se as coisas ficarem difíceis. Eu estarei aqui.

A verdade é que não consigo me odiar, porque sempre que olho no espelho eu enxergo uma criança. Uma criança que sonhou em fazer amigos, porque em casa nunca teve com quem conversar. Uma criança que diria que me odeia também, mas com lágrimas nos olhos, e logo depois pagaria por estar chorando. Porque você nunca teve o direito de ter sentimentos.

Eu sei, Eu sei, eu sei.
Mas você não é o único.

Dias ruins não superam os dias bons,
as vezes temos que nos sentir tristes para sabermos dar valor a felicidade. Sofrimento. Nunca tive muito contato com Sirius Black, mas o peguei falando com Dora Tonks, e ele disse algo que, jamais, ninguém diria para mim, mas eu gostaria:

"Sofrimento significa que você se importa, e isso é suficiente."

E de repente, por um minuto, eu quis mudar quem eu sou, porque isso não parece certo para mim. Então eu nunca realmente conheci meu pai. Merlin, como eu tentei. Inseguro, cego, obcecado.

Minha mãe foi me dar banho, e ela disse: "Draco, querido, aonde consegui estas manchas?"

Eu disse: "Ah, mamãe, eu estava brincando.

Toda vez que você bate nos seus filhos e diz que foi por amor, você está os ensinando que, ser violados é um direito dos outros, e que é amor.

Então eu estava brincando, pela casa, aquela grande e maldita vazia casa. Tantos empregados e mesmo assim ela continua terrivelmente vazia. E foi ali que, brincando, eu fui chamado para uma sala.

Eu tinha 5
Eu tinha 7

quando as suspeitas foram levantadas, parou por um tempo. Eu não aguentava tomar banho, e mesmo com tão pouca idade, sentir nojo do meu corpo.

Eu tinha 12
Eu tinha 13
Eu tinha 14
Eu tinha 15
Eu tenho apenas 16.
Eu não quero voltar para casa, porque terei 17.

Ninguém acreditou em você não foi?
Quem iria esperar isso de um familiar?

Você adorava se esconder pela casa.
Mas o papai te fez se esconder dele.

"Você é tão maturo e forte!" Eu não tinha que ser forte, eu era uma criança.

Você ama Harry Potter.
Você chora por ele, você sofre por ele.
Mas todos os dias você enfia essa parte no mais escuro e fundo vazio.

Você parou de ir , não parou?
Por que você parou?
Porque ele partiu seu coração
E agora você está perdido...

Você é bom o suficiente. Um dia será.

D.M


Fechando o diário e o colocando na mesa ao lado da cama, Malfoy se encolheu. Abraçou as pernas e deslizou gentilmente a mão pelo corpo, puxando as cobertas e deitando.

─ Malfoy? ─ Draco espiou, retirando o cobertor do rosto e descobriu um Blaise Zabini parado, esfregando os olhos, ao lado de sua cama, com a varinha na mão iluminando ─ Tá tudo bem, cara? Você acordou e não dormiu mais.

Draco sentiu as bochechas avermelharem e franziu o cenho, se preparando para responder mas parou, vendo que o amigo estava totalmente indefeso e voluntariamente ali. Então negou com a cabeça ─ Apenas tive...um daqueles pesadelos.

─ Sei...─ Um momento silencioso se instalou, até Blaise sorrir gentilmente ─ qualquer coisa pode avisar, só não fica zanzando por aí, vai acabar acordando alguém.

─ Boa noite, Zabini.

─ Boa noite, Malfoy ─ A luz desapareceu e o outros pôs-se a se deitar. Então Draco se enfiou nas cobertas, sorridente, e dormiu o resto da noite pleno.

As coisas pareciam melhores.
Ou será que era apenas impressão?

CONSIDERAÇÕES!!

Olá, bebês!! Não tenho muito o que dizer sobre essa capítulo, pesso perdão pelo gatilho.

Queria dizer que, se você está sofrendo qualquer tipo de abuso, por favor busque ajuda. Por mais difícil, por mais assustador que seja, não se cale, não aceite.

Abuso emocional não é pelo seu bem, muito menos é amor. E abuso físico é uma violação monstruosa.

Lembre-se, você não está sozinho/a/e!
Peça ajuda!

Se puder compartilhar estarei agradecendo de mais, e deixa a ☆ !!

Beijos, lola!

Playlist:
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THE DIARY, drarry | ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora