V- Sexto ano: Despedidas ou desejos?

3.3K 404 668
                                    

HOGWARTS, 1996. TW

Mais uma vez Draco tinha acordado no meio da madrugada, dessa vez não por ter pesadelos ou algo do tipo, na verdade estava até surpreso, mas algo muito pior. O que criamos em nossas mentes, por mais perturbador que seja, não pode nos machucar a não ser que aquilo nos tome por completo, mas o que estava acontecendo ali era real, e era muito pior; a marca negra dançava em seu pulso enquanto Malfoy abriu ligeiramente a porta do banheiro, se trancando ali dentro.

Escorreu com as costas na porta até cair sentado no chão, enfiando o rosto entre os braços e joelhos, implorando por redenção. O suor frio e o banheiro não tão grande estavam fazendo sua cabeça rodar. Estava delirando, completamente louco ─ Então se levantou, apoiando na pia e ligando a torneira. Levantou o olhar para o espelho, e, por um segundo achou ter visto seu pai. Então Malfoy riu, surtando contra o espelho logo em seguida.

─ Eu não quero mais ser como você! ─ Enfiou o braço na água quente ─ pelando ─ da torneira e começou a raspar a marca com as unhas. Não saía, não importava o que fizesse, não saía.

Então Malfoy chorou, ficando de joelhos na pia, ainda com o braço dentro da água, pequenos fios de sangue eram levados pela pequena e imaginativa corrente, descendo ralo abaixo. E chorou mais um pouco, até amanhecer.

[...]

─ Malfoy? Malfoy! ─ Foi tirado de seus pensamentos quando Goyle esticou o braço diante de seus olhos, piscando algumas vezes e franzindo o cenho.

─ O que é?

─ Estou te chamando a um tempão, cara! Eu disse que estaremos partindo daqui a meia hora.

─ Oh ─ deu uma garfada preguiçosa nos ovos mexidos, suspirando e penteando o cabelo com os dedos ─ certo ─ assistiu o colega sumir, a voz ficou longe. Mas Blaise o cutucou.

─ Ei.

─ Hm.

─ O que houve com você ontem ─ Blaise fez uma pausa, olhando para os lados e se sentou mais próximo, sussurrando - no banheiro.

Um arrepio desceu a espinha de Draco, largando o garfo e cruzando os braços contra o peito, protegendo as ataduras embaixo do macio sweater ─ Nada.

─ Como nada?! ─ Blaise suspirou em indignação ─ Draco, eu sei como você costuma ser mas não esqueça que somos amigos.

─ Somos amigos porque sua família negocia com a minha ─ levantou os olhos vazios, mas no fundo, gritantes.

─ Vai se foder ─ Blaise largou o garfo de vez, pegando o casaco de cima do banco e levantando para sair, mas se virando ─ esse orgulho vai matar você, e eu não quero estar aqui para assistir isso. Não quero ver meu amigo se acabar.

Draco fungou em ¹ambivalencia. Parte de si querendo acreditar que aquilo era amor de verdade ou apenas palavras.

O amor é a morte de alguns, mas o orgulho será a de Draco ─ levantou com o prato em mãos, erguendo o olhar e, para sua surpresa, Harry estava parado. Desleixado como sempre, vestido a mesma camisa cinza com mangas compridas de sempre.

E assim estava, estático, Draco de um lado do salão, segurando um prato vazio e uma xícara e do outro lado, Harry, puxando a camisa para baixo. Não parecia tentando ofendê-lo, muito menos estava atrás de confusão. Draco quis saber, mais do que nunca, o que se passava na mente do outro. E por um segundo, sentiu que, um pequeno sorriso surgiu nos lábios do moreno.

─ Harry! ─ Uma voz se aproximou e Draco desviou os olhos, Ginny se jogou no outro, abraçando com força, e Harry riu.

─ Ginny!

THE DIARY, drarry | ✔Where stories live. Discover now