IV- Sexto ano: Egoísmo.

3.4K 432 367
                                    

HOGWARTS, 1996. pov's

Harry acordou tarde aquela manhã. Faltavam apenas 2 dias para poucos de seus amigos se despersarem e pegarem os últimos trens de volta para casa. Logo seria Natal, e, dessa vez ele poderia passar na casa dos Black, junto com seu padrinho e amigos, mas ele resolveu ficar, porque algo o incomodava profundamente.

É claro que declarou a si mesmo inúmeras vezes que aquilo era nada mais nada menos do que preocupação com os NOMS, ou, poderia ser até preocupação com a volta de Voldemort. Podia ser qualquer coisa, mas no fundo ele sabia do que se tratava ─ parou de roer as unhas e endireitou os óculos, decidindo tomar banho.

[...]

Recebeu um caloroso bom dia dos poucos grifinórios sentados na mesa e se espremeu entre eles, roubando duas torradas já recheadas do prato ao lado, sem se importar de quem eram - Sobre o que estão falando?

─ O Profeta Diário desta manhã ─ Ginny estendeu o jornal ─ parece que os ataques aos trouxas estão cada vez mais severos, dessa vez, em um pequeno vilarejo próximo a Londres.

O estômago se revirou e Harry largou as torradas mal-comidas no prato, limpando os farelos da mão e sentindo uma forte enxaqueca o tomar ─ eu acho que esqueci minha varinha lá em cima ─ começou a levantar.

─ Vou com vo-

─ Não precisa ─ Cortou Rony rápido, dando um meio sorriso e puxando as mangas do casaco enquanto marchava para fora do Grande Salão, esbarrando acidentalmente com uma figura mais alta ─ Oh, desculpe eu...Ah, Malfoy.

─ Hm, Potter ─ Draco se abaixou, juntando os dois livros e suspirando para a xícara de café estilhaçada, mas nada que um feitiço não resolvesse, logo a xícara estava inteira de novo. Recolheu.

Um longo silêncio se estendeu, os olhos verdes encaravam descaradamente o outros, descendo e subindo, como se procurasse por algo. Draco ergueu a sobrancelha mas não se moveu. O que acabou perdurando por longos minutos, até o desconforto ser gritante.

─Perdeu algo, Saint P-

─ O que é isso?─ Foi cortado quando os olhos verde estavam fixos nos livros.

─ Não te interessa?

─ Hm ─ Harry desviou o olhar e, em um ato rápido, tentou puxar o caderno das mãos de Malfoy, que por sua vez como reflexo o puxou para si de volta, derrubando ambos no chão. Harry por cima de Draco, livros espalhados e a xícara estilhaçada novamente.

─ Merda, Malfoy seu filho da puta!- Reclamou o outro, se apoiando nos braços para se erguer de cima dele, que por sua vez, piscava incrédulo. Harry permanecia por cima, distraído o suficiente enquanto tentava limpar o sangue que escorria do corte nos lábios, talvez tivesse batido o rosto com força de mais contra o loiro ─ olha o que você fez!

Malfoy relaxou as costas, suspirando e jogando a cabeça para trás contra o chão de novo. Esperando pacientemente a boa vontade do outro de levantar. Mas ele não fez, então, Draco ergueu curiosamente a cabeça de novo ─ Harry estava com o rosto enfiado contra o casaco, limpando a boca, que agora aparentava estar com um corte fundo e visível.

Um fio de culpa desceu pela garganta de Draco, mesmo que aquilo não fosse culpa dele. Na verdade, sempre se sentiu culpado por tudo que acontecia em volta. Mas não era algo comum ele sentir essa empatia genuína por qualquer pessoa, e ele sabia que aquilo não era empatia, mas se negaria a admitir aquilo, se negaria e ─ Harry gemeu irritado enquanto tentava parar o sangramento e Malfoy sentiu uma pontada forte, então se pronunciou:

─ Idiota, se você não tivesse tentado puxar isso não teria acontecido, vamos, me deixe ver ─ se ergueu com os cotovelos, derrubando Harry do seu colo para o chão, mas, ainda com as pernas jogadas em cima das de Malfoy.

THE DIARY, drarry | ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora