Tópico: Colegas de quarto

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De manhã cedinho, estávamos eu e Jisoo caminhando pelo corredor do alojamento C, o meu alojamento. Tudo bem, vocês não me viram nele até agora e devem estar pensando: "nossa, Rosé tinha mesmo um quarto?" Sim, próxima pergunta.

Eu precisava pegar mais algumas roupas se quisesse continuar hospedada no quarto de Jisoo e Jennie (sem Jennie), que até aquele momento não havia dado o ar das graças, como a nêmesis dela, Lisa, que também havia sumido. Bati umas trinta vezes na porta do quarto dela até desistir e assumir a derrota. Lisa não estava lá ou não queria me atender (quem em sã consciência não quer me atender?) Então, obviamente, a primeira opção era a mais provável. E o último e mais importante fator que me fez voltar ao meu quarto: pedir ajuda aos dotes mágicos de Momo para que o plano Jenlisa pudesse prosseguir com sucesso.

O meu quarto e de Momo era o único do corredor que tinha uma mandala pendurada na porta, e antes mesmo de chegar, eu via um rastro de fumaça saindo pelas frestas. Maravilha, ela já tinha começado a sessão diária de purificação do ambiente.

— Tô com um pouco de medo... — Jisoo se escondeu atrás de mim.

Já falei o quão adorável era o fato de Kim Jisoo ser mais baixa que eu? Se não, fica aqui o lembrete.

— Relaxa, já viu a Sininho fazendo mal a alguém?

— É Tinker Bell.

— Tanto faz. Momo é inofensiva como uma planta.

Na segunda batida, um espacinho da porta se abriu e a fumaça que nos atingiu foi tanta que eu e Jisoo tossimos. Diferente do que eu pensei, não foi Momo quem abriu a porta e sim, um cara. Poderia ter 20 ou 30 anos, cabelos loiros na altura dos ombros e uma cara desconfiada, tipo mineiro. Fiz força para entrar, mas ele pressionou a porta e não me deixou completar a ação.

— Quem é você?

— Quem sou eu? Eu moro aí!

Ele estreitou ainda mais os olhos, não satisfeito com a minha resposta.

— Sou colega de quarto da Momo, prazer.

— Sou o namorado da Momo, prazer.

— Desde quando a Momo namora homem?

O cara ia responder, mas algo se remexeu dentro do quarto e ele foi puxado, finalmente, a cara de Momo apareceu pela fresta da porta. Ela tinha cortado as duas primeiras mechas do cabelo na altura do maxilar enquanto o resto continuava no comprimento normal (que era na cintura, mais ou menos) como se tivesse começado a cortar e ficado com preguiça. Ela colou vários strass azuis e rosas na bochecha, passou glitter nos olhos e na boca e colocou orelhas falsas de duende.

Não eram nem oito horas da manhã, bicho.

— Aah, Roseanne, quanto tempo!

O sotaque dela era fofo e eu quase me esqueci o quanto podia me irritar. Momo abriu a porta, me convidando para entrar no meu próprio quarto.

— Lindo, lindo... fantástico... — Ela passou as mãos nos strass da muleta de Jisoo.

O cara que atendeu a porta se afastou e sentou em um círculo no meio do chão. Ao entrar no cômodo, precisei parar no batente para segurar um palavrão.

— O que você fez com o nosso quarto, Momo Hirai!?

Apertei o braço de Jisoo, a única pessoa que me traria sobriedade para que eu não estrangulasse a Tinker Bell até a morte.

Peter Pan que me perdoe, mas Momo acabou com o nosso quarto, ela jogou um monte de tinta colorida nas paredes e pendurou filtros dos sonhos no teto. Ela cobriu todos os móveis com cangas de praia e o chão estava lotado de pedras, formando círculos. A bola de cristal jazia em cima de um palanque de madeira e dois travesseiros em volta do artefato estavam com cheiro de maconha. Acho que, por ser uma fada, a maconha que Momo revendia era excelente. Um dia ela me ofereceu uma amostra grátis que me deixou chapada por uma semana (Jennie dizia que era por isso que ela acreditava ser uma fada, para começo de conversa).

O Plano JWhere stories live. Discover now