Capítulo 53 LUTO

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A família Velmont estava em desespero, ávidos por notícias de Tereza Cristina que ainda não havia aparecido. Tudo o que se sabia era que foi vista pela última vez saindo com Ferdinand no carro dela.

Crodoaldo procurou por algumas pistas na suíte master e tudo o que constatou foi que a madame saiu sem documentos e sem dinheiro, detalhe estranho o suficiente para fazê-lo acionar a polícia. Não deixou que Marilda arrumasse o quarto sem antes a polícia investigar, porque para ele estava nítido que algo grave tinha acontecido.

CRÔ – Minha santa Madona o que será que pode ter acontecido com minha pitonisa de Tebas que desde ontem não deu as caras. – Dizia para si mesmo, andando de um lado para outro, deixando Patty e René Jr. ainda mais ansiosos.

René chegou para dar suporte aos filhos, mas ele sob o efeito da raiva e do ciúme acreditava que a mulher pudesse estar com o segurança em algum motel. Impulsiva que só ela, não se surpreenderia.

Somente no final da noite, os policiais voltaram para a mansão com notícias nem um pouco agradáveis.

POLICIAL -Senhor René Velmont, sou o sargento Costa e infelizmente não trago boas notícias.

RENÉ Jr. -O que aconteceu com a minha mãe? Ela morreu? Minha mãe morreu? – gritou o menino desesperado, agarrado ao pai, ao passo que Patrícia aos poucos fora sentindo seu corpo cair sendo amparada por Crodoaldo que se encontrava nas mesmas condições.

RENÉ -Nos diga de uma vez o que houve? É algo grave?

POLICIAL -Sr. Velmont o carro da sua esposa foi encontrado nas proximidades da vicinal Rio-Iguabinha, todo carbonizado. O condutor, que segundo relato do senhor Crodoaldo Valério morreu e o corpo da sua esposa não foi encontrado. Vasculhamos toda área e não encontramos nada.

A notícia pegou todo mundo de surpresa, ninguém conseguia acreditar que algo tão grave pudesse ter acontecido com Tereza Cristina.

René sentia-se assombrado pela culpa e pelo remorso, lembrando-se do semblante desesperado de sua esposa, confessando que poderia ter sido violentada pelo segurança e ele não lhe deu crédito.

Tomado pela dor, as lágrimas caiam continuamente e se esforçou ao máximo para ouvir o que o policial ainda tinha a lhe dizer.

POLICIAL -Neste momento não podemos afirmar com precisão que a senhora Velmont morreu, mas dada a gravidade do acidente as chances são mínimas. Essa pulsera foi encontrada dentro do veículo e um pedaço de um roby ou camisola. O senhor reconhece esses objetos.

CRÔ -Essa pulseirinha com o olho grego era a preferida da minha rainha. Não a tirava por nada e esse tecido é sim da camisola que ela usou ontem a noite. Sei porque fui eu quem escolhi as roupas de dormir de minha Nefertiti. – Não, não, não...o que vai ser de mim sem a minha rainha? – Se perguntava aos prantos, abraçado a Patrícia que também chorava muito.

RENÉ -Quais outros procedimentos a polícia irá tomar?

POLICIAL -Sei que o momento é muito delicado mas o senhor se importaria se vasculhássemos pela casa? Em seu depoimento o senhor Crodoaldo nos disse que a patroa fora vítima de assédio por parte do segurança no dia anterior.

PATTY -Como é que é Crodoaldo? Por que não nos contou isso antes? Você sabia disso pai? – indagou com um olhar inquisidor, pois até então o que sabia era que a mãe traíra o pai.

Desesperado, René não respondeu a pergunta da filha. Júnior insistiu na pergunta e ele não teve outra alternativa senão confirmar que Tereza Cristina tinha lhe dito que teria sido violentada e que não acreditou por conta das fotos que recebera em seu celular.

De repente todos os olhares de reprovação se voltaram contra ao senhor Velmont lhe fazendo sentir ainda mais o peso do remorso. René Jr que o abraçava, se afastou dele abruptamente, transtornado de raiva.

Na suíte master um dos peritos que acompanha o sargento Costa encontrou um lenço cheirando a éter, mais uma peça do quebra-cabeça que evidenciava que a madame dissera a verdade.

Revoltados, Junior e Patrícia agrediram ao pai verbalmente. Não podia acreditar que ele não a protegeu, duvidou da mãe quando mais precisava de ajuda. Patty também se sentia culpada por ter acreditado na possibilidade de adultério.

O policial os informou que continuariam as buscas, porém não deveriam ter mais esperanças. Se não morrera carbonizada era possível que tenha morrido na queda, ou afogada. Talvez seu corpo tenha sido ejetado para fora do carro e caído no rio.

Quando os policiais e os peritos foram embora, Rene bem tentou conversar com os filhos, argumentar suas razões e sem sucesso. Embora não tivesse dito nada, Crodoaldo sentiu um ódio imenso corroê-lo por dentro. Tudo poderia ter sido evitado se o marido tivesse acreditado. Se perguntava aonde estava o amor que ele sempre jurou sentir por ela.

Não restando outra opção senhor Velmont se trancou no quarto de hóspedes e poder chorar a sua dor, tendo a solidão como companheira.

Patrícia, René Jr. e Crodoaldo se abraçaram, sentados no chão da escada. A dor da perda era tão dilacerante que não saberiam se seriam capazes de aguentar a viver sem ela. Com todos os seus defeitos, seus surtos e excentricidades Tereza Cristina era muito amada pelos filhos e pelo mordomo e sua ausência causara um vazio enorme no coração de cada um.

AS APARÊNCIAS ENGANAMDove le storie prendono vita. Scoprilo ora