Capítulo 12

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Mais ou menos às duas e meia da tarde, Logan estaciona o carro na área de lançamentos de barcos do parque da margem ocidental da baía de Irondequoit. O céu está nublado, e um vento fraco balança a vegetação em volta. Na água, a alguns metros a nossa frente, está um bote de fibra ancorado. Mesmo ainda não tendo certeza se irei ajudá-lo, decidi vir junto e descobrir como Logan pretende me convencer.

Logan desce do carro acompanhado de Steve. Os dois vão até o porta-malas e começam a descarregar os equipamentos de pesca. Eu fico sentada no banco de trás tentando enxergar o que há na margem oposta do outro lado da baía. Não há nada lá além de mais vegetação.

Com a visita inesperada de Steve e nossa atividade sugerida por Logan, tive de cancelar minha viagem, avisando a Bern que nunca chegaria a Nova York hoje. Felizmente minha mãe nunca ficou sabendo da minha ida, então não acabará triste. Não estou totalmente convencida da história de Logan, mas ainda não desacreditei inteiramente no que ele diz. Ele não mentiu sobre a parte de ser um vampiro, então pode ser que haja a tal cura. E se eu o ajudasse, não estaria livrando a humanidade de só um bebedor de sangue assassino, mas sim de uma família inteira. Além de que não estaria fazendo isso sem nenhum retorno. Ele também disse que encontraria a pessoa que quis machucar meu pai. Eu não faço ideia de como ele pretende fazer isso, mas se essa parte também for verdade, o ganho seria duplo.

Enquanto Steve se preparava para seu dia de pesca hoje mais cedo, Logan me contou o que eu teria de fazer para ele ter acesso a cura. Eu teria de dar meu sangue em troca de sua localização e então ir atrás dela. Logan disse que ela está no fundo da baía e que ninguém é capaz de tirá-la de lá com exceção dos descendentes diretos de Anthony Harrison, ou seja, meu pai ou eu. Também não sei quanto disso é verdade, mas desde que eu soube que vampiros existem, nada mais parece impossível.

"Não vem, maninha?" Steve pergunta, de trás do carro.

"Já estou indo," respondo.

Olho de volta para o bote flutuando na água mais uma vez e então abro a porta do carro, saindo para fora. O vento leva meus cabelos aos olhos, e eu estremeço. Não parece um dia propício para nadar.

Logan passa por mim e anda até o bote, na intenção de trazê-lo para a margem. Steve vem logo atrás, com as coisas que foram tiradas do porta-malas. Quando está tudo pronto, nós três nos arrumamos no bote. Steve se senta na frente, observando tudo sem deixar passar nada; enquanto isso, eu um me sento no meio com Logan logo atrás, remando baía adentro. Ficamos em silêncio durante todo o percurso.

"Não tinha um motor?" Steve pergunta, olhando para trás.

"Aluguei de última hora. Era a menor embarcação que eles tinham." Logan responde, parando de remar. Ele olha em volta uma última vez e então recolhe o remo. "Acho que aqui é fundo o suficiente."

Steve se vira e pega sua vara. Sentado de costas para nós, ele começar a preparar a isca, dizendo, "Isso é tão estranho. Acho que só pesquei uma vez na vida."

Logan e eu nos entreolhamos, nenhum dos dois fazendo qualquer menção de pegar nossas varas. "Eu também não, mesmo sempre morando muito perto do mar." Logan diz.

"Shh," ele diz e lança sua linha na água.

Logan olha mais uma vez para Steve, então se levanta e se senta ao meu lado. "Está na hora," sussurra, tirando um canivete do bolso e o estendendo para mim.

Olho para o instrumento em sua mão e então para meu pulso. Começo a repensar a ideia de ajudá-lo. Não conseguiria me machucar de propósito. Também não sei se valeria a pena. Quero dizer, apesar de tudo, ainda não tenho nenhuma garantia do que ele diz é verdade. Eu sei que ele me garante que vai encontrar a pessoa por trás do ataque ao meu pai, mas até agora não sei como isso acontecerá. Poderia ser só mais um plano para me matar. E talvez tivesse convidado Steve, porque dois humanos é mais vantajoso que um. "Eu não consigo fazer isso." Afasto com mão o canivete da minha pele.

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