Capítulo 56

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Lágrimas quentes vertem por meu rosto enquanto encaro os olhos vermelhos de Henry. Suas pupilas negras tomam conta de quase toda a íris; a boca borrada de vermelho. Tremo de medo sob seu corpo. Uma de suas mãos frias está sobre minha boca para calar meus gritos de socorro. A outra segura mechas de meu cabelo que foram afastadas para facilitar a chegada de seus dentes afiados a meu pescoço. As perfurações ardem e sangram.

Quero mover minhas pernas para chutá-lo, mas o peso do vampiro sobre mim me imobiliza no chão. Não consigo mover meus braços também. Vejo-me completamente incapaz de impedi-lo. Depois de ter parado para tomar fôlego, ele volta a sugar meu sangue. Já não sei há quanto tempo está fazendo isso, mas fico com medo de que perca o controle e tome o suficiente para me matar.

"Afaste-se dela agora!" diz uma voz conhecida, e meu coração dá um salto de alegria.

Henry para no mesmo instante. Ele afasta-se de meu pescoço e olha para trás. Sangue lhe pinga da boca. Antes que possa dizer qualquer coisa, Bram puxa-o de cima de mim com violência e joga-o contra a parede ao nosso lado, como se o garoto não pesasse mais que uma pena. Livre, sento-me, levando a mão à lateral do pescoço. Apesar da dor, alívio começa a correr-me pelas veias. Meus batimentos cardíacos vão se acalmando.

"Tudo bem com você?" Bram pergunta, abaixando-se ao meu lado e colocando sua mão sobre meu ombro. Apenas assinto em resposta. "Temos que te tirar da-" Mas não tem tempo de terminar sua frase. Henry pula para cima dele. Os dois rolam pelo chão, um tentando levar as mãos ao pescoço do outro. Lembro-me daquela vez no casarão do Charlotte — uma memória tão distante agora — quando Bernard e Anna lutaram. Ele dissera enquanto tentava estrangulá-la que matar um vampiro é difícil, mas que para ele não seria um problema. Apesar de imortais, vampiros precisam de oxigênio?

Embora Henry seja determinado, não está nem perto de ter a força de Bram. Em pouco tempo o vampiro mais velho fica por cima dele, segurando seus braços no chão acima de sua cabeça. Eles se encaram.

Bram olha pela primeira vez para o rosto do inimigo e franze o cenho. "Não está enfeitiçado..." diz como se tivesse deixado algo passar e se sentisse estúpido por tê-lo feito. Sério, encara Henry nos olhos. "Junte-se a mim. Eu posso te tirar desse sofrimento. Logo teremos a cura."

"Cura?" Ri-se. "Por que você acha que quero isso?"

"Teve sua vida tirada de si e agora está condenado a viver para sempre vagando pelo mundo sem alma. Uma maldição," explica. "A cura serve para mudar isso."

"A imortalidade é maravilhosa." Sorri expondo seus caninos. "Bernard me disse que você acreditava nessa bobagem de cura e redenção, e que vampiros são amaldiçoados. Mas prefiro acreditar nele: que somos criaturas abençoadas. Se não fôssemos, por que seríamos tão melhores que humanos? Se somos doentes, por que vivemos eternamente?" E ri alto mais uma vez, quase como se estivesse delirando. Mas não está. Está mais são do que poderia.

"Se você não está enfeitiçado... está aqui voluntariamente..." Bram pensa em voz alta, um pouco desconcertado. Ele realmente pensava que todos os vampiros que estão com Bernard tomaram seu lado apenas por causa de um feitiço. Henry estar ciente das próprias escolhas contraria isso e pega-o desprevenido. "Por que está fazendo isso, que ganho tem em ter de matar por toda a eternidade para ter uma réstia de sangue e não sucumbir à doença? Você sabe o que acontece a um vampiro que não toma sangue?"

"Somos predadores dos humanos. Em vez de nos esconder nas sombras, não são eles que têm de ter medo de nós? Bernard só quer arrumar a ordem natural das coisas. Quando tivermos vampiros o suficiente para subjugar os humanos, teremos sangue por todos os séculos que este mundo permitir." Ele faz uma pausa e lambe os lábios. "Se você se entregar, quem sabe ele te deixe se juntar a nós."

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