Capítulo 10

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Na sala de armas Angel refletia sobre as palavras da soberana enquanto empunhava uma espada e olhando o próprio reflexo na lâmina via as cicatrizes que tinha em seu rosto e lembrava das palavras da rainha '' está em suas mãos Angel'', essas palavras passavam vez após vez em sua mente ressoando com a voz tensa da rainha. 

Pouco mais cedo naquele dia, quando lady Ofélia saia do quarto aonde Lucas estava e Angel se dirigia ao mesmo indo perguntar se o médico necessitava de ajuda.

-Angel?- pergunto Ofélia quase trombando com a garota que estava, pela sua surpresa, com um vestido lilás, que destaca a cor de seu cabelo- veio para auxiliar Patrick?

-Sim majestade- a garota disse fazendo uma mensura- como o sir Lucas está?

-Se recuperando bem esse garoto sempre teve uma saúde de ferro- e olhando a garota de cima a baixo, falou com um olhar curioso- fica bem neste vestido Angel, a cor realça seu cabelo.

-Muito obrigada madame- ela disse lhe oferecendo um sorriso amigável.

-Antes que vá o auxiliar, preciso ter uma conversa com você.

-Mas milady eu...

-Agora Angel - a soberana disse em tom de ordem, passando pela garota e a olhando por cima do ombro- vamos.

- Sim majestade- Angel disse se virando para a rainha e a seguindo, ''o que sera que fiz agora? Não pode ser uma nova proposta, eu já recusei a primeira'' ela se perguntava '' será que ela me viu de calça? Ou treinando?Só faltava essa ser jogada na masmorra por estar treinando''. Chegando na sala de estar da rainha, a mesma se virou e fitou a garota que estava na entrada do cômodo a olhando de modo interrogativo.

-Deve estar se perguntando o motivo de a trazer até aqui, preciso ter uma conversa séria com você Angel, principalmente porque foi você quem Lucas viu primeiro- fazendo um sinal permitindo que ela se aproximasse ela andava pela sala- vocês podem se retirar- ordenou Ofélia aos criados que estavam na sala, após a saída deles ela relaxou sua postura e agitou a mão chamando a atenção da garota- venha Angel.

Angel a seguiu até entrarem no quarto da soberana, um lugar que nunca estivera, ele era perfeitamente iluminado com uma grande cama com dossel dos quais pendiam um tecido dourado e fora entalhada na madeira pequenas flores, o tecido vermelho da concha na cama se descava perfeitamente esticado e liso parecendo uma pétala brilhante de uma rosa, na parede uma tapeçaria que retrava o rei, ela e Luck junto com as cores determinadas de seu clã. A rainha apontou para uma cadeira que estava disposta perto da janela, naquele horário o sol batia e dava um brilho ainda mais angelical para o cômodo, Angel foi até ela e se sentou nela a rainha se manteve de pé.

-Angel me diga em que situação você encontrou Lucas.

- Bem eu o encontrei no bosque, ele estava com o semblante assustado- Angel mexia as mão enquanto falava nervosa- estava sempre olhando para trás, com medo.

-Entendo, acho sei o que ele pode ter vindo fazer aqui, a notícia que queria dar a nós- Ofélia se aproximou olhando para a janela, os olhos verdes se destacavam no cabelo escuro dela, olhos grandes e penetrantes como os de Luck, Angel pensou.- mas mudando de assunto, Angel suponho que quando era criança aprendeu a andar de cavalo antes de saber andar não é mesmo.

- Suponho que sim, minha mãe gostava muito de cavalos, tanto quanto meu pai- ela disse com um sorriso triste ao lembrar do riso contagiante de sua mãe.

- Sua mãe era dona de uma personalidade incrível e um senso de humor contagiante, não me surpreendi quando Sabrat me falou que Brutan tinha lhe confessado estar apaixonado por ela e tinha a intenção de se casar. Sabe, até aonde conheci da juventude dele, Brutan era bastante tímido e reservado neste tipo de assunto, então foi uma grande revelação quando anunciou que iria se casar- ela olhou para Angel com carinho- você se parece com ela a não ser pela com do cabelo.

- Sempre apreciei muito a personalidade dela. Mas majestade, a senhora me chamou aqui para conversar sobre minha família?

- Na verdade não. Presumo que saiba melhor do que ninguém que esse castelo é lotado de portas escondidas e compartimentos secretos- ela andou até a grande tapeçaria e a puxou revelando uma pequena e escondida porta que levava a outro quarto- sabe Angel, quando vim morar aqui resolvi trazer boa parte dos pertences de minha família, coisas que lembrariam meu antigo clã, venha me acompanhe.

Angel se levantou e a seguiu, com certa desconfiança e com os braços cruzados, mesmo conhecendo a rainha, não sabia ao certo o motivo do qual ela a chamara para conversar. Chegando la dentro Angel mal pode esconder seu espanto, num pendente estava uma reluzente espada, com um tartan caindo sob ela, mas a garota desconhecia aquelas cores e aquele brasão. Nas outras paredes, pedaços de cobertores estampados, com as cores do tartan, e mais uma espada o que diferenciava da outra era que seu cabo era a prateado e possuía um colar pendurado com uma pedra azul mais reluzente e bela que já vira na vida. Lady Ofélia estava no meio da sala, encarando atentamente com um olhar triste e ela pode notar que a soberana estava com um lenço pequeno das cores do tartan, Ofélia estava encarando a primeira espada que possuía um cabo dourado, e uma pedra no centro verde e reluzente, igual a pedra do pequeno colar que, neste momento enquanto virava para Angel, a rainha apertava entre os dedos. 

-Aproxime-se menina - falou Ofélia lhe estendo a mão- nesta sala estão os pertences de meu antigo clã, o dos meus pais.

Angel estava com um olhar confuso diante daquelas relíquias tão maravilhosas.

-Está espada com o tartan- começou a rainha indicando a espada- era do meu pai, o lider do clã Mc' Dunborred, fica longe daqui das...

- O clã Mc'Dunborred?! Conhecido pela força e valentia das mulheres nascidas nele?! - Angel a interrompeu, animada e surpresa pela descoberta - per-per-perdão senora não queria a interromper...

- Ha ha ha- riu a rainha alto diante do desconcerto da garota- está tudo bem Angel, entendo seu espanto diante disso - ela se aproximou da espada passando a mão sob sua lamina a olhando com certa ternura- meu clã era famoso por isso mesmo principalmente minha mãe. 

- Senhora, perdão pela pergunta mas a outra espada seria dela?- perguntou a garota se virando para a outra espada com o colar.

- Sim era dela- lady Ofélia olhou com um certo orgulho para a pedra do colar- o colar era dela, seus olhos eram azuis. Minha mãe nos ensinou a empunhar a espada ainda bem pequenas- uma lagrima começou a se formar com as lembranças que ressurgiam da mãe em sua juventude, principalmente de sua risada gloriosa - ela sempre falava que não podíamos depender da proteção de nosso pai ou dos guerreiros que nos protegiam. Tínhamos que aprender a nos defender sozinhas, assim como seu pai lhe ensinou Angel.

Ela olhou para a menina com um olhar que refletia saudade de seus tempos de juventude com sua mãe, das conversas sob a lareira, das reclamações, todas aquelas lembranças lhe machucavam ao lembrar da morte trágica de seus pais. Desde cedo aprendeu com pai '' todos carregam dores minha querida, não existe um ser que não possua uma cicatriz ou mais meu amor. Lembre-se minha querida Ofélia, sonhadores como você  vivem em tempos conflitantes''. 

- Entendo senhora, teve os mesmos ensinamentos que eu - Angel disse com certo cuidado na voz.

- Sim, mas Angel - ela chegou perto da menina e segurou seu rosto- você possuí a força que Luck não tem. Por conta disso que propusemos que se casasse com ele, seria uma ótima rainha um dia minha jovem.

-Mas senhora eu...

- Angel por favor- ela lhe interrompeu- não irei insistir que se case com ele, você já rejeitou uma vez. Mas Angel, depois do que aconteceu com Lucas, ajude Luck minha jovem. Ele é muito inteligente, mas na arte da guerra ele não entende como você, ele necessita de seu auxílio. Lhe imploro, o ajude.

Ela nunca a havia visto implorar, a rainha tão altiva de outrora estava implorando para uma jovem, a filha do chefe da guarda de seu marido, para que ajudasse seu filho, o futuro rei de Edimburgo. Logo Angel nota que lagrimas começam se formar, lagrimas do apelo de uma mãe.

- Esta decisão está em suas mãos Angel- ela se distanciou da garota e ficou de frente para a primeira espada - pode ir, me deixe sozinha.

-Sim milady - já na porta ela se virou e a olhou- vou fazer o que puder para ajuda-lo rainha - logo ela retirou e andou decidida até a porta do quarto deixando a soberana sozinha em seu grande cômodo. 



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⏰ Last updated: Nov 17, 2022 ⏰

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Raposa SelvagemWhere stories live. Discover now