John

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Na ponta dos pés...
A sensação era de estar no topo de uma montanha-russa...
Com as mãos para o alto, esperando o então inigualável momento da descida...
A excitação do desconhecido...
O vento batendo no rosto...
O frio na barriga constante...
A pressão no baixo-ventre causado pela expectativa...
O bater de asas delicadas e rítmicas...
Sim, o bater de asas...
Borboletas, elas estavam ali...
Alojadas graciosamente em meu estômago...
Como se o lugar pertencesse à elas desde a criação do mundo...
Respirações falhas, porém, tão perfeitamente ritmicas, que poderiam ter sido ensaiadas anos e anos à fio...
Dois corações batendo excessivamente acelerados, um tentando se sobrepor ao outro...
E então a tão esperada descida chega...
Braços para o alto, extravasando todas as emoções acumuladas...
Todos esses sentimentos fizeram parte de mim naquele milésimo de segundo em que eu, John Watson, Veterano de guerra, havia tomado uma iniciativa fora dos padrões, nos quais eu próprio acreditava e seguia... Não havia tramado aquilo, eu nem ao menos pensava ser capaz de fazer uma coisa daquelas, sabia apenas que vê-lo... Oh Deus, vê-lo com minha pequena Rosie nos braços, tão gracioso e protetor, havia feito algo dentro de mim desabrochar como uma rosa. Não parecia errado, não parecia confuso, não mais... Apenas parecia o certo à se fazer... E céus, meu íntimo gritava por uma atitude.
E lá estava eu, na ponta dos pés, inesperadamente, respirando o mesmo ar que Sherlock Holmes... E com meus lábios colados nos dele.

Era nítido que nenhum dos dois sabia o que fazer, eu permanecia exatamente como a um minuto atrás... Na ponta dos pés, braços rígidos colados em meu próprio corpo, e a boca parada em um ângulo um pouco desconfortável. O homem à minha frente, parecia incrivelmente surpreso, e também estava imóvel, nenhum movimento havia sido feito.
Não posso conter a graça, e então sorrio sem jeito, afastando enfim meus lábios dos lábios de Sherlock Holmes.
Pigarreio dando um mínimo passo para trás, e mesmo não querendo, olho para o mais alto. Sherlock estava vermelho, olhos muito abertos deixando sua iris cristalina totalmente à mostra.

-Sherlock? -Chamo sua atenção, ele parecia aéreo. -Sherlock, você está bem?

Ele seguia em silêncio, apenas piscando algumas vezes.

-Sherlock, não precisa entrar em pânico... -Digo ficando meio preocupado com a falta de reação do meu amigo. -É sério, Sherlock, tudo bem se você não gostou, só pelo amor de Deus, reage. -Digo começando a me irritar.

Ele permanece em silêncio, mesmo ficando um pouco irritado com aquela situação, me aproximo novamente dele, sabia que Sherlock Holmes não lidava bem com emoções, ele não se permitia sentir... E mesmo sabendo que ali, ele era o mais mente aberta e eu o mais antiquado, havia lhe surpreendido... E para o mesmo, que sempre tinha o controle de tudo, não seria fácil lidar.

-Sherlock, escute...

-John, eu também amo você.

E em uma coreografia digna de oscar, as borboletas recém nascidas em meu estômago, iniciam uma dança graciosa e cheia de sentimentos. Ouvi-lo falar aquelas palavras era mais prazeroso do que dize-las, fecho meus olhos por alguns segundos, absorvendo aquela sensação maravilhosa da reciprocidade. Volto abrir meus olhos e Sherlock, estava parado muito perto de mim, olho para cima podendo ver seus olhos, estavam igualmente me olhando.

-Fico aliviado. -Digo fazendo graça. -Seria meio humilhante se você não senti-se o mesmo...

-Por Deus John, não seja dramático. -Ele diz sorrindo. E naquele momento percebo o quão maravilhoso era vê-lo sorrir, retribuo o sorriso, colocando nele toda a alegria que estava sentindo. -Eu apenas não sei o que fazer, John.

Ele diz com sinceridade. Pela primeira vez em todos os anos que compartilhei experiências com Sherlock Holmes, o vi sem saber o que fazer, ele sempre tinha respostas e soluções para tudo... Porém ali, com nossos rostos muito próximos, vejo a preocupação em seu olhar.

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Where stories live. Discover now