Capítulo 4

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O primeiro beijo dá-se com os olhos.

May

  Cheguei atrasada para trabalhar, não consegui dormir a noite toda, fiquei pensando no dia anterior, como que  surpresas acontecem sem esperarmos, de uma maneira mágica.

  A cafeteria já estava aberta quando entrei, a pressa era tanta que não olhei pra frente, e minha cabeça bateu em algo me fazendo voltar para atrás, caí sentada no chão, meio tonta pelo impacto.

   Alguém se abaixa perto de mim, e toca meu rosto.

  - Você está bem?- abro os olhos e na minha frente está o céu azul, tenho a impressão que estou flutuando, pisco algumas vezes, tentando recobrar a consciência de onde estou.

  - Estou....eu acho. - Ele me ajuda à me levantar, suas mãos seguram minha cintura, sinto por cima da roupa os músculos de seu braço. Respiro fundo pra não cair de novo.

  - Desculpa, não foi minha intenção te machucar, eu sinto muito. - pega minha bolsa que caiu no chão e me entrega.

  - Obrigada, não foi sua culpa, eu que não olhei pra frente.- digo com vergonha.

   Ele me olha nos olhos, mas dessa vez não desvio o olhar, seu celular toca nos trazendo de volta pra realidade.

  Chris se afasta sem falar nada, entro na cafeteria apressada, escuto uns cochichos e algumas risadas, Michele me olha em expectativa, reviro os olhos.

  - Não digam nada, pois hoje não estou para brincadeiras. - já aviso.

  - Que agressiva...- Michele ri.

  Hoje foi movimentado, o tempo passou rápido, que nem percebi, faltava poucos minutos pra encerrar meu expediente, quando a porta se abre e Chris entra em passadas largas ele chega até o balcão, meu coração acelera, está tão lindo com um moletom preto, o que me deixa triste é saber que nunca vou ser amada por ele, até porque é casado com uma atriz de cinema, e eu sou uma atendente de cafeteria ainda trabalhando ilegalmente, sou boa em me colocar pra baixo, isso basta pra me deixar triste.

  Ele pára e analisa os cupcakes na vitrine, engulo meu choro, seus olhos encontram os meus, mas dessa vez eu desvio. A vontade que tenho é de sair correndo e chorando.

  - Vou querer dois cupcakes de brigadeiro com mirtilo. - sua voz é aveludada, como amo o tom de sua voz.

  - Vai comer aqui?- pergunto olhando pra baixo.

  - Não, é pra viagem.- engulo em seco, deve ser pra sua esposa.

   Embalo os dois doces com vontade de chorar, entrego o pacote e me afasto, pois está na hora de ir embora, troco minha roupa, pego minha bolsa e vejo Rita parada na minha frente.

  - Esse tipo de gente não é pra nós...não quero que sofra May. - e sei que ela está certa, mas não deixa de ser doloroso.

  - Já vou indo. - saio e vejo que Chris também já foi embora.

   O frio está intenso, começo a andar para pegar o metrô, ouço alguém me chamando, paro congelada, não pode ser...Chris.

  - Oi...posso te dar uma carona?- me viro e quase desmaio.

  - Não precisa se incomodar. - digo educada.

  - Será um prazer, comprei cupcakes pra nós. - levanta o pacote que eu embalei, sorrio sem jeito. - Seu sorriso é lindo.- diz.

  - Obrigada, mas não quero te incomodar. - um sorriso largo se abre em seu rosto.

  - Se todos os incômodos fossem dar carona pra moças bonitas você, quero ser incomodado pra sempre.- ele parece uma criança grande.

  - Tudo bem, então eu aceito.- digo tímida.

  - Aceitou por mim ou pelo cupcake?- me olha de lado.

  - Pelo cupcake é claro.- brinco.

  - Boa escolha.- ri.

   Entramos no carro e o caminho foi em silêncio, chegamos em frente à minha casa, ele desliga o carro, e pega os cupcakes.

  - Me fala um pouco sobre você enquanto comemos. - me entrega um bolinho.

  - Bom, eu vim do Brasil pra estudar, sou virginiana...- bela discrição hein May.

  - Eu sou leonino, deve ser por isso que gosto de holofotes .- brinca.

  - Tá explicado. Por que escolheu brigadeiro com mirtilo?- pergunto.

  - Brigadeiro representa você...e mirtilo eu...estamos os dois no mesmo doce.- fico com vergonha.

  - Ah.- só isso que sai da minha boca.

   Uma conversa sobre filmes da Marvel se iniciou ,fiquei animada, porque adoro esse assunto, se passaram alguns minutos que até esquecemos de comer os cupcakes.

  - Me colocaram aquela barriga medonha...fiquei horrível. - estávamos falando sobre seu personagem Thor em Avengers- Endgame, quando a produção tentou queimar o Thor caracterizando ele de maneira grotesca, que ódio que fiquei disso.

  - Você é bonito até daquele jeito, se tentaram queimar o Thor, não deu certo. - me escapulir, dou uma mordida no cupcake pra disfarçar.

  - Pelo menos alguém me achou bonito com aquela pança...- ele também morde o bolinho.

  - Thor é bonito de qualquer jeito. - tento mostrar que estou falando do personagem, ele sorri.

  - Só o Thor?- minha vergonha aumenta.

- Digamos que você e Thor tem a mesma aparência, então...- ele limpa minha boca com a ponta dos dedos.

- Tem brigadeiro aqui.- diz rouco.

  Seu rosto está muito próximo do meu, que sinto sua respiração quente na minha pele, seus olhos estão fixados em minha boca, meus lábios se separam em expectativa.

  Sua boca encosta na minha, dando um selinho demorado, sinto o gosto doce  vindo de seus lábios por conta do cupcake, meu corpo inteiro formiga, sua barba por fazer encosta no meu queixo, me provocando arrepios.

Seus lábios se separam dos meus, deixando uma sensação de vazio. Ele me olha estranho, ah meu Deus ele não gostou de me beijar, não tenho coragem de sustentar o olhar, abro a porta do carro e saio em silêncio.

Ele não diz nada também, entro em casa já com algumas lágrimas caindo, vou direto pro meu quarto.

  Chris

  Não acredito no que acabei de fazer, beijar a garota, qual meu problema? Sou um homem adulto capaz de controlar os desejos, mas ver seus lábios tão próximos dos meus...

No fundo eu já queria beijar seus lábios no segundo em que vi pela primeira vez, ela tem algo diferente, me sinto bem ao seu lado.

Apoio minha cabeça no volante, só não vou gritar aqui, pois isso chamaria muita atenção e não quero estar nas manchetes amanhã por gritar no meio da noite dentro do carro.

  Foi errado o que eu fiz, Elsa não merece isso, nem meus filhos. Amo minha família, não posso destruir o que construímos juntos.

  O melhor é a ser fazer é voltar pra Austrália e tentar esquecer o que aconteceu, mas como esquecer esses lábios doces? Ah estou muito ferrado.

Secret_May96

               🄲🄷🅁🄸🅂🄼🄰🅈

Love in the darkWhere stories live. Discover now