Querida Ellie...

Você é minha luz na escuridão.

Você é minha luz na escuridão.

O relacionamento não acontece da noite para o dia, apesar do que elas sentem uma pela outra. Mesmo com toda aquela história de "namorada" na noite em que Aster se mudou para seu dormitório, Ellie ainda não tem certeza se Aster quis dizer isso mesmo, ou apenas tinha sido impulsiva quando percebeu a investida de Casey, o olhar da outra garota pairando sobre elas, com expectativa.

São mudanças sutis que Ellie percebe. Aquelas tão minúsculas que se você piscar, pode não perceber.

É a maneira como Aster a segura sempre que vão a qualquer lugar, de mãos dadas, mesmo quando não precisam estar. Elas caminham pelos parques no ar fresco de outono. Bebem chá e chocolate quente nos cafés da livraria. Elas vão à brechós e experimentam peças de roupas ridículas e riem quando se olham no espelho.

Elas fazem tudo juntas de mãos dadas, os dedos de Aster entrelaçados aos de Ellie ou vice-versa, dependendo do dia.

Um mês se passa desde o dia em que foram a praia, e depois outro mês se vai, enquanto elas tentam conciliar suas novas vidas na faculdade com a velha familiaridade entre as duas. Passam a semana ocupadas, estudando muito, mas ainda trocando mensagens e ligando todos os dias, várias vezes.

No entanto, os fins de semana são reservados para elas. Não é incomum que Ellie e Aster saiam no sábado de manhã e não voltem até a tarde de domingo. A únicas testemunhas dessas  excursões são os quilômetros percorridos no velocímetro do carro de Aster, ou às vezes as pequenas coisas que elas trazem para casa.

Em novembro, um teatro local começa a apresentar peças que são dirigidas, representadas e escritas pelos alunos da Universidade de Iowa e de Grinnell.

O que começa como uma desculpa para ver o trabalho que Aster pintou no cenário, se transforma em uma saída noturna semanal. Depois da faculdade na quarta-feira, Aster pega Ellie, elas saem para jantar (alternando entre quem pode escolher o restaurante) e assistem a uma das muitas peças encenadas.

Aster pintou quase todos os cenários das peças apresentadas. Ellie não consegue se conter e abre um largo sorriso toda vez que a platéia aplaude o elenco e a equipe da peça durante a chamada ao palco, embora Aster fique vermelha quando isso acontece.

Em meados de dezembro, provas e testes surgem aos montes, pois se aproxima dos feriados de fim de ano. A peça é encerrada e as duas têm que limitar o tempo que passam juntas para estudar. Falta apenas uma semana para o feriado de Natal quando um dos diretores das peças se aproxima de Aster e pergunta se ela quer ir a uma festa do elenco e da equipe na véspera do encerramento das aulas para comemorar o sucesso das produção a qual ajudou.

Com a hesitação de Aster (Ellie e ela planejaram sair logo depois da aula para voltar para Squahamish), ele de repente lança um sorriso malicioso e brincalhão. "Você pode trazer sua namorada se quiser?"

Ela promete a ele que as duas estarão lá, apenas porque meio que gosta da ideia de que toda equipe de produção e elenco sabem que Ellie é Sua.

--------

É a segunda festa que Ellie Chu vai desde aquela do ensino médio, e no início se sente tão desconfortável e deslocada quanto na primeira.

Mas então Aster pega a sua mão e a arrasta pela multidão de pessoas para um canto da sala onde Ellie vagamente reconhece alguns dos rostos. Ela se lembra de Jeremy, um ator entusiasta, quando a cumprimenta com um sorriso e a oferece uma bebida.

“É Pepsi.” Ele explica, com um sorriso e um floreio de mão. "Aster disse que você não é muito de beber."

Ellie agradece com um sorriso, sendo arrastada por Cody, o namorado de Jeremy, para uma conversa sobre a peça dele. Eles conversam um pouco sobre os méritos do uso da alegoria. Ellie fica feliz em saber que o rapaz está se formando em Inglês.