Só você me entende quando ninguém mais..

1.2K 132 36
                                    

Só você me entende quando ninguém mais

Com o “Eu te amo” e todas as questões internas sobre o relacionamento delas apaziguadas, uma onda de calmaria cai sobre Ellie Chu e Aster Flores. Elas entram no ritmo, tanto na vida quanto no amor. É natural. É tranquilo.

Elas ainda trocam mensagens todas as manhãs e todas as noites. Cada ligação entre elas e cada conversa termina com uma declaração. "Eu te amo." Ellie diz a Aster toda vez que parece certo, e Aster diz de volta. "Eu te amo."

Elas começam a sair na terça-feira para um café, e também na quarta-feira para o já habitual jantar e peça de teatro. A agenda das duas está alinhada o suficiente para que na sexta-feira possam se juntar a Christie, Jeremy, Cody e o resto da turma para ir a uma festinha na casa de um deles. É simples, mas é outra noite em que elas podem se ver.

Os dias se transformam em semanas, e as semanas em meses, e o mundo parece estar girando um pouco mais rápido do que o padrão de rotação normal em torno do sol.

O que costumava ser mais um dia monótono se transforma em muito mais quando Ellie descobre, não só mais sobre como é amar Aster Flores, mas também mais sobre si mesma nesse processo todo. Ela faz amigos, tem novas experiências, dar aulas para os colegas, em vez de apenas escrever trabalhos para eles.

Até que em um piscar de olhos já é o último dia de seu primeiro ano de faculdade. Ela sobreviveu ao primeiro ano e enfrenta agora uma difícil escolha: voltar a Squahamish no verão, ou ver se ela e Aster podem sobreviver no mundo real por alguns meses antes de voltar a rotina da faculdade. Elas escolhem a última opção.

-----------

Onde vocês querem que eu coloque as estantes de livros?” Paul Munsky pergunta enquanto arrasta uma enorme estante de livros de pinho pela escada da frente quase sozinho. O Sr Chu está tentando ajudar, mas os quatro sabem que praticamente é só Paul quem está carregando todos os móveis pesados.

“Duas na sala ao lado da televisão, uma no quarto e a última naquele quartinho no final do corredor, ao lado da escrivaninha.” Aster responde enquanto ela passa rápido por ele, indo até a caminhonete para pegar outra caixa.

“São quatro estantes?” Ele murmura sobre a prateleira que está segurando com o Sr Chu, que apenas acena com os olhos arregalados.

"Ellie." Paul chama enquanto sai do quarto e volta para a sala. “Pra quê vocês têm quatro estantes?”

“Ela disse que eram quatro? Está incorreto.” Ellie sorri para ele, apontando para os dois onde eles devem colocar a primeira estante de muitas. “Há cinco, mas uma é menor, tecnicamente apenas para colocar os materiais de arte.”

Ela começa a rir enquanto Paul gagueja, Sr Chu dando tapinhas nas costas em solidariedade. Os dois homens insistiram em ser os únicos a carregar os móveis pesados, algo que Ellie pode dizer que eles devem ter se arrependido.

Quando Aster traz uma caixa com o rótulo "Plath, Austen e Dickinson" para a sala, ela arquea uma sobrancelha com a risada de Ellie para Paul. "O que eu perdi?"

“Paul perguntou por que temos tantas prateleiras e estantes.”

É a vez de Aster rir, colocando a caixa em seu colchão vazio e virando para encará-lo com um olhar zombeteiro. "Sério Paul, sério?"

"Entendi! São vocês ...”  Fiel à sua natureza, ele sorri e ri junto com elas, observando que já as conhece há tempo suficiente para não ter que perguntar. "Pergunta idiota." Ele admite, antes de se esticar um pouco e se virar para Ellie. "Uma de vocês pode me ajudar com a próxima estante, eu amo o Sr Chu, mas essas prateleiras são pesadas e eu não quero estragar a coluna dele."

Aster acena com a cabeça, cutucando o braço dele. "Eu vou te ajudar, vamos lá." Então ela está quase correndo com Paul escada abaixo, deixando Ellie e seu pai sozinhos para conversar.

Como um pai bom e solidário ... Edwin Chu não comenta o fato de que há apenas uma cama no apartamento de dois quartos que as meninas alugaram. Ele também não menciona a arte questionável ( erótica) que Aster pintou em seu curso de gênero e sexualidade humana.

Em vez disso, ele lança em Ellie um sorriso e diz num sussurro suave. "Sua mãe a teria amado."

Ellie não é uma pessoa emocional, nem de longe, mas mesmo assim seus olhos começam a lacrimejar. "E você pai?" Ela questiona, olhando para ele atentamente como se ela fosse uma criança de novo, ansiosa para ter a aprovação de seu pai e saber que ele se importa.

“Depois de você e sua mãe, ela é minha terceira pessoa favorita no mundo.” Ele diz, depois faz uma pequena pausa e acrescenta. "Não diga ao Paul."

Ellie cai na gargalhada, seus braços em volta do seu pai enquanto ela o deixa abraçá-la por um minuto. É um grande momento para os dois. Um abraço antes de Ellie começar sua vida fora de casa. Edwin Chu está orgulhoso, mas também triste, embora não dê para perceber pelo sorriso estampado em seu rosto quando Paul e Aster voltam com a segunda Estante.

-----------

São dez da noite quando Aster Flores e Ellie Chu finalmente conseguem se sentar e ficar um momento a sós.

Paul e Sr Chu partiram por volta das oito de volta para Squahamish, os amigos da faculdade ficaram apenas cerca de uma hora para tomar uma bebida. Elas ofereceram a eles cerveja e pizza para agradecê-los, considerando que todos reservaram um tempo do fim de semana para ajudá-las a se mudar.

É quando elas percebem que a gatinha que adotaram, Ginny, está dormindo em uma caixa vazia na sala. A gata Virginia Woolf, uma sutil inspiração. Elas terminam de limpar as coisas e resolvem se aninhar na poltrona da sala de estar. .

Elas têm um sofá grande e até mesmo um outro adorável sofazinho de dois lugares ... mas como de costume, elas se espremem na poltrona que adoram. Não é exatamente a mesma de Squahamish (depois de oito meses de noites assistindo filmes com Sr Chu, Paul reclama que tem o direito de roubar a poltrona de Ellie), mas é parecida. Essa poltrona ainda tem a vantagem de ser grande o suficiente para caber confortavelmente Ellie e Aster, só que sentadas uma no colo da outra, é claro.

"Obrigada." Ellie sussura, o rosto pressionado no ombro de Aster. “Por resolver o lance dos livros com Christie e Paul. Eu sei que eles tinham boas intenções, mas ... ”

Aster se inclina, encaixa a cabeça na curva entre o queixo e pescoço de Ellie. "Amor, eu sei que você é bem exigente e tem ciúmes quando se trata de seus livros."

Ellie acena com a cabeça, seu rosto fica ligeiramente rosado enquanto lembra da expressão de surpresa no rosto de seu melhor amigo e da melhor amiga de Aster quando eles tentaram tocar em uma das caixas de livros e Ellie os parou imediatamente. “Eu sou exigente com meus livros.” Ela sorri. “Parece melhor do que louca, ou chata.”

"Você nunca poderia ser louca ou chata." Aster imita Ellie, um sorriso em seu rosto quando ela se vira e se levanta da poltrona, a mão estendida para puxar a de Ellie. "Vamos."

"Onde estamos indo?" Ellie já sabe.

"Para o nosso quarto." Aster sorri, os olhos brilham de felicidade e entusiasmo. "É nosso. Que nós vamos compartilhar. Juntas. Só nós duas ... bem, e a Ginny também. "

"Amor, a gata não conta."

Aster suspira de brincadeira. "Vamos fingir que você não disse isso." Ela brinca, parando para acariciar o gato adormecido antes de afastar algumas caixas para adentrar o quarto. “Agora vem cá. Finalmente temos nossa própria cama, e é grande o suficiente para que eu não precise mais dormir em cima de você."

Ellie arquea a sobrancelha.Aahh. Eu gostava dessa parte.”

Ellie se esquiva a tempo de se desviar de uma travesseirada em seu rosto, e começa correr, perseguindo Aster pelo quarto, as gargalhadas preenchendo o apartamento.

É assim que uma casa deve ser. Onde o amor reside, memórias são criadas, a qual os amigos pertencem, e risadas nunca acabam.

Querida Ellie...Where stories live. Discover now