Me espera

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Fazia algumas horas que Hermione havia despertado naquele domingo e enviado uma carta em resposta a Pansy. Desde então, o seu coração estava carregado de leveza. Sua mente, no entanto, estava bastante agitada. Uma série de pensamentos, lembranças e questionamentos permeavam sua consciência, enquanto ela perdia a noção do tempo percorrido desde o seu despertar naquela manhã.

Qual não foi sua surpresa ao constatar que a coruja já tão familiar para ela, bicava sua janela mais uma vez. Hermione levantou com uma expressão confusa, sorrindo levemente. Outra resposta imediata? Ela não estava acostumada com essa versão de Pansy Parkinson.

O coração agora já estava agitado em ansiedade para ler o conteúdo da carta. Como que automaticamente, a morena pegou o envelope e acariciou as plumas do animal. Foi apenas quando a coruja não fez menção de ir embora que ela se deu conta que havia acostumado a dar-lhe petiscos. Sorriu enquanto se dirigia à gaveta da cômoda em busca dos tais petiscos e, após ter retornado à janela e dado a gratificação ao animal, mordeu o lábio inferior — o coração ainda ansioso — e abriu o envelope.

— Guardanapos, Pansy? Isso é sério? — Ela riu, pensando alto, e retirou os dois guardanapos marcados pela caligrafia familiar e tão esperada por ela nos últimos dias.

Respirou fundo e começou a ler as palavras ali escritas. A princípio sorriu e, antes que pudesse ter qualquer outra reação, sentiu o rosto corar pelas palavras ali contidas. Ela levou a mão à face, envergonhada, e agradeceu pela mudança brusca de assunto quase imediata.

Aos poucos, no decorrer daquelas palavras que ela fez questão de ler e reler, Hermione sentiu um aperto no peito. Foi como se um choque de realidade a fizesse compreender de uma vez toda a situação, todos os sentimentos e o quanto isso implicaria na sua vida. Pansy deixava em evidência ali naquelas palavras — e também na despedida — um sentimento do qual Hermione vinha fugindo de pensar. Sim, ela já havia percebido que havia algo diferente acontecendo, mas ela preferia ignorar e pensar que era coisa de sua cabeça. Mas, agora, com aquelas palavras ali, tornando tudo tão real, como ela poderia continuar fugindo, negando, fingindo não perceber?

Novamente, as lágrimas viraram suas companheiras, mas desta vez elas estavam acompanhadas de um sentimento triste, um pesar. Ela pensou em responder Pansy, explicar que não estava preparada para assumir — e menos ainda viver — esse sentimento, mas ela não sabia fazer isso. Será que realmente não estava preparada? Ela sequer havia tentado.

Hermione se jogou na cama, ainda chorando, sem saber o que fazer. Ela era a própria personificação da confusão e da tristeza. Talvez se Pansy estivesse ali, ao lado dela, seria mais fácil lidar com toda essa bagunça.

Então ela chorou por um tempo que não foi capaz de contar, enquanto sua mente vagava por lembranças, questionamentos e incerteza. Quando o rosto já estava inchado e as lágrimas deram uma trégua, a morena levantou e pegou todas as cartas recebidas até então. Ao colocá-las dentro de um saco plástico e guardá-lo no fundo da última gaveta de sua cômoda, ela constatou que a dor que a acompanhava era uma das piores que já havia sentido em sua vida.

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A semana transcorreu de maneira opressora. Hermione decidiu se dedicar em dobro ao seu trabalho e aos estudos, inclusive se oferecendo para novas funções e aderindo a uma nova matéria, como forma de ignorar a tristeza e a dor que sentia, além de evitar brechas de tempo que a fizessem refletir e arrepender-se da decisão de esquecer tudo o que vinha acontecendo através daquelas cartas.

No sábado à tarde, porém, assim que chegou em casa exausta do turno extra que havia se oferecido para fazer, entrou no quarto e encontrou sobre seu travesseiro um envelope e um bilhete. No envelope seu nome estava escrito com a caligrafia familiar que ela lutava para esquecer. E o bilhete, bom… O bilhete dizia que Harry e Rony não passariam a noite em casa e avisava que o envelope para ela havia chegado pela manhã.

O coração titubeou no momento em que ela segurou o envelope, mas se havia uma característica que Hermione Jean Granger possuía, essa característica era a perseverança em seguir adiante com suas decisões — o que Harry costumava chamar de teimosa inútil. Então, sem nem ao menos abrir o envelope e saber o conteúdo que ele carregava, o guardou junto aos demais, no fundo da última gaveta de sua cômoda.

A exaustão era tão grande que Hermione não teve tempo de chorar. Apenas tomou um banho, comeu e enfiou a cara nos estudos, a fim de colocar os trabalhos em dia.

Com o passar dos dias, a garota ainda recebeu mais cartas de Pansy, mas continuava firme em sua decisão. Por mais que ela usasse toda a sua confusão como justificativa, tudo aquilo ainda doía.

Às vezes, Hermione preferia fugir de seus problemas ao invés de encará-los de frente. Então, todas as noites, ao fechar os olhos para dormir, ela desejava que tudo estivesse milagrosamente resolvido ao se levantar.

My best half - PansMione - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora